Hoje trago-vos mais uma análise de um jogo de tabuleiro que ficou – e ainda se mantém – muito tempo na ribalta chamado A Ilha dos Gatos. Como devem imaginar, este jogo está relacionado com gatos, mas estes gatos não são aqueles que vemos na vida real. São criaturas míticas de várias cores distintas que, quando juntas, criam famílias de cores, dando a vitória a quem conseguir colocar mais juntas, no seu tabuleiro individual. O objetivo do jogo é, em cada tabuleiro individual, preencher o máximo de locais possíveis, através da colocação de peças tipo Tetris, com o desenho de vários tipos de gatos míticos e/ou tesouros. Antes de avançar para uma breve descrição de como se joga, quero apenas referir que este é um jogo totalmente traduzido para português, pela Maldito Games, pelo que não terão qualquer dificuldade em ler e decifrar as regras de jogo.
Depois de montado, o jogo desenvolve-se ao longo de cinco rondas, sendo cada uma constituída por cinco fases. Antes de iniciar este percurso de fases, devemos, primeiro, colocar os gatos em grupos 8, 12 e 16, consoante o número de jogadores que estiverem a jogar. Estes devem ser anexados a cada lado do tabuleiro principal, de forma a fazer um mercado comum, digamos assim. Caso seja retirado algum tesouro raro, este deve ser junto aos tesouros comuns e substituir a sua presença nas laterais do tabuleiro.
Esta fase é muito simples. Cada jogador retira 20 peixes da reserva geral.
Esta é a fase onde os jogadores escolhem a sua mão de cartas. Cada um deve ter na sua mão sete cartas, cartas essas que são dadas pelo primeiro jogador do turno e que depois são escolhidas entre todos os jogadores: ficar com duas, passar o resto e assim sucessivamente, até todos os jogadores ficarem com sete cartas, como referi no início.
Depois de escolhidas as cartas, cada jogador terá de pagar para ficar com as cartas que quiser. O preço de cada carta está descrita no canto superior esquerdo de cada uma delas. Esse preço deve ser pago em peixes.
Nesta fase, os jogadores irão verificar se compraram alguma carta com o rebordo azul. As cartas azuis são cartas de manuscritos que podem ser públicos ou não. Se forem, estas devem ser colocadas em jogo, nesta fase, viradas para cima e lidas para todos os jogadores. Se não forem, devem ser colocadas viradas para baixo, junto do tabuleiro do jogador que as jogar.
Esta é a fase mais interessante do jogo. Com as cartas verdes que cada jogador tiver comprado, cada um irá selecionar quantas cartas quer jogar nesta ronda. Pode escolher jogá-las todas ou apenas uma. Cabe a cada um decidir. Depois de escolhidas, as cartas são viradas para cima ao mesmo tempo entre todos os jogadores para verificar a velocidade de cada um. A velocidade é apurada através do símbolo das botas nas cartas de cada jogador. Se os jogadores empatarem em termos de rapidez, ficam nos lugares onde ficaram no turno passado.
Descoberta a ordem dos jogadores, cada um deles deve resgatar gatos até querer ou até não ter mais recursos para o fazer. Depois de passar o turno, o jogador que o fizer não pode voltar a resgatar gatos naquela ronda. No entanto, o jogador que não o tiver feito, pode continuar a resgatar até querer ou poder.
Para resgatar os gatos é necessário o recurso a cestos e a comida (peixes). Os cestos podem ser de três tipos: permanentes – só podem ser utilizados uma vez por dia; normais – só podem ser utilizados uma vez; partidos – que necessitam de dois partidos para fazerem um normal.
Os peixes são pagos consoante os gatos que forem resgatados: se forem do lado esquerdo do tabuleiro principal, têm um custo de 3; se forem do direito, têm um custo de 5.
Esta fase conclusiva é aquela em que jogamos as cartas castanhas e amarelas (Oshax e Tesouro, respetivamente). Ao jogá-las, devemos imediatamente colocar a peça que representa no nosso tabuleiro, seja o gato sem cor (Oshax) seja a de Tesouro. No caso dos gatos sem cor, temos de os representar através da colocação do gato da cor que queremos, isto é, ao colocar a peça, iremos colocar também, um meeple da cor que queremos representar.
Depois de concluída esta última fase, cada jogador irá fazer os preparativos para a próxima se repetir, até à quinta ronda. As cartas e os peixes que não foram utilizados, continuam na posse de cada jogador, permanecendo até serem jogados ou gastos. Os cestos permanentes que foram utilizados devem ser virados para cima para serem novamente uteis.
Existe mais um tipo de carta novo, as cartas roxas, ou as chamadas cartas instantâneas, que podem ser jogadas a qualquer altura por qualquer jogador. Se dois jogadores as quiserem jogar ao mesmo tempo, deve ser dada prioridade ao jogador que estiver em primeiro lugar na ordem de jogo.
A colocação dos gatos no tabuleiro deve ser feita de forma organizada, isto é, quando for colocada a primeira peça, os jogadores devem, sempre, colocar peças no seguimento dessa. Além disso, quanto mais gatos da mesma cor tenham, mais pontos recebem!
Por alguma razão, A ilha dos Gatos foi traduzida para português. É um jogo superacessível, familiar e divertido. A vertente de completar o nosso tabuleiro é um grande desafio, pois temos de ter em atenção as formas das peças e a melhor forma de as fazer encaixar, pois, caso isso não aconteça, somos penalizados na pontuação final. Acho que este jogo é uma versão introdutória e mais amigável do A Feast for Odin, sendo certo que prepara melhor os jogadores para aquele jogo que, embora difícil, fica muito mais fácil de perceber se já tivermos, por base, algo parecido.
Em termos de tema, funciona. Confesso que não ligo muito ao tema se a jogabilidade, em si, for interessante, que é o caso (e, depois, não gosto muito de gatos…).
Relativamente aos componentes de jogo, até a caixa é robusta. Existem caixas de edições de colecionador que não têm tanta espessura como esta. Os restantes componentes são muito bem trabalhados e resistentes. Para sleeves, não recomendo as mais grossas porque são imensas, o que significa que se utilizarem essas sleeves, o monte vai estar sempre a cair. O livro de regras está, também ele, muito acessível e, em português, não há desculpar para não perceber.
Por fim, adicionar uma nota em termos de rejogabilidade. Cada jogo destes será sempre diferente, seja pelas cartas, seja pelos tiles que retirem. Recomendo, vivamente, experimentarem este jogo, quanto mais não seja pela facilidade e pelo estilo de jogo que é!
Esta análise foi possível com o apoio da Maldito Games!
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