Avatar: O Caminho da Água – 13 anos de espera
Publicado a 15 Fev, 2023

O regresso de Avatar era por muitos aguardado e mesmo com uma saga que parecia moribunda aos olhos de muitos, rapidamente percebemos que o trabalho de James Cameron continua a ser sinónimo de milhões ganhos. Avatar: O Caminho da Água é um mega sucesso de cinema e tudo se encaminha para conseguir chegar perto do primeiro, em termos comerciais. Foram 13 anos de espera para esta sequela que ninguém tinha muito certeza se seria mesmo necessária. Contudo em 2022, regressamos a Pandora, para perceber o que mudou em todo este tempo.

Quando Avatar chega aos cinemas em 2009, foram muitos a colocar em questão a sua narrativa e a intensidade dela, tendo em conta tudo o que o filme nos transmite tecnicamente. A verdade é que o filme apresentou-se como uma evolução técnica gigante em várias vertentes do cinema, mas principalmente impulsionou uma técnica 3D que estava a começar a ganhar força no cinema. O lançamento de Avatar colocou uma euforia mundial para a compra e adaptação da nova tecnologia 3D, permitindo a visualização do filme como o realizador intencionava.

Se o primeiro Avatar decidiu revolucionar uma série de tecnologias cinematográficas, desde o 3D até à captação de expressões faciais, então só se podia esperar que o segundo capítulo nos levasse por uma jornada idêntica.

Uma explosão de efeitos

Se há algo que tem estado na vozes dos críticos por esse mundo fora é a forma como os efeitos especiais têm sido tratados pela Disney e os seus estúdios. Os conteúdos da Marvel Studios, tendo em conta o número de lançamentos anual, é quem tem vindo a ser mais afetado, mas a experiência tem sido abaixo do expectável. No entanto, parece que esse não é um problema geral e que pelo menos do lado da 20th Century Studios tem nos sido apresentados projetos de grande qualidade. 

Avatar: O Caminho da Água é um autentico espetáculo visual e é impossível não deslumbrar qualquer espectador. É um filme que merece a melhor experiência cinematográfica e por isso tenho já de referir que devem dar preferência ao sistema IMAX para assistir à sequela. É garantido que numa TV ou num cinema dito normal, será fácil de perder rapidamente o sentido do filme. O filme está feito para ser visto na maior e melhor tela possível e igualmente voltou a colocar o 3D num novo patamar tecnológico.

Os efeitos especiais deste filme são tão bem trabalhados e apurados que conseguem ser estranhos aos nossos olhos quando começamos a assistir. Quase como se o cérebro estivesse em conflito por saber que o conteúdo é falso, mas quer acreditar que é totalmente verdadeiro. Tal como no primeiro filme, passei a maioria do tempo deslumbrado com o meu olhar perdido no ecrã. É fácil perder a noção do que está a acontecer quando se tem tanto detalhe para apreciar ao longo das mais de 3 horas de filme.

Uma história simples

Com tanta beleza visual a distrair-nos fica mais fácil aceitar a narrativa simples e habitual que nos é apresentada. Um pouco como no primeiro filme, este é mais uma experiência cinematográfica para nos dar conhecimento sobre aquele mundo, os seus seres e tudo o que os envolve. Cameron teve mais interesse em mostrar a fauna e flora deste novo mundo do que propriamente em nos apresentar uma história complexa e interessante. Não muito diferente do que vimos na primeira aventura de Jake Sully, aqui temos algumas ideias recicladas, momentos semelhantes e uma série de personagens que estão de regresso.

As personagens mais novas são aqui a grande novidade e que colocam uma perspetiva um pouco diferente à história, com uma série de temas e decisões típicas de crianças ou jovens. Os restantes personagens levam-nos por uma estrutura, interações e desafios muito semelhantes ao que assistimos na primeira história. No próprio filme, a narrativa parece alienar-se durante o segundo ato, dando demasiada importância a outras questões. Isto pode facilmente colocar o espectador numa posição de distração para com o filme. Como tinha referido antes, é fácil perder o olhar pelos detalhes e pelo mundo ali construído e a história não ajuda em nada nessa questão.

James Cameron não está aqui para contar uma história deslumbrante entre personagens e foca o seu esforço na passagem de mensagens ambientais e na típica relação familiar, colocando uma série de questões de seres diferentes que não são aceites pelos nativos. Há muito que o realizador explora formas de deixar o seu legado, não só em evolução tecnológica, como no mundo cinematográfico e também no nosso planeta. Aqui temos mais um exemplo perfeito desta ideia de Cameron e por esse motivo, a coesão narrativa destes personagens foi mesmo o que sofreu mais.

O Caminho da Água é obrigatório?

A questão que ficamos é se esta sequela é mais um filme obrigatório ou se é totalmente esquecível. A meu ver, esta questão tem duas respostas possíveis. De um lado, temos um filme com uma aventura facilmente esquecível, que tal como o primeiro será rapidamente substituído na memória dos espectadores por um conjunto de outras obras. Por outro lado, temos um espetáculo visual tão grande que será difícil esquecer. Tal como referi no início, há muitas pessoas por esse mundo fora que julgavam que Avatar tinha sido esquecido pela comunidade cinéfila, mas com os resultados da sequela em 14 dias, rapidamente se percebeu que Avatar é ainda um nome muito importante.

É de longe o universo com o maior fandom do mundo, mas provavelmente devido à ideia deixada no primeiro filme de que Cameron de alguma forma iria conseguir revolucionar o cinema está a levar novamente o público às salas de cinema para regressar a Pandora. A verdade é que o filme é tão incrivelmente belo que se torna de certa forma obrigatória a sua visualização numa sala de cinema. Também por esse motivo, julgo que o público tem noção de poder perder muita dessa espetacularidade ao ver o filme mais tarde em casa. 

Sem qualquer dúvida que a espera de 13 anos era necessária para termos acesso a este filme e fica a esperança que toda a tecnologia aqui criada seja mais utilizada em muitas das produções, principalmente da Disney, pois bem precisam. O novo 3D é também o melhor que já assisti. Há alguns anos que o 3D não tem sido norma nas idas ao cinema aqui deste lado, no entanto tive oportunidade de ir assistir ao Doctor Strange ainda este ano também em IMAX 3D e é notório que existe uma diferença gigante entre aquele apresentado em maio e agora neste novo filme.

Se estão à procura de motivos para ir ao cinema, então esta é a oportunidade perfeita e não se deixem enganar. O filme não é perfeito. O filme é longo e arrasta-se no segundo ato. Tem uma história simples e já muito conhecida. No entanto, por aqui não dei pelo tempo passar e o aspeto visual apresentado foi suficiente para me manter em sintonia com todo o filme. Por isso, aproveitem e se tiverem oportunidade, coloquem o IMAX em primeiro.

Escrito por:
Eduardo Rodrigues
Considero-me um geek da cabeça aos pés. Adoro uma boa leitura, apreciar a arte da BD e da Manga, ver de uma assentada aquela série ou anime incrível, ir ao cinema e devorar um filme e deliciar-me com uma aventura interativa nos videojogos e nos jogos de tabuleiro. Sou um adepto da mágica Briosa e um assistente fervoroso no estádio.