Não foi de propósito, mas estou a aperceber-me que ando numa maré de fantasia histórica. Desta vez, trago um whodunnit com magia à mistura que explora o colonialismo e a escravatura num arquipélago inspirado pelas Caraíbas: Queen of the Conquered, de Kacen Callender.
No arquipélago de Hans Lollik há magia, mas é vista como uma bênção divina de que só os brancos são dignos. Escravos negros com poderes são torturados e executados. As descrições são gráficas e vívidas, mas são especialmente perturbadoras por poderem ser tiradas de um livro de história.
Sigourney Rose é uma rapariga negra e a última descendente de uma das famílias nobres de Hans Lollik. Odiada pela nobreza branca que não a aceita como igual e odiada pelos escravos negros que a consideram uma traidora, Sigourney não tem para quem se virar. Porém, Sigourney tem apenas um objetivo: vingança. A sua família foi massacrada quando ela era criança, e agora ela tenciona subir ao poder para punir os responsáveis. Embora diga a si própria que vai libertar os escravos, porquê que não libertou os que trabalham sob a sua alçada? O poder sabe tão bem.
Não é todos os dias que se encontra uma personagem principal tão pouco heroica, quase mais vilã do que heroína. Menos frequente ainda é encontrarmos uma protagonista em que, apesar de tudo isto, continuamos a torcer por ela. Bem, a maior parte do tempo.
E eis que aparece o lado thriller do livro e tudo se complica quando as famílias nobres se juntam numa ilha e começam a morrer que nem tordos. Rodeada de inimigos, Sigourney teme ser a próxima. Nem a sua magia parece ser suficiente para a proteger.
O final chega para acabar com o nosso sofrimento causado pelo suspense. É como um bom final deve ser: em parte, previsível, porque não podia ser de outra forma; em parte, surpreendente, porque um bom escritor sabe brincar com as expectativas dos leitores.
Entre a intriga política e querer descobrir o assassino, não consegui parar de ler este livro até o acabar. Valeu a pena cada minuto.
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