Alien Frontiers – Uma aventura no espaço
Publicado a 28 Out, 2021

Como alocar dados no espaço?

Mais um dia, mais uma review. Desta vez, de um jogo que já sofreu várias alterações ao longo das suas edições. As alterações são maioritariamente gráficas, visto que as mecânicas do jogo base pouco mudaram. No entanto, nesta 5.ª edição do jogo, não só temos acesso a materiais de qualidade, como temos direito a pequenas miniaturas das colónias e das infraestruturas que as cartas representam. Além disso, também se nota o cuidado que o criadores desta edição tiveram na produção dos recursos do jogo. Em termos de qualidade, estou muito impressionado com esta edição. Não fosse da mesma editora que nos trouxe Everdell (Starling Games).

Bem, mas já me estou a adiantar para questões de índole pessoal. Vamos primeiro falar um pouco do jogo e de como se joga e depois sim, posso dar a minha opinião.

Alien Frontiers é um jogo de alocação de trabalhadores, em que os nossos trabalhadores são dados, tal e qual como o jogo Euphoria, que também analisei aqui no site. Porém, a ação de rodar os dados aqui não serve para verificar a inteligência dos trabalhadores. Apenas, serve para saber onde podemos colocar os nossos trabalhadores.

A par com o jogo que vos mencionei há pouco, Alien Frontiers termina quando um jogador colocar todas as suas colónias no tabuleiro. Quando este requisito estiver cumprido, cada jogador irá verificar os seus pontos de vitória e, claro, ganha quem tiver mais. Mais uma vez, quando comparado com Euphoria, trata-se de um jogo que, embora puxe os jogadores a colocar as colónias o mais rápido possível, não nega a vitória – pelo menos, de forma imediata – aos restantes. Euphoria sofria um pouco com esse problema. Isto é, para quem não goste de jogos com esse caminho para a vitória (“Quem chegar primeiro, ganha!”). Não, aqui, mesmo que raro, o jogador que não colocar as colónias todas, pode, mesmo assim, tirar a vitória a quem cumpriu o requisito.

Vamos, então, ao modo de jogo. O jogo tem uma variante diferente dependendo do número de jogadores que constituam o jogo. Todavia, em cada turno, todos os jogadores têm de fazer a mesma coisa, independentemente do número de jogadores. Essas ações são:

Recuperar todos os trabalhadores (naves);

A primeira ação é recuperar todas as naves dos locais onde as colocámos. A par desta ação, todos os dados devem ser rodados para saber o seu valor, pois o valor de cada um vai determinar o sítio onde eles podem ser colocados.

Colocação de trabalhadores e jogar cartas;

De preferência, aquando da alocação dos trabalhadores, todas as naves devem ser colocadas num local qualquer no tabuleiro. Caso não possam ser colocados, pois cada local tem requisitos para a colocação dos dados de acordo com o seu valor, devem ser colocados na Maintenance Bay.

Sobre as cartas, podemos utilizar todas, algumas ou nenhuma carta que tenhamos na mão, a qualquer altura do jogo. Tenho em conta que cada jogador, no seu turno, tem de colocar todos os dados! Não existe colocação entre jogadores durante o turno de cada um.

Final do turno.

Tendo colocado todos os dados no tabuleiro e jogado todas as cartas que queríamos, o nosso turno acaba. Só no início do nosso turno é que removemos todos os dados novamente.

Estes são as três ações de cada jogador, em cada turno. Super simples.

Depois, cada local, tem um propósito específico. Seja criar uma colónia, seja recrutar mais um trabalhador, seja ir buscar cartas ou recursos, entre outros. Não me vou alongar muito nos locais, pois o tabuleiro e o livro de regras têm as características de cada um deles muito bem descrito.

Além disso, o tabuleiro é um dos tabuleiros mais simples e dinâmicos em que alguma vez joguei. O tabuleiro principal diz tudo, desde o que é preciso para cada local até ao momento em que o temos de colocar. Por exemplo, para colocar uma colónia, através do Colony Constructor, temos de ir colocando dados, num total de 3 por turno, para conseguir colocar a colónia. Chegando ao final dessa construção, o jogador pode colocar a colónia no planeta, depois de pagar um recurso solar e outro lunar. Toda esta informação está à disposição de cada jogador através do tabuleiro principal. A simbologia é, também ela, muito simples de perceber.

Veredito

O primeiro ponto que gostaria de referir é, realmente, a simplicidade do jogo. Seja para ensinar ou para aprender, o jogo está muito bem estruturado, seja ao nível das regras, nos próprios componentes, no tabuleiro principal. Tudo é simples e fácil de perceber. Isso é essencial para quem, por exemplo, tem um grupo de amigos que facilmente se aborrece ao ouvir falar de regras de jogo. Só existem 3 coisas a fazer em cada turno. Se a coisa correr mal, essa responsabilidade cabe apenas ao jogador.

Depois, a qualidade dos materiais. Todos os componentes do jogo são muito bem construídos e trabalhados. Decerto que irão durar imenso e ao longo de diversas horas de diversão. As cartas têm um revestimento especial para as proteger, o tabuleiro é feito com um cartão muito grosso para resistir a eventuais desastres que possam acontecer, as colónias e os recursos são, também eles, muito bem trabalhados. Enfim, é, sem dúvida, um jogo muito bom em termos de componentes.

Em termos de tema, diria que se enquadra na temática, principalmente se considerarmos os trabalhadores como naves.

As mecânicas de jogo são interessantes, mas neste momento, não são novidade no mundo dos jogos de tabuleiro. Quando saiu a primeira edição do jogo, em 2010, acredito que este jogo tenha sido uma inovação e descoberta enormes, daí as cinco edições que saíram depois. Mas agora, pouca inovação tem.

É um simples jogo de alocação de trabalhadores. Isto, inevitavelmente, irá resultar num jogo mais “batido”, diria, ou seja, de jogo para jogo, pouca coisa pode mudar. Quando jogado pela primeira vez, Alien Frontiers oferece um enorme elenco de opções. Porém, depois de explorado, sabemos qual a melhor estratégia para seguir e deixamos de jogar de forma aleatória, fazendo com que cada local ou jogada se torne mais previsível. Não sei quantos jogos é que temos de jogar para que isto aconteça, mas acredito que, à medida que vamos jogando, o jogo vá ficar menos interessante por falta de inovação.

Em suma, diria que Alien Frontiers é um bom jogo introdutório, a par com Catan, por exemplo. É um jogo simples, fácil de aprender/ensinar e não demora muito tempo. Serve para introduzir o hobby àquele amigo que se recusa a jogar porque diz que jogos de tabuleiro não são com ele. Talvez esteja muito enganado!

Esta análise foi possível com o apoio da Starling Games!
Alien Frontiers
Bom
Criador:
Jogadores: 2-4 Duração: 01H30M (90 min min)
Lançamento: 2010
Temática:
Distribuição:
7.5
  • Positivo
  • Jogo simples de ensinar e aprender;
  • Componentes de excelente qualidade;
  • Bom jogo para introduzir o hobby.
  • Negativo
  • Arte pouco explorada;
  • Pouca rejogabilidade depois de algumas jogadas.
Escrito por:
Joel Henriques
A crescer com o Pokémon desde os cinco anos, apresento-me como um amante incurável do mundo dos videojogos e jogos de tabuleiro. Tenho como objetivo principal, em cada artigo que publico, escrever de forma a transmitir uma opinião simples, mas completa, para que todo o tipo de jogadores sinta que seja como se estivesse, ele próprio, a jogar. Acima de tudo, divirtam-se!