The Lovebirds é a nova comédia-romântica da Netflix, ênfase mais na comédia do que no romance, que vem tentar fazer algo que poucas conseguem fazer – ser engraçadas. Quando clicamos no catálogo para ver uma rom-com há apenas duas coisas que desejamos: rir e sentir aquele cringe saudável no estômago que nos faz corar por detrás da almofada. No entanto, quase como no caso de Date Night com Steve Carell e Tina Fey, The Lovebirds parece desperdiçar o talento de dois dos comediantes do momento num filme em que o enredo é um pouco preguiçoso e mais do que batido.
Estrelado por Issa Rae e Kumail Nanjiani, o filme começa de forma promissora, e não apenas porque é estrelado por Issa Rae e Kumail Nanjiani. Após um prólogo que apresenta como Jibran (Nanjiani) e Leilani (Rae) se encontram e se apaixonam, The Lovebirds avança quatro anos para o meio de uma discussão (com alguma piada) sobre se eles sobreviveriam ao programa Amazing Race, uma espécie de peddypaper sob esteróides. Essa discussão eventualmente leva à sua separação no caminho para uma festa. Infelizmente, nesse caminho atingem um ciclista que aparentemente está a ser perseguido por um polícia, polícia esse que acaba por lhes tomar rédeas do carro e iniciar uma perseguição automóvel. O filme tem a sua segunda reviravolta quando o polícia consegue encurralar o homem, atropelando-o várias vezes para se certificar de que está morto, e eles finalmente percebem que algo não bate certo. O “polícia”, ao ver que estes são testemunhas, precisa agora de os eliminar também mas acaba por fugir ao ouvir alguém chegar.
O resto do filme passa-se na mesma noite, quando Jibran e Leilani, com medo de que os verdadeiros polícias não acreditem que não mataram aquele homem, fogem da cena do crime sem plano em busca de respostas para provar a sua inocência. À medida que se aproximam cada vez mais, vão descobrindo uma conspiração selvagem, que se desenrola na cidade de Nova Orleans.
No que diz respeito à história em si, The Lovebirds peca por não ser ou inteiramente uma comédia ou um thriller. Ao balancear-se na corda bamba entre os dois géneros, acaba por se perder… talvez precisasse de encontrar um equilíbrio mais estável. Ainda assim, a boa notícia é que os dois protagonistas são extremamente bons a discutir entre si sobre pequenas questões de relacionamento ou coisas mais triviais, como o que exactamente se qualifica como uma orgia. A dinâmica entre os dois é talvez a componente mais forte do filme. Enquanto a parte da intriga parece algo já visto, que não surpreende, de alguma forma queremos continuar a ver pela forma como as personagens interagem entre si no meio destas situações fora do normal.
The Lovebirds não se foca tanto na parte do romance quanto seria de esperar, o que é uma lufada de ar fresco, afinal disso já a Netflix está cheia. Neste caso, o foco parece mesmo ser a tentativa de suspense misturado com a ocasional gargalhada. A intenção é surpreender fazendo-nos torcer por um casal que se encontra envolvido numa situação fora do comum, com uma pitada de charme e uma porção extra de diálogo ridículo e com alguma piada. Embora não seja grande em declarações de amor, parece entender que as melhores comédias românticas são aquelas em que os dois protagonistas são postos à prova, tentando resolver o seu relacionamento, apesar do caos que os rodeia.
Embora inicialmente fosse suposto ser lançado nos cinemas pela Paramount, a corrente pandemia parece ter empurrado The Lovebirds para o streaming, o que pode ter prejudicado ou ajudado o filme, nunca saberemos. O que sei é que é o tipo de filme que pessoalmente não iria ao cinema de propósito para ver, talvez apenas se um grupo de amigos se juntasse e fosse o consenso entre a maioria. No entanto, apenas à distância de um botão acabei por me render. Concluindo, embora The Lovebirds não atinja todo o seu potencial, não deixa de ser um bom filme de fim de tarde quando tudo o que apetece é sentar no sofá e descontrair.
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