Venom regressa para mais uma aventura, continuando esta tentativa da Sony em aproveitar o sucesso dos filmes do aranhiço juntamente com a Marvel Studios. Adivinhem lá como está a correr? Bem, parece que mesmo com qualidade dúbia, os filmes da Sony continuam a ser um sucesso de bilheteira e no momento que estou a escrever isto já sabemos que vamos ter um terceiro capítulo a esta aventura a solo de Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy.
O primeiro capítulo foi lançado já em 2018 e não foi o maior sucesso na crítica, nem junto daquela que está mais direcionada a este género de filmes. No entanto, aproveitando a catapulta da entrada de Homem-Aranha na MCU, esse filme foi um sucesso de bilheteira e no final deixou tudo preparado para uma sequela. Este segundo filme pega exatamente nessa ideia e transporta-nos para um dos maiores vilões do vilão: Carnage, ou como é conhecido em Portugal: Carnificina.
Deixem-me começar por referir que a Sony está uns belos patamares abaixo daquilo que a produção Marvel Studios e a Sony tem pretensões ligeiramente diferentes com estes filmes. Primeiro a de fazer dinheiro, o máximo que conseguir. Não importa se o filme é incrível ou não. Este não é um filme de prémios, mas sim o típico título pipoca, para ver no domingo à tarde. A Sony avança com as suas armas da melhor forma que consegue e enquanto estes títulos de qualidade razoável continuarem a lucrar, é garantido que os vamos ver. O mais interessante acaba mesmo por ser a Marvel Studios que alinha nestas aventuras e já aceita a introdução destes personagens no seu Universo.
Por um lado… ainda bem. Por outro… Preferia que a Sony continuasse no mundo deles.
A verdade é esta… A Sony não consegue sair da sua zona de conforto. Neste momento, têm o aranhiço dividido com a Marvel Studios, que apesar de ter um tom familiar não se importa de arriscar ligeiramente. Do outro lado, tem todos os vilões e outros companheiros do Aranha para criar conteúdo único. Mas quando temos vilões à mistura, começa parecer um pouco estranho esta excessiva obrigação de manterem os filmes sem qualquer tipo de violência.
Venom é um vilão e ao mesmo tempo anti-herói, que precisa que a sua história seja contada de uma forma adulta. Tal como muitos outros personagens dentro do universo dos comics, as suas histórias são muitas vezes pesadas e tem de ser contadas como faz sentido. Venom precisa de um filme com sangue, precisa mesmo de um filme visceral. Não me refiro que tenha de ser um filme totalmente incessível naquilo que mostra, mas precisa de ser algo ao estilo do que Deadpool nos apresentou. Um filme que não tenha medo de arriscar em mostrar sangue.
Não é o caso. É impressionante como conseguem fazer dois filmes a sofrer do mesmo mal. A notória mexida do estúdio para que o filme tenha o mínimo de violência exposta é ridículo. Depois de alguma polémica gerada no primeiro filme, porque o realizador não teve oportunidade de demonstrar a verdadeira essência do seu filme, apresentando um corte com imensas falhas para esconder os momentos mais chocantes, eis que no segundo capítulo volta a acontecer.
Quando a Sony apresentou Venom ao mundo, deixou sempre no ar as potenciais ligações com a MCU. Ninguém tinha a certeza de como isso poderia acontecer, mas faria todo o sentido vir a existir essa ligação. A cena pós créditos deste filme é a forma para este acontecimento, de tal forma interessante que pode ser importante em vários formatos.
Aquela pequena cena leva Venom e Eddie Brock até ao universo de Tom Holland, confirmando que este vilão é de outro universo. Ao mesmo tempo que isto mostra a potencialidade da Sony nos apresentar uma série de filmes que estão interconectados de forma subtil com a MCU, afasta também todo este Spiderverse de vir a precisar para sempre da universo criado pela Marvel Studios.
É quase estranho pensar que aquele pequeno momento tenha significados tão distintos, mas na altura ainda com o novo filme do Aranhiço a alguns meses do lançamento, deixou todos a perguntar-se: E agora? Agora já temos mais uma série de respostas, mas será que Eddie Brock está agora no universo de Holland? Como vai ser a ligação deste simbiótico entre os dois universos? Tantas perguntas que continuam no ar e parece que ainda vamos ter de esperar algum tempo pelas respostas.
O encaixe financeiro que a Sony Pictures tem vindo a fazer graças à ligação com a Marvel Studios é absurdamente gigante e esta saga é uma dessas provas. Mesmo com a pouca qualidade de estrutura narrativa destes dois filmes de Venom, os filmes conseguem manter um nível alto de sucesso pelos fãs. É assim que temos a certeza de um futuro risonho neste universo paralelo da Sony ligado à Marvel. Muitos vilões de Spider-Man vão ter direito a novos filmes e quem sabem não teremos outros aranhiços a chegar ao cinema a par dos filmes com a Marvel Studios.
Venom: Tempo de Carnificina apresenta-nos uma aventura com muitos problemas, mas que parece ter encontrado o seu público. Os dois filmes falham exatamente no mesmo ponto e isso pode ser um problema para o futuro. Continua a existir uma clara falta de risco por parte da companhia em filmes que deveriam ter esse risco. Esperava mais deste segundo capítulo, que na verdade é o filme que se espera há praticamente 10 anos.
Continuamos a aguardar pelo lançamento do próximo filme da Marvel com a Sony, que irá colocar Morbius no meio desta teia de conteúdo. Por enquanto, mesmo com algumas dúvidas no querer que esta saga continue, espero que o futuro possa vir a ser risonho em algumas das histórias a contar. Certo é que este filme tem alguns detalhes que demonstram potencial para algo realmente interessante. Fica a faltar alguma coragem à Sony.
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