Diz-se que não devemos julgar um livro pela capa mas, neste caso, foi o que fiz.
Achei a capa tão surpreendente que agarrei o livro, dei uma vista de olhos pelo verso – para ter uma ideia daquilo em que me estava a meter, fui até à caixa e paguei. Ainda na livraria, fui surpreendida pelo comentário da vendedora: “Estou a ler esse livro! Não consigo parar!”.
No início do livro, conhecemos a personagem principal, Elsie Bainbridge. Não sabemos muito sobre ela, a não ser que esteve envolvida num incêndio e que está internada num hospital, onde recupera dos ferimentos que sofreu. Percebemos, também, que não é capaz de falar e que é suspeita de ter causado o incêndio, apesar de não se recordar do que aconteceu. Surge, então, um novo médico, que tenta recuperar as memórias de Elsie.
Com essas memórias que vão surgindo, saltamos para 1865. Elsie está grávida, recentemente enviuvada e muda-se para a casa de família do marido, The Bridge. A casa está bastante decrépita, contando apenas com a presença de uma governanta e duas criadas. Elsie leva consigo Sarah, uma prima do marido. Juntas, começam a aperceber-se de coisas estranhas pela casa. Portas que se trancam sozinhas, sons sem explicação e companhias misteriosas que parecem surgir em todos os cantos da casa.
As companhias – dummy boards – eram figuras de madeira que faziam parte das decorações do século XVII. Eram cortadas e pintadas para se assemelharem a crianças ou adultos. Enquanto algumas explicações sugerem que eram utilizadas para evitar assaltantes ou soldados inimigos, outras dão a entender que o seu único intuito era o de evitar a solidão. Numa das explorações que fazem pela casa, Elsie e Sarah encontram o diário desparecido de Anne Bainbridge, com mais de 200 anos.
Começamos a ler o diário e voltamos a viajar no tempo até 1635. Ficamos a conhecer a história de Anne e do seu casamento com Josiah Bainbridge, bem como todas as histórias que envolvem The Bridge e a sua relação com a bruxaria. Ficamos a conhecer, também, a história das companhias e o motivo da sua presença em The Bridge.
Assim, e porque não posso desvendar toda a história, vamos alternando entre capítulos passados no hospital – na atualidade, capítulos passados com Elsie e Sarah – em 1865, e capítulos lidos do diário de Anne Bainbridge – no início do século XVII. Tentamos desvendar os segredos do que acontece na casa e descobrir a resposta à maior dúvida que se vai levantando. Estaremos perante a loucura de Elsie ou haverá mesmo razões para dizer que The Bridge está amaldiçoada?
Todos nós já tivemos livros que nos prenderam. Que nos faziam dizer “só mais um capítulo”, mesmo quando sabíamos que passava muito da hora de dormir. Que faziam com que, mesmo quando não estávamos a ler, estivessemos a pensar na história e a imaginar diferentes cenários. Este livro faz isso e muito mais!
Não conhecia Laura Purcell e estou verdadeiramente curiosa sobre o que mais tem para nos oferecer. Com este livro, conseguiu criar uma história de terror gótico da era vitoriana, com tudo aquilo a que temos direito: desde os cenários da casa abandonada, passando pelas personagens, trazendo o medo, a loucura e a bruxaria e chegando a fazer-nos refletir sobre o papel da mulher na sociedade de então.
Conseguiu criar uma história e transportar-nos para um ambiente que nos deixa intrigados e que nos faz duvidar das nossas próprias teorias sobre o final do livro.
Por isso, se gostam de histórias de terror – mas das que não sejam óbvias. Se estão prontos para, depois de fecharem o livro, se sentirem incomodados com o ranger de uma porta ou com um som de que não tinham dado conta antes. Se não se importam de sentirem que está alguém a olhar para vocês, apesar de estarem sozinhos, …encontraram o livro certo!
Boas leituras e não se esqueçam: No one was truly alone. Not ever, not in this house.
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