Todos podemos concordar que Steven Spielberg tem um currículo invejável em Hollywood, certo? Com dezenas de anos na indústria, o realizador nem sempre conseguiu alcançar os críticos ou mesmo o público, mas sem dúvida realizou e assinou algumas das maiores sagas do cinema dos anos 80/90. Hoje leva-nos numa nova viagem pelo mundo cinematográfico, numa obra que se apresenta como uma homenagem à família e ao cinema.
O realizador colocou todas as suas formas de trabalho em prática para desenvolver este projeto ao cinema e isso é bem notório na forma como tudo é transcrito para o ecrã. Quando me deparo a escrever uns rabiscos sobre este filme, não consigo nem quero explorar a vertente mais crítica. Quando me sentei na sala de cinema, não tinha grande ideia do que ia ver, mas rapidamente entrei completamente no ambiente, na narrativa, nos detalhes e em tudo o que o filme tinha para oferecer.
The Fabelmans fez-me rir, emocionar, divertir, recordar e reforçar porque é que o cinema é algo que me faz feliz. Não é que me sinta o maior perito na arte ou que tenha assistido a tudo o que podia ter assistido, mas entrar nesses mundos fictícios e sentir tudo o que as equipas nos querem transmitir a partir da imagem… é algo simplesmente maravilhoso. A magia que Spielberg levou ao mundo cinematográfico é gigante e alguns dos momentos em frente ao ecrã mais incríveis da minha infância foram a assistir aos seus filmes. Mesmo que atualmente o realizador já não esteja no auge da sua carreira e conta com algumas produções menos conseguidas, julgo que esta foi uma das que mais se destacou.
A história, levemente baseada na sua vida, leva o espetador por uma jornada que tem tanto de emocionante como divertida. A caricatura tão típica dos vários personagens apresentados aliada a uma interpretação muito interessante do seu elenco. Paul Dano tem-me surpreendido cada vez mais e começo a ficar muito curioso por acompanhar o seu trabalho no futuro. Já Michelle Williams tem aqui o seu tipo de trabalho. Gosto do que a atriz tem refletido no ecrã e esta foi uma personagem onde encaixo muito bem. Mas um grande destaque que tenho de dar é mesmo para Gabriel LaBelle, que tem aqui um grande momento no papel de Sammy, o filho que adora cinema e quer viver da sétima arte. É com ele que vivemos a história deste filme e é com ele que exploramos algumas das clássicas técnicas do vídeo. E isso tudo é simplesmente incrível.
The Fabelmans vai com certeza dar um calorzinho especial no coração a quem adora a sétima arte, nem que seja apenas por todas as técnicas, expressões, recriações do que era antigamente. As várias referências que podemos apanhar ao longo de toda a película e a forma como tudo foi filmado. Numa era do totalmente digital, acho sempre muito interessante e os meus olhos rejubilam quando assistem a algo onde o analógico é, não só relembrado, como é amplamente utilizado.
Com o avanço da tecnologia é perfeitamente natural que tudo se torne mais moderno e que seja cada vez mais nostálgico quando alguém é capaz de produzir algo ainda com recurso a algumas das técnicas antigas. Longe de ser do tempo destas coisas, aliás quando percebi o que era cinema, já as coisas estavam muito digitais, mas por gostar tanto da arte e procurar conhecer mais é que este tipo de filmes me deixa feliz.
Escrevi algumas frases deste texto pouco após sair do cinema, mas acrescentei algumas já com algumas semanas após a sua visualização e apesar de continuar a achar o filme muito enternecedor em muito daquilo que faz, consigo também perceber que algumas questões narrativas acabam mesmo por ser relativamente básicas. É um filme que se coloca aqui num espaço muito especial para mim e vou sem dúvida voltar a espreitar em breve. É aquele filme que nunca me vai cansar, mesmo que não seja perfeito. É aquela obra cinematográfica que faz lembrar o que é o cinema e que me vai continuar a levar às salas sempre que possível.
Espero que The Fabelmans vos possa deixar tão feliz como deixou a mim. Vamos viver o cinema como deve ser vivido. E não se esqueçam onde colocar a linha do horizonte, se estiverem a pensar fazer um filme!
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