Nos últimos anos, temos assistido a um número crescente de lançamentos na indústria nacional de videojogos, impulsionados, em grande parte, pelo aumento de cursos superiores dedicados a esta área. Destes cursos surgem vários projetos, alguns com ambições mais ousadas, outros mais modestos, mas todos com uma particularidade em comum: refletem a criatividade e o talento emergente em Portugal. Quer sejam projetos desenvolvidos com o objetivo de criar um futuro promissor, quer sejam obras criadas no âmbito escolar, temos visto o surgimento de títulos inovadores e verdadeiramente interessantes que merecem atenção.
Nata é um desses projetos promissores. Trata-se de um título que nos transporta para um universo peculiar, onde os animais assumem o papel principal. A protagonista, Mara, é uma ave que se vê perante um desafio urgente: abrir uma loja de pastéis de nata em Macau. Assim começa a nossa jornada, que nos leva a explorar dois cenários principais – o Largo do Senado e o porto de Macau. Em ambos, o jogador depara-se com várias tarefas, ou quests, que são essenciais para conhecer melhor os habitantes e adquirir os conhecimentos necessários para o grande objetivo de Mara: abrir a tão desejada loja.
As tarefas estão divididas em principais e secundárias, proporcionando uma variedade de mecânicas ao jogador. Na sua essência, estas quests envolvem a procura de objetos espalhados pelos cenários, a compra de itens em lojas e a produção de determinados produtos, uma vez obtidos os planos de construção necessários. Estas atividades convidam o jogador a explorar minuciosamente cada recanto, revelando segredos e proporcionando uma experiência imersiva. Para além disso, os diferentes personagens que encontramos ao longo do caminho oferecem diálogos envolventes, que ajudam a compreender melhor as suas personalidades e as dinâmicas entre eles.
Visualmente, Nata é um deleite. O jogo apresenta um estilo acolhedor e vibrante, com personagens e cenários cativantes, cheios de detalhes. A banda sonora, composta por Johnny Retro, eleva a experiência, capturando a essência da cultura macaense, criando uma atmosfera envolvente que nos transporta para aquele mundo. Desde a interface até aos elementos presentes nos cenários, tudo em Nata respira tradição. O estilo visual do jogo remete-nos para obras como The Legend of Zelda: Wind Waker, com uma estética cartoonesca que dá vida a ambientes harmoniosos, bem equilibrados e cuidadosamente dimensionados para o que o jogo pretende apresentar.
Por fim, é importante destacar o imenso potencial de crescimento que Nata apresenta. Apesar de ser, por agora, um projeto académico, é evidente o caminho que este jogo pode seguir para se tornar numa obra mais completa e ambiciosa. Com a expansão dos cenários e o desenvolvimento das quests, há muito espaço para o jogo crescer e se transformar numa aventura ainda mais rica. Deixo aqui um desafio à Twinkle Frog Studios: que continuem a investir neste projeto e o transformem numa obra marcante tanto para a cultura portuguesa como para a macaense. O potencial para que “Nata” se torne numa peça importante da história dos videojogos nacionais é inegável.
Podem experimentar Nata e descobrir tudo o que tem para oferecer através dos links disponíveis no itch.io.
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