Depois de um grande período sem escrever, hoje trago-vos um pequeno grande jogo, mesmo a tempo do seu (alegado) último projeto de Kickstarter ser lançado. Este jogo é o Canvas! A sua segunda expansão acaba de ser revelada e colocada no Kickstarter, mas primeiro teremos de verificar se, efetivamente, este jogo merece todo este conteúdo e se, mais importante, vale a pena. A cópia do jogo que tenho é a versão não deluxe do jogo, pelo que esta versão não tem algumas das cartas bónus que foram adicionadas aquando do lançamento do jogo, no Kickstarter.
Canvas é um jogo em que os jogadores irão trabalhar para construir o melhor quadro possível. Para isso, terão de competir pelas cartas de arte que estão disponíveis para todos, no tabuleiro principal, bem como pela conjugação de marcadores. E o que quero dizer com isto? Boa pergunta. Para responder a esta questão que foram vocês, os leitores, que claramente colocaram, terei de explicar como se desenrola um jogo de Canvas.
Em Canvas, os jogadores terão duas opções para tomar em cada turno: ou elaboram um quadro ou compram uma pintura nova. Vamos, primeiramente, falar da compra.
O tabuleiro central incorpora dois elementos importantes: as cartas de objetivos e o mercado. As cartas de objetivos são aquelas que servem para orientar as escolhas dos quadros, isto é, estas cartas irão ditar que tipos de sequências devem ser cumpridas pelos nossos quadros para que eles possam somar o máximo de pontos possíveis. A simbologia do jogo é bastante simples e não é dependente de língua. O mercado é o local onde estão disponibilizadas as cartas para os jogadores comprarem, sendo certo que quanto mais para a direita o jogador comprar, mais cara será a carta. É uma forma de equilibrar o jogo, premiado, o jogador, que escolher a carta que está há mais tempo em jogo. Um jogador não pode ter mais do que 5 cartas de pintura na mão. Quando atingir este número, o jogador é obrigado a construir o seu quadro.
Sobre a construção do quadro, o jogador terá de selecionar três pinturas que tenha comprado e montar um quadro conforme seja, para ele, mais vantajoso, com base nas cartas de objetivos que estejam em jogo. Estas cartas de objetivos são imensas, pelo que a probabilidade de jogar o um jogo com os mesmos objetivos é muito reduzida. Quando um jogador decidir que já tem o quadro completo, faz a contagem dos pontos a que tem direito e não pode voltar a alterar o quadro que acabou de construir.
A partida termina quando todos os jogadores tiverem 3 quadros completos.
O jogo tem, literalmente, duas decisões a tomar. Bastante simples, mas um pouco complexo na hora da construção dos quadros.
Ainda sobre este jogo, tive também a oportunidade de experimentar a sua primeira expansão: Canvas Reflections. Esta expansão adiciona mais conteúdo ao jogo base, sem mexer muito na receita original. É nos apresentado um novo tabuleiro, mais cartas de fundo e uma nova mecânica para angariar pontos. No entanto, a principal novidade tem que ver com as cartas de arte: estas novas cartas têm duas faces diferentes ao contrário do que acontecia no jogo principal. No jogo base, as cartas apenas apresentavam uma ilustração e nada mais. Agora, à frente temos uma imagem e se virarmos a carta temos outra completamente diferente! Além disso, também a simbologia da carta altera de uma face para a outra, pelo que, desta forma, são dadas mais opções de configuração de quadros aos jogadores que as comprarem ou tiverem a sorte de as receber. No fundo, é como se o jogador tivesse duas cartas na mão, em vez de uma só.
A expansão resume-se a isto, pelo que, não são adicionadas novas regras que alterem completamente o jogo base, como já tinha dito. À data da produção deste artigo, sabemos que está a ser preparada a segunda e, muito possivelmente, a última expansão do Canvas. Na minha opinião, espero que mantenha o espírito do jogo base e assegure que este jogo continua simples de aprender, mas difícil de dominar.
Na minha opinião, Canvas é um dos melhores jogos introdutórios que o mercado pode oferecer, de momento. Aproveito para deixar já a nota para aqueles que estejam interessados: a MEBO Games editou a versão em português de Portugal, pelo que, se dúvidas existissem sobre a possibilidade de aquisição, receio que as mesmas tenham deixado de existir.
Canvas é um jogo muito simples de aprender pois apenas existem duas coisas que podemos fazer no jogo: ou comprar ou construir. No final dos 3 quadros, o jogo termina. O problema é o que acontece no entretanto, porque reparem: a escolha das formas, dos símbolos e da sua relação com as cartas de objetivos é o que vos vai dar a vitória. Se caso não rentabilizarmos, o melhor possível, as nossas escolhas, a nossa pontuação vai por água abaixo. Ou seja, em suma, temos de saber o que comprar e quando comprar, para tentar tornar a vida do adversário um bocadinho mais difícil. Nisto, a expansão veio ajudar imenso, pois ter duas cartas na mão que contam apenas como uma é uma grande vantagem. A única coisa que não gostei muito, na expansão, é o facto de eles terem trocado o tabuleiro central do jogo base de um tecido fino para cartão. A originalidade do primeiro foi, sem sombra de dúvidas, um ótimo toque.
De resto, não tenho nada a apontar. Joga-se em 30 minutos e arruma-se muito facilmente. Como não é um jogo muito longo, pode ir mais vezes à mesa e as pessoas que, em regra, não jogam, não gostam de começar logo com regras de 20 páginas. Daí a minha posição sobre este ser um dos melhores jogos para iniciantes: simples, rápido e poucas regras.
O que há aqui para não se gostar? Experimentem, a sério. Bons jogos!
Esta análise foi possível com o apoio da Asmodee Spain!
Redes Sociais