O filme começa com Viktoras, um ex-campeão grego de mergulho, que após a morte da avó começa a reconsiderar a sua vida. Sozinho em Atenas, sem nada que o prenda, decide fazer uma roadtrip até à Alemanha para se reunir com a mãe, que não vê há mais de 6 anos.
Na viagem, conhece Mathias, um jovem alemão tão enigmático quanto peculiar, com uma atitude atrevida e otimista que choca com o tímido e cumpridor Viktoras. Enquanto Matthias é muito mais livre de espírito, incapaz de manter os seus pensamentos dentro de si, Viktoras é tenso e não fala muito sobre a sua vida ou a família. No entanto, os dois, pouco a pouco, deixam-se persuadir um pelo outro e criam uma amizade fácil.
A fórmula é mesma de tantos outros filmes. Sabemos logo de início que quando se trata deste género de filmes, os opostos atraem-se, e Victoras acaba por sair da sua concha, a ser mais ousado e menos reticente com o mundo.
A relação que se forma entre dois está no centro do filme, e é isso que mantém o espectador preso ao ecrã. Ambos os homens têm os seus encantos e peculiaridades, e a conexão entre eles é elétrica. Tanto Vasilis Magouliotis quanto Anton Weil são excelentes nos seus papéis, e mesmo quando os seus personagens chocam (o que acontece com alguma frequência), há uma química palpável que se desenvolve entre eles.
O enredo não é complicado, é até quase inexistente. Parece apenas que se invadiu uma página de um diário e que se está a ler. O que olhando para trás se tornaria algo especial, mas que na altura parece apenas duas pessoas a conhecer-se e a conviver. O realizador investe profundamente nos personagens. Viktoras vai baixando a guarda e passa a confiar em Matthias muito mais do que gostaria de admitir. Tudo isto de passa sobre um pano de fundo do reencontro de Viktoras com a mãe, algo que o assusta profundamente.
Simples, despretensioso e totalmente adorável, o drama de Stelios Kammitsis não vai revolucionar o futuro do cinema, mas é aí que reside o seu charme. Depois de assistir a tantos filmes sobre intolerância e amores não correspondidos, é bom ver de vez em quando um filme leve e competente, onde os personagens não chafurdam na sua própria miséria.
O que realmente encanta neste filme é que ele consegue evitar todos os clichês de que se espera. Sim, é óbvio que o relacionamento entre os dois mudará de estranhos rivais para algo mais íntimo, mas a jornada até o ponto é revigorante e atraente. O filme não se debruça sobre as sexualidades dos homens, em vez disso, opta por mostrar a progressão natural do seu relacionamento sem ter que abordar quaisquer lutas internalizadas que normalmente viriam com isso.
Embora algumas respostas fiquem por dar, e muitas perguntas por fazer, o final dá espaço para uma continuação caso seja feita, ao mesmo que tempo que concluí um capítulo na vida de Viktoras. Com muito coração, um pouco de humor e muito drama humano, The Man With The Answers é um filme que atinge o coração com personagens maravilhosamente bem arredondados com as quais qualquer um se pode facilmente identificar.
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