Depois de dois artigos a partilhar azedume epistolar – que podem ler aqui e aqui – é agora tempo de “As Histórias do Lacerda” voltarem a falar dos temas que de facto interessam às pessoas: o extermínio da população Rohingya na Birmânia as melhores leituras de verão!
Nesta crónica, vamos fingir que todos temos a possibilidade de ir à praia normalmente este ano e que (para dar alguma credibilidade a este nosso exercício de imaginação) todos temos um daqueles nomes que, em Portugal, abre portas e concede privilégios. Assim, a partir de agora, o meu nome é James Lacerd, estas são “The Lacerd Storys” e vocês passaram todos a ser pessoas inscritas no registo civil de Waskerley, no condado de Durham, em Inglaterra.
Agora que já somos cidadãos de primeira classe está na altura pegar na nossa meia branca, na nossa sandalinha de coro e levar o jogo de Mikado a que insistimos continuar a chamar de dentição, à praia! Já temos uma geladeira cheia de cervejas, três edições do “The Sun”, tão antigas que nelas as Spice Girls ainda eram relevantes, mas que podemos nós levar para ler? É certo que podíamos ler uma das 3 edições do mesmo jornal que insistimos em levar todos os anos para a praia, mas toda a gente sabe que esses não são para ler. Servem apenas para fazermos uma espécie de tendinha para a nossa barriga quando, inevitavelmente, nos deixarmos dormir ao sol e ficarmos com a compleição de um pimento vermelho.
Posto isto, que nos resta? No meu caso, quando se trata de leituras balneares, opto sempre por um bom livro de crónicas ou, na loucura, um livro de contos. Coisas indispensáveis e boas de ler a qualquer altura do ano como os David Sedaris, os Simon Rich, ou os Pedros Mexias da vida são sempre bem-vindas, mas também há que dar espaço a coisas que não conhecemos. Foi assim, que num verão qualquer, entre o demolhar da tomatada e o grelhar da pele de porco, descobri o João Pereira Coutinho e as suas crónicas. Foi também neste vai e vem, entre a toalha e a procura de um local na água onde um tipo não tenha estado uma quantidade de tempo suspeita (vá se lá saber porque nestes locais a água tende a mudar de tonalidade), que descobri o Enric González e as suas “Histórias de Roma”.
Como devem ter reparado tive, em cima, o meu pequeno momento Marcelo pré-presidência. Vou, agora que destapei a minha própria queimada careca, continuar este momento referindo que o ideal é que o livro que levamos para a praia tenha sido comprado em segunda mão, a preço simpático e convidativo, na lendária Galileu, em Cascais. “Aí James Lacerd, mas eu moro em Faro e não me dá jeito deslocar a Cascais para comprar um livro!”. Enfim, vocês também não querem mexer o rabo, está visto. Mas vá, admitindo que alguns de vocês não queiram deslocar-se centenas de quilómetros só para irem à “minha livraria de verão”, convirá dizer que qualquer livraria do vosso concelho serve. Convém é que seja antiga, tenha aquele cheiro a pó de livros que nenhuma limpeza consegue disfarçar e que saiam de lá com leituras tão refrescantes como aquele primeiro mergulho de início de verão.
Boas Leituras!
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