Hoje trago-vos um jogo muito especial. Como jogador de jogos de tabuleiro e também de videojogos, nunca nutri grande apreço por histórias ou, neste caso, temas dos jogos de tabuleiro. Sou fã de alguns, mas não vou odiar um jogo por não gostar do tema se a jogabilidade for fantástica. Este jogo fez com que esta perspetiva fosse completamente destruída. Obsession é um jogo fortemente relacionado com o tema. É necessário, pelo menos, perceber a relação que a jogabilidade tem com o tema para sabermos o porquê de fazermos certo tipo de ações ou o porquê de existirem certo tipo de exceções. Em Obsession, o jogador irá controlar uma família poderosa, tendo como objetivo principal ganhar honra e reputação entre os seus pares, criando eventos, gerindo os criados e relacionando-se com pessoas de maior influência.
Feita esta pequena introdução, vamos então passar à forma de jogar. Irei, como de costume, falar apenas do modo multijogador, mas o modo solo não tem grandes diferenças, em termo de jogabilidade, quando comparado a este modo. Além disso, irei falar da constituição normal do turno de um jogador, ficando de fora tudo o que seja exceções a regras do jogo ou eventuais modos de jogo diferentes que possam existir.
Ora, a primeira coisa que quero avançar é que os passos que cada jogador deve seguir estão localizados nos seus tabuleiros principais, de forma a que estes não se esqueçam de fazer o que quer que seja. Vamos, então, por partes.
A primeira coisa a fazer num turno é a rotação dos serviços, isto é, não podemos utilizar os mesmos empregados duas vezes seguidas, pelo que, no início de cada turno, estes devem ser deslocados para a caixa ao lado daquela em que estavam, no tabuleiro individual.
Estes bónus resultam dos tiles que tenhamos na nossa posse ou de eventuais eventos que ocorram durante aquela ronda. O jogo recomenda a utilização de um token para nos lembrarmos que temos bónus de turno para ganhar.
As atividades são o principal foco deste jogo. Sem elas, não podemos ganhar recursos para gastar noutros tiles e/ou em convidados. Neste passo, temos de escolher uma atividade para organizar, sendo que apenas o podemos fazer se tivermos empregados que as possam cumprir.
A par da organização do evento, compete ao jogador convidar pessoas para aumentar a reputação e honra da família que organizou a festa ou evento. Para isso, também será necessário, em regra, ter empregados para fornecer os serviços requisitados por todos.
Como anteriormente mencionado, nesta fase, o jogador deve fornecer os serviços necessários para que os seus convidados possam tirar proveito do evento por nós organizado. Não faz sentido organizar uma festa e depois a malta ficar a olhar uns para os outros!!
No final de cada evento, tanto o tile como os convidados irão originar recursos que podemos utilizar para organizar outros eventos e chamar outras pessoas.
Como resultado das nossas festas e eventos, podemos receber algum dinheiro. Com ele, podemos investir noutros tiles de eventos que gostamos para melhor o nosso tabuleiro e desenvolver a nossa economia familiar. Desta forma, temos diferentes maneiras de arranjar atividades que nos deem outras coisas para lá das que temos no início de cada jogo.
Por fim, este passo parece simples o suficiente logo pelo título. Colocar tudo como estava. Se o nosso tile de evento não tiver o símbolo de uma rosa no canto superior direito, devemos rodar esse mesmo tile, de forma a ganhar um evento mais benéfico para o jogador que a organizar, da próxima vez que for jogada.
Além deste tipo de turno, o jogador tem ainda a opção de passar na jogada, resultando em diferentes ações a realizar. Este tipo de jogada esta muito bem explicada nas cartas de referência, pelo que não acho necessário proceder à explicação da mesma aqui.
Quero ainda fazer menção aos eventos que aparecem ao longo do tabuleiro central. Cada um deles funciona de maneira diferente – além dos que se repetem, claro – sendo certo que, também eles, estão muito bem descritos nas regras do jogo.
Obsession é um jogo, como referi, especial. À superfície, é um jogo de tabuleiro de peso médio, diria, com mecânicas de alocação de trabalhadores e gestão de mão, conjugando a criação de um motor de produção com a gestão de recursos. No entanto, à medida que vamos jogando, o jogo tornasse cada vez mais envolvido com as personagens das cartas e das mesmas com as atividades que são organizadas. Até os empregados têm regras especificas de como a hierarquia de serviçais funcionava antigamente.
Tudo, neste jogo, parece interligar-se entre a história e a criação de algo novo no mundo dos jogos de tabuleiro. A reputação é uma dessas grandes características. Se não temos reputação suficiente, não podemos organizar festas ou chamar pessoas mais importantes. Se fizermos alguma coisa de errado ou se chamarmos uma pessoa com pouco reputação, podemos perdê-la. Dito isto, em termos de tema, acho que o jogo brilha imenso. Sinto que todo o jogo está bem organizado e que a jogabilidade se adequa ao tema que explora.
Quanto à jogabilidade, se têm lido as restantes análises aqui no site, sabem que gosto imenso de jogos de alocação de trabalhadores. Este não é exceção. A jogabilidade é super interessante e dinâmica, relacionando, não só, o recurso a tiles como a cartas, como também envolvendo confrontações entre jogadores e escolhas que podem moldar a vitória ou a derrota para o jogador que a executar. Em termos de explicitação de regras, tenho alguns contras no que concerne o livro de regras. Em algumas partes do livro exploraram demasiado a história do jogo e, na minha opinião, complicaram um jogo relativamente simples, num monstro de mais de vinte páginas. Acho que será mais fácil aprender a ver um vídeo do que a estudar as regras originais.
Finalmente, gostava apenas de fazer referência à qualidade dos materiais utilizados neste jogo. São simplesmente brutais. O cartão é muito expeço e as cartas são revestidas com uma proteção para não se estragarem tão rapidamente. Excelente qualidade.
Em suma, gostei imenso do jogo. Imensa rejogabilidade. Muito conteúdo e muito bons materiais fazem com que este jogo seja um no brainer para mim. Espero ter a possibilidade de explorar os conteúdos extra que exista e, se conseguir, serão os primeiros a ler!
Esta análise foi possível com o apoio da Kayenta Games!
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