Depois do filme Free Guy lançado no ano passado, com Sawn Levy aos comandos e Ryan Reynolds no papel principal, ter alcançado um sucesso relativamente considerável, a dupla volta a juntar-se nesta aventura de ficção cientifica, com produção da Netflix. O Projeto Adam apresenta uma similaridade interessante com filme anterior, com um conceito que faz lembrar alguns dos blockbusters dos anos 80. Se Free Guy foi uma agradável surpresa para mim, então este novo filme consegue novamente levar-me por uma bela experiência em casa. Além disso, referir que este filme parece ganhar por estar apenas em streaming e não saltar para o grande ecrã.
O Projeto Adam apresenta Ryan Reynolds no papel de Adam Reed, um piloto de 2050, que volta atrás no tempo para salvar Laura, interpretada por Zoe Saldana. No meio, encontra o seu eu mais novo (Walker Scobell), que viva a angústia de ter perdido o pai, interpretado por Mark Ruffalo, não deixando a vida facilitada à sua mãe, interpretada por Jennifer Garner. Para esta aventura, não podia faltar a vilã, que é Kathleen Turner.
O filme não se perde em caminhos complexos das viagens do tempo e muito menos tenta explorar mecânicas habituais desta fração da ficção cientifica. Não olho para esta aventura como a próxima grande inovação do género, mas como uma leve e divertida exploração das viagens do tempo. Notoriamente, focado na interação entre personagens e deixando tudo o resto como plano de fundo. Não é o filme que perca muito tempo a conectar personagens, não complicando aquilo que pode ser tão simples como aparecer e interagir. E isso não é mau… bem pelo contrário.
A fórmula utilizada aqui é bem semelhante à utilizada em Free Guy e se gostaram, então vão ter aqui uma bela experiência. Existem certos géneros que são complicados de explicar ao público e a forma como o enredo está construído pode ajudar ou complicar muito a vida aos filmes que tentam. Sou apologista que nem todos os filmes que envolvem viagens do tempo têm de ser altamente complexos ou que tenham de explicar todas as nuances e possibilidades que isso pode acarretar.
Alguns dos clássicos filmes da Amblin, que adoro, transportam muito o sentimento que este filme tenta aqui oferecer ao publico. Uma aventura familiar, onde não é preciso pensar muito e onde as interações entre personagens são o principal para o desenrolar da aventura. O interessante é que isto podia ter corrido muito mal, mas a química entre os personagens é boa.
Numa das notas mais positivas deste filme, encontramos um conjunto de personagens que trabalharam muito bem nas cenas onde interagiram. Gostei de todas e nenhuma em particular achei forçada ou fora do ambiente. A conexão entre o Adam mais velho e o mais novo funciona muito bem e entregam bem os momentos cómicos e os momentos mais sérios. Esta montanha russa de emoções que vai acontecendo entre os personagens funcionou bem, devido ao contraste que ambos apresentam.
Ryan Reynolds consegue aqui uma ligação muito interessante entre o seu personagens e os vários que tem de interagir ao longo do filme. Quer com Mark Ruffalo, com Jennifer Garner, Zoe Saldana ou até mesmo com Kathleen Turner, tudo parece conectar-se de forma positiva. A força do guião também é percetível para este caminho percorrido ser o mais suave e interessante possível.
Este é provavelmente uma das prestações mais interessantes do ator nos últimos anos, estando nitidamente mais desconectado da sua fórmula habitual. Mais uma vez, o guião entra em auxílio desta questão, oferecendo momentos onde o Reynolds real entra nas conversas ficcionais. Atenção que não estou a falar do quebrar da quarta parede, que isso nem existe aqui, mas sim de uma inteligente forma de diálogo que brinca com alguns dos detalhes mais reais do ator.
O Projeto Adam não é um filme pretensioso e que tenta explorar formas infinitas de se tornar algo mais. É uma aventura familiar com princípio, meio e fim e não se abre a novas aventuras. Explora de forma muito positiva os seus personagens e oferece uma experiência muito familiar e muito aconchegante. No início, referi que este é um filme que funciona muito bem no pequeno ecrã e ao escrever sobre ele tenho cada vez mais certeza que no cinema iria transformar-se num flop de bilheteira.
Este é mesmo aquele filme de manta no colo durante um fim de semana frio ou de chuva e que nos vai aquecer a alma e o coração. A relação entre mãe/pai e filho, as atrocidades da vida, a tentativa de um futuro melhor e a ideia que se mudar algo tudo ficará melhor, são explorados ao longo de todo o filme e oferecem muito a toda esta trama.
Definitivamente não irá inventar a roda no que toca a filmes de ficção cientifica e de viagens no tempo, mas oferece alguns detalhes visuais que vão ser agradáveis de se ver. E o mais importante disto tudo, é que não falha muito no que toca aos efeitos especiais. Julgo que houve apenas uma cena onde nitidamente se percebia que os personagens eram gerados digitalmente, mas o plano muda rápido e estrategicamente para um ângulo onde isso passou despercebido.
É um filme sólido nos seus efeitos e onde as armas, o guarda-roupa e até as naves que fazem parte da estrutura do filme tiveram o devido cuidado para que tudo fizesse mais sentido. São alguns desses detalhes, que no final das contas, me fez apreciar um pouco mais este filme.
Esta análise foi possível com o apoio da Netflix!
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