Uma aventura Victoriana por entre as nuvens. Uma mulher e um homem numa cesta de verga atada a uma bola de trapos e algum fogo, metafórico e denotativo, trazem para o ecrã a história verídica de James Glaisher, o famoso meteorologista. É neste momento que o filme começa a pecar, logo no início: Porquê pegar na história verídica de alguém e introduzir (ou melhor inverter o género) de outra personagem e, mais do que isso, porquê torná-la mais interessante e cativante do que a personagem “principal”.
Uma história simples, que segue a estrutura de qualquer bom filme de ação, e que a nível de efeitos especiais e cinematografia é visualmente impressionante, acaba por desperdiçar Eddie Redmayne (James Glaisher) num papel que é totalmente obliterado pela prestação assustadora de Felicity Jones (Amelia Wren) Na vida real, Amelia Wren seria Henry Coxwell, porém no filme decidiram mudar a história talvez com o intuito acredito de fazer melhor cinema, afinal a sua backstory é impressionante e dá origem a momentos de drama sem os quais o filme ficaria aborrecido. A adição de Felicity Jones pode ser, então, controversa, mas é sem dúvida um investimento. Numa performance que por vezes faz lembrar a de Leonardo DiCaprio em The Revenant, não me admiraria que fosse nomeada para melhor atriz, porém sabemos que os Óscar se fazem por campanha, por um todo do filme e, infelizmente, nem Felicity Jones nem Eddie Redmayne conseguem lançar este filme para a estratosfera, ficando apenas a pairar a uns metros do chão.
A nível de argumento, o filme é inspirador, o que seria de esperar de um filme que nos leva por entre as nuvens, a dançar com borboletas e quase a tocar as estrelas com as pontas dos dedos. A cinematografia de George Steel, como já referido, é entusiasmante e maravilhosa. James é o típico cromo de coração de ouro e Amelia é a rebelde, espevitada com um passado por desvendar e, assim, são um bom contraste de personagens pelos quais nos simpatizamos facilmente, afinal os seus motivos são puros: um amor pelo mundo, pela sua beleza e ciência, e como podem pegar em tudo isso e contribuir para o futuro. Quem nunca sonhou deixar o mundo um sítio melhor? E quem não o gostaria de fazer num balão de ar quente?
Em jeito de conclusão, um filme que nos transporta para outra época, para a corrida entre a Inglaterra e a França a ver quem conseguiria chegar mais perto do céu, tem algo de metaforicamente belo. No entanto, laca pela falta de uma narrativa mais forte, que não se sustente tanto numa única personagem, deixando-nos a querer mais das outras, um mais que nunca vem. Sem dúvida um filme para ver com a família, principalmente com aquela mãe que tem tendência a adormecer no outro tipo de filmes, se não for pela performance de Felicity Jones, que seja para saber se o cão sobrevive quando o atiram do balão!
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