Corsage é um filme sobre Elisabeth von Bayern, imperatriz da Áustria, desde 1877, o ano em que celebrou o 40º aniversário. Apesar deste ser acerca de uma figura histórica, o filme apresenta uma narrativa fictícia com uma visão moderna sobre os conflitos e obstáculos na vida desta mulher, sendo, deste modo, semelhante a Spencer de Pablo Larraín.
Quando visualizei esta obra cinematográfica, não tinha qualquer conhecimento prévio desta personagem nem de História da Áustria, no entanto tal não foi impedimento para um bom acompanhamento da narrativa. Em todos os momentos foi possível entender as situações sem sentir falta de informação, contudo não há dúvida que uma base inicial seria algo que traria um maior desfrute da longa-metragem.
Dando uma pequena contextualização histórica, Elisabeth von Bayern, também conhecida por Sissi, foi uma imperatriz que nasceu a 24 de Dezembro de 1837 em Munique. Aos 16 anos, após uma educação fora do comum, casou-se com o imperador Franz Joseph I de 23 anos. Conhecida por ser uma das mulheres europeias mais bonita do século XIX, era também descrita como uma pessoa com um espírito inquieto, presa no seu papel mas não se conformando na totalidade com as regras impostas pela sociedade. Esta era vista frequentemente a fumar (o que, tratando-se de uma senhora, não era próprio na época), tinha uma paixão pelo mar, era considerada a melhor cavaleira da sua época e aos 51 anos fez uma tatuagem de uma âncora. Como tal, no filme, Elisabeth, interpretada pela incrível Vicky Krieps, também apresenta tais características, sendo a sua natureza um dos aspetos mais importantes e relevantes.
Como referido anteriormente, o filme não aborda a juventude da imperatriz, mas sim quando esta alcança a meia idade, quando a vida da corte já não apresenta novidade e os seus anos começam a pesar e a se observar. Isto, por sua vez, dá outra dimensão aos temas abordados pelo filme, como o papel da mulher e como esta é vista por todos ao seu redor. Esta está constantemente a ser avaliada pela sociedade, sendo que lhe são colocadas expectativas impossíveis de alcançar.
A relação que tem com os filhos e as diferenças de personalidade também é um dos pontos focais do enredo, sendo que a suas complexidades se encontram muito bem apresentadas.
Apesar de ter como centro uma personagem principal complexa e dinâmica, sendo um filme em que o propósito não é criar inquietação no espectador, o passo do filme é demorado. Talvez tenha sido esta característica, ou o filme tenha um toque conceptual que não me apercebi, talvez devesse ter ido com conhecimento prévio sobre a imperatriz, mas infelizmente não consegui criar qualquer ligação emocional. No fundo, não me marcou de nenhuma forma, tendo saído do cinema como entrei: neutra.
Ao longo do filme existiu um equilíbrio das virtudes e falhas. Embora ter sentido uma ligeira indiferença ao longo do filme, não pude deixar de notar que a utilização da banda sonora em junção com a cinematografia criava, muito ocasionalmente, uma atmosfera envolvente e palpável. Em adição, houve alguns diálogos e one-liners interessantes, contudo estes também rapidamente ficavam esquecidos no meio do resto do filme.
Embora o filme não tenha defeitos que se sobressaem, também não tem qualidades que se destacassem, o que transformou o visionamento deste em algo pouco memorável. Tenho a admitir que se não estivesse a assistir no cinema, provavelmente não o teria terminado.
Esta análise foi possível com o apoio da PRIS!
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