Que livro!

As Bruxas de Pendle é o primeiro livro da autora Stacey Halls, publicado em 2019. Trata-se de um romance gótico, que tem como inspiração o julgamento das bruxas de Pendle.

Apesar de não serem tão conhecidos como os de Salem, os julgamentos das bruxas de Pendle são dos mais famosos na história inglesa. Aconteceram no início do século XVII, quando doze mulheres que viviam nos arredores de Pendle, em Lancashire, foram acusadas do homicídio de dez pessoas através do uso de feitiçaria. Foram encarceradas à espera do julgamento e, à exceção de uma das prisioneiras – que faleceu na prisão – as restantes foram presentes ao júri, em julho e agosto de 1612. Dessas onze, apenas uma – Alice Grey – foi considerada inocente, acabando por sobreviver, enquanto as restantes dez foram enforcadas. Estes julgamentos são considerados uns dos mais bem documentados do século XVII, em parte devido ao livro de Thomas Potts (o escrivão do julgamento), a publicação oficial do julgamento – The Wonderfull Discoveries of Witches in the Countie of Lancaster (que, depois d’ As Bruxas de Pendle”, mal posso esperar por ler). Ainda assim, até hoje, ninguém sabe o motivo para Alice Grey ter sido a única a ser considerada inocente.

No livro, algumas das personagens que encontramos são reais e são as mesmas dos julgamentos das Bruxas de Pendle. Acompanhamos, desde o início, a história de Fleetwood Shuttleworth, uma rapariga nobre de dezassete anos, casada há quatro com Richard. Fleetwood, apesar de estar grávida pela quarta vez, ainda não tinha conseguido levar nenhuma gravidez a termo e, quando descobre, em casa, uma carta escondida de um médico, onde está escrito que não sobreviverá a esta gravidez, fica com medo pela sua vida e a do filho.

Durante um passeio, Fleetwood conhece Alice Grey, que lhe diz ser parteira e que, mais tarde, se compromete em ajudá-la a conseguir ser mãe sem colocar em risco a sua vida. A partir do momento em que se conhecem, a história começa a desenrolar-se. Fleetwood faz algumas descobertas inesperadas e vemos a nossa protagonista passar de uma jovem ingénua e assustada para uma mulher corajosa e decidida. Contudo, ao mesmo tempo, surgem as acusações às bruxas de Pendle, e Fleetwood vê a sua parteira, que, entretanto, passou a considerar uma amiga, ser uma das acusadas. Alice é presa e a vida das duas mulheres fica em risco.

Toda a história é contada na primeira pessoa, por Fleetwood, o que achei bastante interessante. Além disso, a atmosfera do século XVII, aliada ao clima de suspeitas e superstições, às consequências das influências numa sociedade patriarcal e, claro, ao facto de sabermos que as personagens foram reais, criam a moldura perfeita para uma história cativante.

Por favor, leiam este livro e, já agora, percam uns segundos a apreciar a beleza dos detalhes da capa!