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As Histórias do Lacerda
O que tem em comum Nabokov, Fidget Spinners e Zé Cabra? Todos figuram neste texto sobre literatura.
por Tiago Lacerda
Publicado a 05 Mar, 2021

Há modas muito giras.
Eu, a título de exemplo, sou fanático por um bom biquíni. Até porque, ao contrário das pessoas que insistem em expelir o seu almoço de cada vez que me olham com um vestido, sei o que é bom. Mas depois, também há modas muito estúpidas como os fidget spinner, a mania de dizer que “o Principezinho é o livro da minha vida” ou a carreira do Zé Cabra.

Hoje quero vos falar disto. Quero vos falar de uma moda muito estúpida, absurdamente boçal, mas que, infelizmente, tem levado a que muita gente que escreve sobre livros faça como o supracitado artista e “deixem tudo por ela”. Os moldes desta linda adição ao debate literário explicam-se melhor com uma pequena historieta, à laia de exemplo.

Imaginemos dois livros: um deles é soberbo. Possui uma escrita viva e rica, um enredo cativante e o autor trata a língua com delicadas pinças revestidas de cetim e bordadas a ouro do Brasil. Por outro lado, o personagem principal é uma besta, um tipo vil que nada mais é que um desperdício de oxigénio.

Virem agora a vossa imaginação para o outro livro deste ilustrativo exemplo. Este tomo, tem uma linguagem capaz de orgulhar um garoto do 3º ano, autor da melhor Fan Fic de “Uma Aventura” da freguesia de Parambos, concelho de Carrazeda de Ansiães.  O plot é tão imaginativo como uma receita de chá de cidreira, mas – aí que emoção! – a personagem principal pertence a um grupo pouco ou mal retratado em ficção (seja ele qual for).

Num mundo normal, estes livros seriam revistos assim (por ordem de aparição neste texto): “Uma obra de grande talento!” e (no caso do segundo) “o autor, cheio de vontade de fazer o bem, produziu um cocó de letras”. No entanto, como estamos no mundo em que a modinha de sobrevalorizar temas e representações sociais sobre tudo o resto reina, as críticas feitas têm outro tipo de linguagem. Em baixo, usando os nossos exemplos, dois excertos imaginados, mas baseados em factos reais, que considero serem bem ilustrativos:

Critica ao livro A: “Um livro odioso que promove o racismo (não tem pessoas de cor) a homofobia (nem uma personagem LBGTI?) e a misoginia (o autor refere-se uma vez a uma mulher como “minha doce tonta”). Ao mesmo tempo promove o patriarcado (o autor é uma senhora, mas ainda assim, bem sei de que lado está), e também o matriarcado (ya, ya é possível, google it booooomer!). Também odiei a apropriação cultural que aqui se passou, tipo, se não és de Mirandela não fales sobre alheiras, OKAY? Check your privilegie. Este livro é tão horrível que nem o consegui ler, mas pelo resumo que vi, já sei que é LIXOOOO!!”.

Critica ao livro B: “OMG! MELHOR LIVRO DE SEMPRE!!!!”
Vou já dizer: eu chorei. Como não? Aquela cena em que a nossa personagem descobre que além de ser queer, pobre, negra, ter uma deficiência na fala, duas no andar e ser cega de um olho, também é adotada, deu cabo de mim. Demorei imenso tempo até ter coragem para ler o segundo parágrafo. E ao contrário de alguns livros que saíram nos últimos – SEI LÁ 800 ANOS!! (URGH!) – esta história inclusiva é muito bem escrita. E não, haters! Não estou a dizer isto só porque o livro trata de causas, tipo, bué profundas. Este autor é tão bom que chega a usar o Patrício Antepassado ou lá o que é aquela coisa dos adjetivos”.

Não me entendam mal, precisamos mesmo de mais diversidade na literatura.
Diversidade em que a escreve, diversidade em quem por ela e nela é retratado/a. Diversidade para que sejam tratados temas que apesar de não serem novos, o parecem ser por terem sido (até aqui) esquecidos ou propositadamente ignorados. Diversidade para que haja cada vez mais personagens iguais a milhões de pessoas, que hoje ainda são muitas vezes retratadas como “diferentes”. Mas esta necessidade não pode ser a bitola que define o que é bom e o que é mau.

Um livro não é recomendável, não é bom, nem se torna numa grande obra só porque a personagem X é Y ou porque retrata Z. Um livro é bom quando é bem escrito. Quando nos faz pensar, quando nos permiti conhecer mais e melhor o mundo, mesmo o mundo das pessoas abjetas. Se continuarmos a achar que apenas os temas que merecem o nosso apoio cívico e político é que dão boa literatura estamos bem tramados.

Eu acredito (e espero!) que não haja aqui nenhum leitor interessado na pedofilia na ótica do utilizador. Acredito (e espero) que estejam tão enojados pela sua existência como eu. Ora seguindo a lógica da modinha de que falamos, o facto de Nabokov dedicar um livro ao tema, ainda por cima na voz da personagem com poder, do abusador, faz com que Lolita seja um péssimo livro. Problema: não é. É um livro absolutamente incrível, tão bem escrito que saímos dele não só fascinados com a escrita do autor, mas ainda com mais repulsa pelo dejeto humano ali retratado.

Eu sei que a moda, por muito parva que seja, às vezes é irresistível. Todas as fotos dos nossos pais e avós com calças à boca de sino estão aí para o demonstrar. Mas na análise literária se calhar, convinha relembrar, que continua a ser mais importante o cânone literário, do que o cânone Woke. E eu também sei que isto não é uma causa, tipo, bué profunda.

Mas é uma que continua a valer a pena.

Escrito por:
Tiago Lacerda
O Tiago é um budista reformado que neste momento vive em Portugal, mas que já residiu no estrangeiro. Nomeadamente, no Algarve. Fala para cima de 110 línguas diferentes. Infelizmente, 108 desses idiomas só ele os entende. Tem o hábito de inventar descrições sobre si próprio e ainda bem pois é um individuo que não convém conhecer.

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