Para mim, Pokémon Brilliant Diamond/Shining Pearl não é apenas mais um jogo Pokémon, mas sim a continuação de uma aventura que deixei pendurada há 15 anos e não posso mentir (porque não me deixam), fiquei bastante entusiasmado em poder continuar.
Pois é, apesar de ser um ávido consumidor dos jogos de Pokémon para o Game Boy, a minha jornada terminou quando o franchise transitou para a Nintendo DS. Agora, com uma Switch na mão e um remake acabadinho de sair do forno, tive oportunidade de voltar ao mundo dos monstros de bolso e sentir a nostalgia a correr-me pelas veias enquanto explorava os cantinhos de Sinnoh, a “nova” região.
Portanto, como não joguei os originais, não os vou comparar os estes remakes. Vou sim, falar deles, como os vi: algo novo.
Para quem não conhece, Pokémon Brilliant Diamond (ou a sua versão alternativa, Shining Pearl) é um RPG onde, tal como na manga/anime, seguimos um jovem treinador que captura Pokémons para completar o Pokédex (uma espécie de enciclopédia) e para usá-los em batalhas para livrar o mundo do mal e declarar-se o maior da sua aldeia. A receita não mudou muito desde Pokémon Blue/Red, lançados em 1900 e troca o passo.
No entanto, uma coisa mudou e não posso deixar de notar, até porque foi também um ponto negativo que apontei no Let’s Go Pikachu/Let’s Go Eevee: o jogo ficou demasiado fácil. E antes que digam “ah e tal, mas tu agora tens dentes do ciso e até chegas à lata das bolachas… claro que este jogo feito para crianças te vai parecer fácil”. Não, não. Já estou a contar com isso. O jogo ficou mesmo muito, mas muito mais fácil. Os objetivos que encontramos pelo caminho são tão simples como “dá uns passos para o lado” (estou a exagerar um pouco, mas é quase isso) e em caso de dúvida, o menu principal tem um lembrete que nos diz onde ir e o que fazer. Pensamento, opcional.
Além disso, se houve uma altura em que vencer os líderes de ginásio para conquistar os crachás da liga era produto de estratégia e persistência, agora é algo que se faz sem qualquer esforço, quase de olhos vendados, em parte graças ao facto de, durante as batalhas, o jogo dizer quais os ataques mais eficazes.
Mais, o “poder da amizade”, como lhe chamo, tem tanto efeito durante as batalhas que quase senti que estava a fazer batota. Desde impedir os nossos Pokémons de desmaiar, ajudar a evitar ataques e outras vantagens, é preciso ser-se muito nabo para perder neste jogo (algo que, adminitndo, fiz… mas apenas por motivos académicos! Voltaremos a este assunto…). Tendo em conta que já estamos no século XXI e a comunidade de jogadores de Pokémon anda a inventar regras para tornar os jogos mais desafiantes e divertidos, gostava que as opções do jogo me dessem a possibilidade de desligar alguns desses elementos e tornar o jogo mais difícil.
Por estas razões, diria que o jogo é prego a fundo, sempre em frente. Não há qualquer obstáculo significativo no vosso caminho, o que acaba por tornar a história principal um pouco aborrecida. O botão “A” da minha Switch nunca viu tanta ação.
Voltando às opções, senti falta de mais oferta nesse sentido. Quero dizer, opções básicas como desligar vibrações são algo que acho absolutamente esperado de um jogo deste calibre (e preço), mesmo que seja um remake. Juntando a isso alguns bugs, glitches, os controlos irritantes que teimam em deixar a personagem presa e alguns detalhes como o Pokétch não poder ser fechado com o botão “B”, é difícil dizer que este jogo tem algum tipo de polimento. Ou melhor, falta voltar ao forno 10 minutos só para gratinar. (Não ponham o jogo no forno… Foram avisados. Fica um cheiro terrível)
Mas nem tudo é como manteiga no Verão. Tenho que admitir que o jogo me deixou num torpor tal que, quando cheguei à Liga Pokémon, fui apanhado desprevenido e sofri uma derrota humilhante. Portanto, mesmo no fim, o jogo lá conseguiu dar-me uma réstia de esperança pelas novas gerações.
Além disso, o Brilliant Diamond tem valor além da campanha principal: o Grand Underground, uma espécie de mini-jogo associado a captura de Pokémons nuns túneis e grutas que existem por baixo da região, e a Battle Tower, onde os jogadores encontram batalhas desafiantes mesmo após terminarem as suas jornadas.
Fiquei bastante contente ao ver que o Pokédex pode ser completado. Bem, fazendo alguns compromissos. Essencialmente, o jogo considera o Pokédex completo se os jogadores tiverem visto todos os 150 Pokémons da região, sem necessidade de os apanhar todos. Adicionalmente, o jogo está desenhado de tal forma que quando chegamos aos créditos, temos a tarefa quase completa sem grande esforço.
Dito isso, continuo sem compreender a necessidade de publicar dois jogos aparentemente iguais. Simplesmente não é justificável do ponto de vista dos jogadores, muito menos num mundo com acesso a Nintendo Online e, um dia, a Pokémon Home, que eliminam a necessidade de interação social. Má Nintendo, xô, larga-me a carteira…
Já agora, para quem quer trazer os seus Pokémons de versões anteriores, fiquem avisados que o jogo ainda não suporta Pokémon Home. Isso só estará disponível em 2022, se tudo correr bem.
Visualmente é bastante atraente. Tem um estilo 2,5D que nos leva de volta aos antigos jogos, mas não deixa de ser moderno. Como Mestre Pokémon desde os anos 90, não senti falta de modos competitivos, nem de interação social, mas não senti que este fosse o tipo de jogo que encontraria em competições em grandes eventos.
Por fim, apesar de achar demasiado fácil, achei que tinha bastante para explorar e experimentar e razões para continuar a jogar durante um bocado. Diverti-me bastante e acho uma boa continuação para o Emerald, que continua no topo da minha colecção. Para quem é o jogo? Para fãs do franchise, miúdos ou graúdos. Talvez não para quem procure um desafio, mas certamente para quem procure uma pequena aventura.
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