As novas gerações estão a dominar os diversos sectores do mercado e o livreiro não é excepção à regra. Literatura que só satisfaz uma parte da sociedade, em específico branca, cisgénero e heterossexual, está longe de ser o que o público procura e, por isso, a Edições Velha Lenda, cuja aposta tradicional é composta a 100% por autores e livros nacionais, alerta para a necessidade da inclusão na literatura nacional.
“O leitor procura histórias nas quais se reveja ou nas quais possa identificar aqueles que ama. Histórias escritas por mulheres, por autores negros e por autores LGBTQ+. Histórias que representem as pessoas de cor, diferentes culturas e crenças, e a comunidade LGBT+, e que promovam a igualdade de género”, começa Raquel Vicente, fundadora da Velha Lenda, por explicar, adicionando que é preciso procurar narrativas que criem uma união e que incentivem à igualdade e ao respeito, levando a uma maior inclusão social e cultural.
Em Portugal, as linhas de pensamento opressivas e discriminatórias deixaram de ser aceites e os mercados serão obrigados a acompanhar esta evolução. Mas, que estão a fazer as editoras nacionais para irem de encontro a estas exigências?
“A Edições Velha Lenda abraça os ideais de igualdade, diversidade e inclusão, e opõe-se à discriminação, ao bullying e ao assédio. Condenamos o racismo presente na sociedade em todas as suas formas e dedicamo-nos a encontrar maneiras de melhorar as práticas do mercado literário e do nosso próprio selo”, afirma a editora nos seus Valores e Objetivos, onde defende a Diversidade e Inclusão.
Apresentando-se com esta postura que vai ao encontro daquela que a maioria das editoras norte-americanas têm vindo a promover nos últimos anos, a Edições Velha Lenda começou por dedicar a maior fatia do seu catálogo a mulheres: Daniela Coelho, Andreia Ramos, Andreia Ferreira, R.C. Vicente, Filipa Carujo, Rita Palma Nascimento e Hélène White. “Agora, está na hora de darmos visibilidade a todas as cores do arco-íris e trazer representatividade e inclusão para o mercado literário com histórias nacionais LGBTQ+”, explica Raquel Vicente.
Além de uma maior aposta em histórias nacionais LGBTQ+, também o branding da Edições Velha Lenda acompanhará este posicionamento da editora: “a partir do próximo ano, os leitores poderão identificar os nossos livros LGBTQ+ através do logótipo da lombada, que se vestirá com as cores da bandeira da Comunidade. É um pequeno ato de boa vontade”.
“Livros de temática, por exemplo, LGBTQ+ aparecem entre as diversas submissões que recebemos. Mas não podemos considerar justa uma «luta de temáticas» entre «minorias» e «maiorias». Se 80% dos livros enviados para avaliação contêm relacionamentos heteronormativos e os restantes 20% contiverem relacionamentos homonormativos, a probabilidade destes últimos serem escolhidos é muito menor. Tudo na vida é feito de equilíbrio e a literatura não deve ser diferente”, explica a fundadora, justificando que a Edições Velha Lenda tem como base para as suas publicações a qualidade literária, independentemente de qualquer outra questão, mas que, no entanto, é necessário existir esta atenção e criar espaço nos catálogos para uma procura 100% inclusiva.
O ano de 2023 adicionará o nome de Diogo Simões ao catálogo da editora, um nome de destaque no que à representatividade diz respeito, e estreará o arco-íris do catálogo.
“Quando, dia após dia, quer por meio de uma pandemia, guerra, ausência de direitos em diversos países ou até estados-membros da própria União Europeia, temos a violação do que deveriam ser princípios básicos humanos, ou seja, a igualdade e liberdade, a aposta em conteúdo literário inclusivo em Portugal deve ser a prioridade de qualquer casa editorial”, começa o autor por referir. “Se fomos o primeiro país a conseguir dar o exemplo na Europa na abolição da pena de morte, deveremos também, pelo poder da palavra, imaginação e empatia, por meio de histórias únicas e possíveis de serem reais, ter os livros como armas para lutar contra o preconceito e pela igualdade e o conhecimento”.
Diogo Simões é um nome em crescimento no mercado literário nacional e que conquistou o seu espaço como autopublicado com obras como o livro Dislike e com foco nas relações LGBTQ+. Com a Edições Velha Lenda, o escritor irá editar um romance que, para além da temática LGBTQ+, abordará temas sensíveis como a violência no namoro e a violência doméstica.
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