O regresso de M. Night Shyamalan com este Knock at the Cabin é quase tudo o que podia esperar. Antes de me aventurar neste filme, a única ideia que tinha é que provavelmente me deixaria confuso. Tal como vários filmes deste realizador, é fácil a trama se destacar pelas suas reviravoltas constantes. Ao longo dos anos, o realizador já nos presenteou com grandes trabalhos e com outros de qualidade duvidosa, mas não há dúvida que se tem vindo a formatar como o realizador que consegue dar voltas inesperadas à história e criar momentos de tensão únicos. Difere-se de muitos outros pelas suas particularidades e métodos de colocar a câmara. Como espectador, sinto uma estranheza tão grande como a própria narrativa e isso é um extra para uma maior ligação com o espectador.
Knock at the Cabin é baseado num livro com o nome Cabin at the End of the World, lançado em 2018 e que conta exatamente a história que aqui ficámos a conhecer. A verdade é que em termos de adaptação da história está muito perto de ser página por página. Não sendo uma cópia direta do livro é uma passagem muito boa da narrativa para o grande ecrã. As personagens encaixam muito bem nas suas descrições e o ambiente é igualmente semelhante. A ideia que o realizador transmite neste filme é a mesma ideia que o autor tenta transmitir no seu livro. Podemos, por isso dizer que em questões de adaptação, este filme faz o seu trabalho. Apesar de não estar dentro das melhores obras do realizador, este filme apresenta tudo aquilo que tem sido habitual nos seus trabalhos, para o melhor e para o pior.
Pessoalmente, esta foi uma agradável surpresa. Inquietante e com personagens estranhas. Com uma história que tem tanto de real como de irreal. É um filme estranho no seu todo. Com uma realização que é tão inquietante como o resto do filme. Planos que quebram as regras tradicionais e causam estranheza na sua visualização. Isto é algo que gosto particularmente de assistir. É estranhamente bom e só o posso esperar de um punhado destes grandes nomes da realização. A construção do filme está intrinsecamente ligada a estas ideias e mantém uma linha muito única com um desenvolvimento progressivo e suave, que consegue ser tão desesperante para alguns como um filme de terror. É o mistério de não sabermos o que está à frente, mesmo tendo a certeza que não é nada de bom. É a surpresa de perceber que a loucura é afinal a realidade.
Knock at the Cabin é mais um título perfeito para o catálogo de M. Night Shyamalan, com os seus ideais representados em todos os aspetos que representam este filme. Não é o melhor filme do realizador e o último ato tem tanto de interessante como de fraquinho. Parece estranho, mas sinto realmente esta divisão de opinião relativamente ao final. Julgo que a ideia está lá, mas que a execução não foi totalmente bem conseguida, já que a exposição de certas ideias podia ter sido explorada de formas bem diferentes. De qualquer forma, fiquei satisfeito. É um filme bom, mas não passa disso. Não é um título obrigatório para ir ver as salas de cinema, mas quem sabe dar uma oportunidade quando chegar aos canais de TV ou a algum serviço de streaming. Por cá vou ficar a aguardar pelo próximo filme, até porque o realizador já disse que não voltará a trabalhar em sequelas.
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