Cowboy Bebop – O mais perto de um anime sem ser anime
Publicado a 26 Nov, 2021

A série live-action do Cowboy Bebop chegou à Netflix! E aqui estamos. Agora vou falar (ou antes, escrever) sobre ela.

Cowboy Bebop é a adaptação do anime/manga com o mesmo nome cujos dez episódios seguem as aventuras de Spike Spiegel (John Cho) e companhia numa coboiada espacial… pelo espaço… numa nave espacial… chamada Bebop.

O que mais me chamou a atenção e deixou ansioso sobre série é, franca e curiosamente, o facto de nunca ter visto o original. Eu até queria, mas o “epá hoje não” sobrepunha-se a coisa ia adiando. Bem, isso terminou no dia em que a Netflix decidiu que estava na hora de recontar a história.

Adiante, Spike Spiegel é um caçador de recompensas com tanta habilidade quanto azar e com um espírito zen que esconde um passado sombrio. Ele e Jet Black (Mustafa Shakir), o seu parceiro e dono do Bebop, unem esforços para capturar criminosos, mas o negócio não vai bem, visto que trazê-los vivos à justiça é uma condição para recolher a recompensa e nem sempre é tão fácil quanto parece. Numa das suas aventuras, conhecem Faye Valentine (Daniella Pineda), outra caçadora de recompensas que acordou de um sono criogénico com amnésia.

Será que Spiegel consegue deixar o passado no passado? Será que Valentine consegue recuperar o seu? Será que Jet Black consegue comprar a boneca para a filha? Será que o grupo consegue continuar a sua vida semi-pacata, sem se envolverem com o infame grupo mafioso chamado Sindicato? Será que John Cho consegue não tombar com o peso daquela magnífica juba?

Não posso mentir, a escolha do ator para o protagonista deixou-me com sentimentos mistos. Por um lado, nada contra, parece ser um tipo fixe, mas por outro… Era o Harold (de Harold and Kumar) e quer queira quer não, é um ator bastante conhecido e isso poderia tirar da imersão da série. Não tira. John Cho pareceu-me espetacular. Se é uma boa adaptação ou não, não sei, mas vendeu-me bem a personagem.

Alex Hassell, por outro lado, interpreta o vilão Vicious e é impossível não admitir que consegue ser um pouco demais. Mas lá para o fim dos dez episódios, já estamos habituados. Afinal, toda a série tem um estilo meio animesco, digamos assim. Desde o genérico, que imita o estilo do original, aos ângulos de câmara e outras decisões criativas, os poucos momentos em que não estamos agarrados, estamos a pensar “yup, isto é um anime, mas com pessoas”. Tem o meu “like”. No fim de contas, os animes têm tendência para não serem facilmente adaptáveis a live-action (estou a olhar para ti, Dragon Ball) e diria que gostei mais de ver algo assim mais original do que mais uma série de ficção científica com ar genérico.

Falando em ficção científica, Cowboy Bebop não tem exatamente os efeitos especiais mais espetaculares, as props mais realistas ou os cenários mais detalhados. Compreendo até que me digam que acham as coreografias de artes marciais estranhas, mas não considero isso um ponto negativo, porque parece-me encaixar com o estilo da série. Não é suposto ser realista. Lembrem-se de manter em mente que esta série fica ali a meio termo entre o anime e o live-action e serão felizes. Bem, serão felizes com a série, a nível pessoal não consigo fazer previsões, mas visto que estão a ler o Café Mais Geek, confio na vossa capacidade de tomar decisões.

A história dá umas voltas e reviravoltas, à medida que puxa as personagens como uma teia a ser sugada por um aspirador (eu sei, sou um poeta). Poderíamos até dizer que parece um policial ou buddy cop. Enfim, o importante é que, no fim, todas as personagem tenham a sua aventura e, nesse aspeto, diria que sim, a viagem vale a pena. Além disso, desconfio que a história não ficará por aqui.

Para quem é esta série? Cowboy Bebop é o mais perto que já vi de um anime sem ser anime, por isso, eu cá diria que é para quem goste desse género de animação. Não têm que ter visto Cowboy Bebop, se bem que desconfio que haja referências para quem o tenha feito, mas quem não tenha anime em mente pode estranhar um pouco.

Escrito por:
Pedro Cruz
"Spawned" em Aveiro no fim do início da década de 90, apreciador de amostras de imaginação e criatividade, artesão de coisas, mestre da fina e ancestral arte da procrastinação e... por hoje já chega. Acabo isto amanhã...