De há alguns anos para cá criamos uma tradição de ir ao cinema no primeiro dia do ano e geralmente para ver algo mais leve e descontraído, ou dito de outra forma, aqueles títulos que nos apercebemos no dia anterior que vão sair. Aliás, houve um ano que foi um filme totalmente aleatório que escolhemos à entrada do cinema. Como podem já perceber, é um dia para descontrair e não pensar muito com grandes e loucos enredos. Na entrada em 2020, tanto eu como a Cristiana estávamos em viagem de regresso a Portugal e por isso não houve a tradicional ida ao cinema de dia 1, mas não querendo quebrar a corrente lá estávamos no segundo dia do ano para a primeira aventura cinematográfica de 2020 com: The Grudge Maldição.
Antes de continuar tenho de referir que este regresso de um dos mais famosos títulos de terror dos anos 2000 me passou completamente ao lado e só quando me encontrava a atualizar a lista de estreias que podem encontrar no site, é que realmente tive algum contacto com isto, por isso acabou por ser uma surpresa no seu todo.
The Grudge é baseado num filme de sucesso japonês com o nome Ju-On e pega numa ideia bem assustadora na cultura onde se insere. Vamos a ver, o estilo de terror asiático é altamente diferente do nosso. A sua cultura e as suas crenças são tão diferentes das ocidentais que isso leva a este género de cinema ser bem particular em cada uma das regiões do globo. Assim não será muito difícil compreender que refazer um filme destes para a nossa cultura é preciso ter algum cuidado. Essa já foi a maldição do filme de há uns anos e agora acabámos por ter, de certa forma, o mesmo problema.
Não há muita coisa de agradável a falar deste título. Não é um bom filme no geral. Apesar das tentativas e dos riscos que o realizador levou ao produto final, com algumas ideias interessantes e que pareciam ter imenso potencial, acaba por não passar muito disso mesmo. Desde o primeiro minuto que parecia faltar alguma coerência a todos os acontecimentos. Passamos por várias linhas temporais, que são bem apresentadas de início, mas que depois se perdem na tentativa de contar uma história complexa e que poderia ser realmente boa. Perde-se na tentativa de assustar o público, não o conseguindo nem pela história teoricamente macabra, mas que não passa da teoria, nem por um ou outro jumpscare, que fará tudo menos assustar.
Sempre que o filme parecia se encaminhar para um caminho interessante, arranjou forma de se perder. Faltou lógica e um entendimento criativo a toda a produção. Não será com certeza o pior filme de terror de sempre, mas que é uma produção fracassada isso não temos nenhuma dúvida. O realizador Nicolas Pesce, que ao seu terceiro filme teve uma oportunidade única de pegar numa franquia de milhões, acaba por cair numa construção básica, sem correr grandes riscos, quer na história, quer no resto do seu trabalho. Um realizador ainda jovem e que possivelmente terá um belo futuro pela frente neste mundo, esperando que esta pequena mancha no seu currículo não o leve à mediocridade. Por agora fica mais esta marca negativa no mundo do terror no cinema.