Lançada dia 6 de Abril, a terceira temporada de Dr. Stone começa imediatamente depois dos eventos do episódio especial Dr. Stone: Ryusui, que veio introduzir a premissa deste novo capitulo: uma viagem à volta do mundo!
Depois de derrotar o Império Tsukasa numa guerra (quase) sem sangue, Senku e Tsukasa reúnem-se sem animosidade, como velhos adversários e amigos. As feridas de Tsukasa são demasiado severas para Senku tratar sem tecnologia moderna, o que os leva a uma conclusão drástica: preservar o corpo de Tsukasa e utilizar as propriedades da petrificação para o salvar. A segunda temporada termina com uma promessa feita entre amigos, que deixa um objetivo claro para Senku e o seu Reino da Ciência: encontrar a origem do raio de petrificação e salvar Tsukasa. A única forma de tornar isto possível é viajar até ao outro lado mundo, numa nova era da exploração!
Foi no episódio especial Dr. Stone: Ryusui que o novo membro do Reino da Ciência, Ryusui Nanami, foi introduzido – um navegador/piloto extravagante e ganancioso (e, pessoalmente, uma das minhas personagens favoritas da manga). Quando este episódio saiu, eu – um fã da manga – estava apreensivo. Porque não introduzir esta personagem nova com o inicio da terceira temporada? Agora, depois deste episódio e de ver o início da terceira temporada, compreende que esse capítulo foi apenas um prelúdio.
Dr. Stone Ryusui permitiu introduzir uma personagem essencial para o futuro da série, e ainda mostrar os desafios inerentes à nova missão do Reino da Ciência, sem roubar tempo à narrativa. A introdução antecipada e cuidada de Ryusui permite-nos saltar de imediato para a ação de Dr. Stone, e aproveitar a viagem das personagens sem termos de conhecer toda uma personagem nova!
O Primeiro episódio da terceira temporada:
Começa, então, a terceira temporada! Com o primeiro episódio, vemos Senku e o seu Reino da Ciência a enfrentar o primeiro desafio, que um mundo primitivo teria, de uma viagem oceânica à volta do mundo: comida de fácil preservação! Enquanto procuram por petróleo (para produzir combustível para o seu navio), com o auxílio de um balão de ar quente introduzido no episódio especial, Ryusui é confrontado com a realidade que o povo primitivo da aldeia Ishigami – escassez de comida e fome. Este momento mostra uma outra faceta da ganância de Ryusui: ele quer tudo no mundo, mas não só para si. A sua ganância é, de certa forma, uma representação um coração nobre que quer um mundo melhor – e algumas regalias acrescidas para si.
Devo confessar que, depois de tanto tempo sem contactar com Dr. Stone – quer em anime, quer em manga – o primeiro episódio da terceira temporada deixou-me um pouco desapontado. Não há nada de novo, nada emocionante a que me pudesse agarrar – mas esse foi um grande erro meu. Regressei a Dr. Stone à procura de algo novo, quando devia estar à espera de algo familiar.
Este episódio deu-me tudo o que Dr. Stone tinha para dar: personagens extravagantes, mas estranhamente reais; uma visão romantizada do método cientifico, que não deixa de ser fiel à realidade; momentos emocionais e altamente humanos, elevados pela música!
A adaptação de Riichiro Inagaki e Boichi continua um conforto para mim. A terceira temporada começa como que se história nunca tivesse parado, mantendo o espirito da curiosidade humana vivo através de uma ficção credível, simples e fácil de acompanhar.
Como já referi antes, Dr. Stone tem uma história simples e fácil de acompanhar. Facilmente se tornou um série de conforto para mim, mas o que me levou a querer continuar a ver – e a ler a manga, quando comecei a acompanhar o anime – foi o espirito por detrás da história.
Dr. Stone é, sem sombra de dúvida, uma romantização da ciência, do método cientifico e da capacidade que o ser humano tem para criar. Ainda assim, Riichiro Inagaki e Boichi não caiem na armadilha aliciante que é largar o realismo e agarrar a ficção cientifica. Cada processo químico, cada composto, cada equipamento e técnica mostrados ao longo da série e manga são reais – talvez exagerados para efeito dramático, ou simplificados pelo bem da narrativa, mas reais e verídicos. Contudo, apesar de Dr. Stone dar uma lente romântica à ciência, não foge a como a ciência nem sempre foi usada da forma mais correta.
O principal conflito da primeira e segunda temporada teve o conflito de ideais entre Senku e Tsukasa em primeiro plano. Enquanto que Senku representava o progresso e a evolução através da ciência, Tsukasa representava as vítimas dos males causados pela ciência. Este conflito de ideias – a eterna pergunta de “Podemos? Vs. Devemos?” – não dá uma derradeira resposta, mas não foge da pergunta. Efetivamente, Dr. Stone mostra como a ciência não é naturalmente boa ou má, mas apenas o acumular do conhecimento e a sua aplicação cuidada. Pessoalmente, sinto que mostrar como a ciência é capaz de fazer algo de bom (como curar doenças) e algo de mal (como criar armas de destruição) demonstra que Dr. Stone tem uma maior compreensão do método cientifico e dos ramos da ciência que muitas outras propriedades que se baseiam em ficção cientifica.
Inicialmente, Dr. Stone foi-me recomendado exatamente por causa da representação cientifica que lhe é tão integral. Como químico e engenheiro formalmente treinado, retiro um pouco de conforto com esta representação que, grande maioria das vezes, costuma ser altamente irrealista. Dr. Stone faz-me retornar a quando era miúdo e me comecei a interessar por ciência. Recordo-me de ter curiosidade pela ciência, de querer experimentar coisas diferentes, apenas para encontrar algum tipo de desapontamento por a verdadeira ciência não ser aquilo que eu via na televisão. Dr. Stone, contudo, não me daria esse desapontamento.
Consigo ver as crianças e jovens de hoje a terem a sua primeira introdução à ciência com Dr. Stone, e sinto-me reconfortado sabendo que não vão ficar tão desapontados com a realidade da ciência como eu fiquei. Enquanto que tive reaprender a gostar da ciência, sei que a nova geração não terá esse problema, enquanto que propriedades como Dr. Stone continuem a suscitar curiosidade e a mostrar-lhes aquilo a ciência consegue alcançar – sem nunca fugir das perguntas difíceis que, muitas vezes, não são feitas.
Ultimamente, Dr. Stone conta uma história do potencial do ser humano, focando-se sempre no espírito da curiosidade. A humanidade que dá às suas personagens, por muito extravagantes que possam ser, permite-nos a todos olhar para a nossa espécie como um todo e pensar: que mais podemos alcançar? Tudo isto, sem deixar de ser algo fácil de compreender e acompanhar.
Vejam Dr. Stone. Prometo, com dez biliões por cento de certeza, que não se vão arrepender!
Redes Sociais