Mais uma vez trago-vos conteúdo fresquinho como a água que desce neste maravilhoso canal que banha a fabulosa terra de Everdell! Como já é hábito nos jogos de hoje em dia e, principalmente, naqueles que ficam famosos, depois de sair o jogo base, vão também saindo algumas expansões. Não só para voltar a dar vida a um jogo que, porventura, tenha sido esquecido ou apenas para dar uma lufada de ar fresco ao jogo. No caso de Everdell, não me parece que se enquadre tanto na primeira opção. O jogo é claramente conhecido em todo o mundo, sendo muito procurado por todo o tipo de jogadores e/ou apreciadores. É um jogo muito bonito, como já tive oportunidade de demonstrar aqui no blog e, acima de tudo, bem trabalhado mecanicamente. É um jogo que desenrola com facilidade e não é difícil de aprender.
Dito isto, naturalmente, teriam de existir expansões. Ora a que vos vou falar hoje foi a primeira expansão do jogo: Pearlbrook. Em Pearlbrook, somos finalmente introduzidos ao rio que fica ao descoberto do lado esquerdo do mapa principal. Antes de avançar, quero apenas fazer uma ressalva. Efetivamente, aquilo que vem com a expansão é pouca coisa. Um recurso novo, uma parte de um tabuleiro novo, mais animais e mais cartas. Resumidamente, o relevante é isto. Ah! E claro, as wonders. (Este esquecimento não foi em vão). Existe, novamente, uma diferenciação em termos de versão sendo que a que vos estou aqui a mostrar é a Collector’s Edition, uma vez que traz componentes que a versão normal não traz, nomeadamente, mais animais em madeira e mais cartas. Mas edições à parte, os componentes de jogo continuam a ser diminutos. No entanto, não deixem que isto vos afaste de comprar esta pequena maravilha! Vamos ver porquê.
Começando pelo mais óbvio: o rio. Este novo tabuleiro que nos é introduzido funciona como um local novo para colocar um dos nossos trabalhadores. No início de cada partida, cada jogador passará a ter um sapo da mesma cor dos seus restantes animais, onde só e apenas ele poderá interagir com os locais do rio. Estes locais podem ser estabelecimentos ou criaturas, ambos com o objetivo de nos ajudar a ter pontos de vitória ou a ter pérolas (novo recurso). As cartas começam o jogo viradas para baixo e, de acordo com os ícones que temos na nossa cidade, podemos escolher virá-los e realizar o seu efeito. Ao fazê-lo, ganhamos uma pérola e temos a oportunidade de realizar a ação no mesmo turno, se tivermos os requisitos que a carta impõe. Caso contrário, o jogo continua já com a carta virada para cima, dando a possibilidade a todos os jogadores de usufruírem do poder da carta. Resumindo, como referi, estes locais servem para ganhar, principalmente, pontos de vitória e pérolas. Cada pérola não utilizada no final do jogo conta como sendo dois pontos de vitória cada uma. Mas, então, que outras funcionalidades podem ter as pérolas?
Bem, as pérolas podem ser utilizadas para mais duas instâncias. A primeira é jogar uma das imensas cartas especiais que foram, agora, introduzidas com esta expansão. As chamadas cartas de adornos/acessórios (adornment cards). Estas cartas são extremamente valiosas pois conferem a quem as jogar dois benefícios diferentes, um imediato e outro para realizar no final do jogo. Podem fazer com que ganhemos muitas coisas, mas principalmente pontos de vitória. São dadas duas no início de cada partida aos jogadores e cabe a eles decidir se vale a pena perder uma pérola para jogar a carta pretendida. Jogar uma carta destas, conta, também, como uma jogada, mas a colocação do adorno não conta para o limite de cartas que constitui a cidade principal! Devo relembrar que a versão base desta expansão não tem tantas cartas como tem esta edição de colecionador.
Por outro lado, as pérolas podem ser ainda utilizadas para a construção das wonders! As wonders vêm substituir os eventos normais do jogo base e representam, lá está, maravilhas que podem ser contruídas na cidade de cada jogador. São quatro no total e cada uma tem um custo enorme para o jogador que decidir avançar com a construção. Em troca, têm a possibilidade de receber 25, 20, 15 ou 10 pontos de vitória. São construções muito dispendiosas, mas valem a pena. Também neste campo a edição de colecionador é diferente. Nesta edição, temos direito a wonders em 3D, em vez de ser um cartão normal, como eram os eventos básicos.
Por fim, desta expansão, são adicionadas mais 20 cartas à imensidão de cartas já existentes de criaturas ou estruturas do jogo base. Desta forma, temos ainda mais variedade de coisas para construir, somando ao leque de possibilidades já existente.
Esta expansão traz mais conteúdo do que cartão. Efetivamente, o que vem dentro da caixa é reduzido. Principalmente para o custo da expansão. Pelo valor de mercado recomendado, dava para comprar um jogo base complexo e cheio de material. No entanto, não estamos aqui para julgar preços, mas sim conteúdos e o que a expansão traz para a experiência de jogo e, neste campo, não desilude.
É verdade que a entrada desta expansão não altera o jogo base de forma que mais ninguém perceba o que se passa. As regras são pequenas e simples. Os conteúdos da expansão são facilmente introduzidos, até para pessoas que nunca jogaram o base, mas fazem com que certos momentos do jogo, que antigamente eram garantidos, deixem de o ser. Estou a falar, claro, das wonders. No jogo base, os eventos são acessórios da nossa cidade. São eventos que, mais tarde ou mais cedo, mesmo que não trabalhemos para eles diretamente, ao construir a cidade estamos a aumentar a nossa possibilidade de ir buscar os pontos de vitória sem nos preocuparmos muito com o que estamos a construir. Ou seja, não precisamos, necessariamente, de nos preocupar com aquela parte do jogo.
Agora não.
Agora, deixar passar que sejam 10 pontos de vitória é o equivalente a mais de 3 eventos antigos! Para além disso, já não podemos trabalhar indiretamente para a wonder como fazíamos para os eventos. Para construir uma wonder, precisamos de recursos e, acima de tudo, pérolas, tal como acontece com as cartas da nossa cidade. Ora se jogamos os nossos recursos todos para a wonder, ficamos sem eles para jogar as cartas e, se isso acontece, ficamos a perder em algum lado!!
A mecânica do jogo base, no que toca aos eventos básicos, foi trocada para os locais do rio. Aqui sim é necessário ter cartas na nossa cidade para as conseguir virar.
Para vos dar o exemplo de quão diferente esta expansão torna o jogo, numa das minhas partidas estava a jogar para a wonder mais cara, então tinha chegado ao outono com pouco mais de 6 cartas na minha cidade. Mas estava cheio de recursos para conseguir adquirir a wonder. Problema: faltava-me uma pérola e a minha única esperança estava no requisito que tinha de cumprir para a ganhar, na carta do rio que faltava virar. Ao virar a carta, conclui que não conseguia ter a pérola que me faltava. Ora, a wonder imediatamente abaixo já tinha sido construída; as cartas melhores da minha mão já tinham sido descartadas para conseguir ir buscar pérolas; e os recursos estavam parados, sem puderem ser utilizados. Escusado será dizer que perdi por uma margem assustadora.
O que é que quero dizer com esta história? Embora o conteúdo da caixa seja pequeno, mais uma vez, o conteúdo ao jogar pode ser o suficiente para alterar o modo de jogo por completo e a forma como os jogadores interagem uns com os outros. Não considero que seja daquelas expansões sem as quais não podemos jogar. É um jogo diferente. Não descarta a possibilidade de voltar ao jogo base, mas sempre que quisermos jogar uma coisa diferente, somos bem recebidos.
Em suma, recomendo. Fácil de introduzir. Fácil de ensinar, mas totalmente diferente na interação de jogo. As mecânicas as mesmas, mas o sítio em que estão aplicadas fazem toda a diferença. Por isso, toca a colocar os pés na água e experimentem esta aventura aquática!
Esta análise foi possível com o apoio da Starling Games!
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