17ª Edição do Motelx
Publicado a 22 Set, 2023

O fim do Verão, traz-nos não só o primeiro cheirinho a Outono e Pumpkin Spice Latte, mas também o Festival que aterroriza os Lisboetas todos os anos: o MotelX.

Este ano, a 17ª edição deste festival icónico (e o meu preferido) que traz o melhor do cinema de terror nacional e internacional à capital, agregou ainda o Festival Guiões – Festival do Roteiro da Língua Portuguesa, que contribuiu para a criação do prémio MOTELX GUIÕES, para o melhor argumento de terror português, atribuído a “Trauma” de Tiago Matos.

Houve especial enfoque para estreias nacionais, das quais se destaca a sessão esgotada da “A Semente do Mal” de Gabriel Abrantes, uma sessão exclusiva de curtas nacionais fora de competição, 10 filmes na secção Quarto Perdido em colaboração com a FILMAR e ainda um cine-concerto de Surma para o “Os Olhos da Alma”, que celebra o seu 100º aniversario e foi escrito e produzido por uma das pioneiras do cinema português, Virginia de Castro e Almeida.

Não podemos deixar de referir a retrospetiva à cinematografia de Brandon Cronenberg, um realizador que tem vindo a ganhar o seu próprio espaço no cinema de terror contemporâneo

Destacamos ainda a celebração dos 50 anos de um dos maiores clássicos do cinema de terror, “O Exorcista” de William Friedkin, que nos deixou recentemente, e cujo documentário “Leap of Faith: William Friedkin on the Exorcist” já teria sido exibido na sessão de warm-up do festival, a 8 de setembro.

A edição de 2023 contou com 7 longas-metragens para o prémio Méliès d’argent, da melhor longa europeia, e a vencedora escolhida pelos membros do júri constituídos pelo ator Dinarte de Freitas, pelo realizador Gonçalo Almeida e pela diretora-geral do Festival Internacional de Cinema Fantástico Sitges, Mónica Garcia, foi “Superposition”, da dinamarquesa Karoline Lyngbye.

Dentro desta categoria, houve ainda lugar à atribuição de uma menção honrosa a Hood Witch de Said Belktibia (França).

Já o prémio Méliès d’argent para melhor curta europeia 2023, decidido por Ingmar Koch, Juan Castro Garcia e Rita Blanco, foi atribuído a “Gangrene”, do espanhol Ignacio Gil-Toresano Fernández, por considerarem que “consegue mostrar o medo, o pavor, o desassossego com muito pouco”.

Por sua vez, o júri constituído pelo músico e produtor Ingmar Koch, pelo diretor artístico do festival Galego Freaky Film Festival, Juan Castro Garcia, e pela atriz Rita Blanco, entregou o prémio monetário no valor de 5,000 €, pela melhor curta-metragem portuguesa 2023 a “De Império” de Alessandro Novelli.

Segundo comunicado do júri ““Escolhemos este filme por criar um mundo próprio paralelo à realidade de forma metafísica. Nada é óbvio, é sempre inesperado e nem sempre compreensível à primeira vista porque tem várias camadas”

Foi ainda entregue uma menção especial a “Paralisia”, de Inês Monteiro, pela “montagem e, em particular pela atriz, por levarem o filme com interesse até ao fim”.

Este ano, graças à parceria com o Youtube, foram ainda atribuídos prémios monetários à melhor micro CURTA MOTELX a Lola Ramos por “Down, de Lola Ramos e ao melhor trailer YouTube Shorts a “A Filha” de Amy Silva.

O prémio do público foi atribuído ao filme “Irati”, do espanhol Paul Urkijo Alijo.

O prémio Lobo Mau foi entregue a Nuno Beato pelo filme “Mi Vida en Tus Manos”.

Damos ainda especial destaque à Masterclass com Brandon Cronenberg que de forma despretensiosa, nos levou numa conversa descomplexada sobre os seus processos criativos por detrás dos seus filmes e curtas e curiosidades caricatas sobre os bastidores das filmagens.

Entre documentários, apresentações de livros, sessões longas e curtas para todos os gostos, palestras e ainda atividades a contar com os mais pequenos, o Motelx continua a cimentar a sua posição de topo como um dos melhores a nível nacional e certamente continuará a despertar sustos por quem por ele passar.

Foram seis dias de Festival, que passaram a correr e mal podemos esperar pela próxima edição, que será de 10 a 16 de setembro de 2024!

Escrito por:
Patrícia Guerreiro
Nascida no Baixo Alentejo e criada à base de literatura fantástica e Naruto. Atualmente emigrada em Sintra, navegando esta vida de classe operária, entre crises de ansiedade e a minha paixão por filmes de terror. Ainda choro o final de Killing Eve.