Edições Velha Lenda alerta para a necessidade de inclusão na literatura nacional
Publicado a 28 Nov, 2022

As novas gerações estão a dominar os diversos sectores do mercado e o livreiro não é excepção à regra. Literatura que só satisfaz uma parte da sociedade, em específico branca, cisgénero e heterossexual, está longe de ser o que o público procura e, por isso, a Edições Velha Lenda, cuja aposta tradicional é composta a 100% por autores e livros nacionais, alerta para a necessidade da inclusão na literatura nacional.

“O leitor procura histórias nas quais se reveja ou nas quais possa identificar aqueles que ama. Histórias escritas por mulheres, por autores negros e por autores LGBTQ+. Histórias que representem as pessoas de cor, diferentes culturas e crenças, e a comunidade LGBT+, e que promovam a igualdade de género”, começa Raquel Vicente, fundadora da Velha Lenda, por explicar, adicionando que é preciso procurar narrativas que criem uma união e que incentivem à igualdade e ao respeito, levando a uma maior inclusão social e cultural.

Em Portugal, as linhas de pensamento opressivas e discriminatórias deixaram de ser aceites e os mercados serão obrigados a acompanhar esta evolução. Mas, que estão a fazer as editoras nacionais para irem de encontro a estas exigências?

“A Edições Velha Lenda abraça os ideais de igualdade, diversidade e inclusão, e opõe-se à discriminação, ao bullying e ao assédio. Condenamos o racismo presente na sociedade em todas as suas formas e dedicamo-nos a encontrar maneiras de melhorar as práticas do mercado literário e do nosso próprio selo”, afirma a editora nos seus Valores e Objetivos, onde defende a Diversidade e Inclusão.

Apresentando-se com esta postura que vai ao encontro daquela que a maioria das editoras norte-americanas têm vindo a promover nos últimos anos, a Edições Velha Lenda começou por dedicar a maior fatia do seu catálogo a mulheresDaniela CoelhoAndreia RamosAndreia FerreiraR.C. VicenteFilipa CarujoRita Palma Nascimento e Hélène White. “Agora, está na hora de darmos visibilidade a todas as cores do arco-íris e trazer representatividade e inclusão para o mercado literário com histórias nacionais LGBTQ+”, explica Raquel Vicente.

O ano de 2023 trará mais representatividade e inclusão ao mercado literário

Além de uma maior aposta em histórias nacionais LGBTQ+, também o branding da Edições Velha Lenda acompanhará este posicionamento da editora: “a partir do próximo ano, os leitores poderão identificar os nossos livros LGBTQ+ através do logótipo da lombada, que se vestirá com as cores da bandeira da Comunidade. É um pequeno ato de boa vontade”.

“Livros de temática, por exemplo, LGBTQ+ aparecem entre as diversas submissões que recebemos. Mas não podemos considerar justa uma «luta de temáticas» entre «minorias» e «maiorias». Se 80% dos livros enviados para avaliação contêm relacionamentos heteronormativos e os restantes 20% contiverem relacionamentos homonormativos, a probabilidade destes últimos serem escolhidos é muito menor. Tudo na vida é feito de equilíbrio e a literatura não deve ser diferente”, explica a fundadora, justificando que a Edições Velha Lenda tem como base para as suas publicações a qualidade literária, independentemente de qualquer outra questão, mas que, no entanto, é necessário existir esta atenção e criar espaço nos catálogos para uma procura 100% inclusiva.

O ano de 2023 adicionará o nome de Diogo Simões ao catálogo da editora, um nome de destaque no que à representatividade diz respeito, e estreará o arco-íris do catálogo.

“Quando, dia após dia, quer por meio de uma pandemia, guerra, ausência de direitos em diversos países ou até estados-membros da própria União Europeia, temos a violação do que deveriam ser princípios básicos humanos, ou seja, a igualdade e liberdade, a aposta em conteúdo literário inclusivo em Portugal deve ser a prioridade de qualquer casa editorial”, começa o autor por referir. “Se fomos o primeiro país a conseguir dar o exemplo na Europa na abolição da pena de morte, deveremos também, pelo poder da palavra, imaginação e empatia, por meio de histórias únicas e possíveis de serem reais, ter os livros como armas para lutar contra o preconceito e pela igualdade e o conhecimento”.

Diogo Simões é um nome em crescimento no mercado literário nacional e que conquistou o seu espaço como autopublicado com obras como o livro Dislike e com foco nas relações LGBTQ+. Com a Edições Velha Lenda, o escritor irá editar um romance que, para além da temática LGBTQ+, abordará temas sensíveis como a violência no namoro e a violência doméstica.

Escrito por:
Cristiana Ramos
Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir).