Bakuman
Publicado a 09 Out, 2020

Este anime retrata a vida de dois jovens adolescentes que decidem criar manga. Com a velocidade dos tempos que correm, a vida parece não ter descanso e os prazeres aparentam ser escassos. Para um artista, a criatividade está presente em todo o seu pensamento e as grandes ideias são fruto de puro trabalho, esforço e dedicação.

Saiko começa a sua juventude a observar um artista de mangas, que o faz ganhar uma paixão enorme por desenhar quadradinhos. Ao frequentar o estúdio do seu tio, ele começa por desenvolver o seu talento e recebe conselhos que o irão ajudar no futuro. Apesar de gostar de desenhar, Saiko pára, após o seu tio morrer, vitima de excesso de trabalho, e passa os seus dias sem nenhum sonho ou ambição. Contudo desenvolve uma paixoneta por um rapariga e, passado alguns anos, aparece Shujin que, ao ver um desenho que Saiko fez, decide convidá-lo a criar mangas com ele. Cético pelo que aconteceu com o tio, vê-se impedido pelos seus pensamentos e contradições, mas Shujin insiste e acaba por contar a Azuki, a paixão de Saiko. E aí, tímido e envergonhado, decide pedi-la em casamento, após a concretizar um sonho: Conseguir um anime e fazer com que Azuki seja dubladora da heroína.

No Japão são muitos que decidem tentar a sua sorte a desenhar mangas, mas o caminho não é de todo fácil. Primeiramente, um artista que desenha, precisa de anos de experiência para poder alcançar um nível em que seja reconhecido. Ou isso, ou mostra ser um génio logo na primeira vez que apresenta algum trabalho. Bakuman ilustra esses dois lados, mas faz com que os personagens principais sejam medianos. Saiko já possui experiência com desenhos e Shujin sempre foi bom em criar histórias, juntando essas duas partes e evoluindo a partir daí. Contudo, um artista de manga tem uma vida muito árdua, pois sendo primeiramente reconhecido e alistado a uma produtora de revistas manga, precisa de entregar semanalmente trabalhos de igual ou superior qualidade, para que possa manter aquilo que é o seu trabalho. E entre dezenas, centenas ou milhares de mangas, são poucos aqueles que são adaptados para anime ou live-actions. Esta obra retrata na sua forma mais crua aquilo em que consiste ser a vida de um artista de mangas.

Preciso falar das personagens principais e a forma como a sinergia entre os dois está tão bem implementada. Sendo um anime de estilo Shounen, à partida, é esperado haver lutas, ou confrontos entre personagens. Ora, então não existe lutas, quer dizer, ao longo do anime aparece algumas discussões e desentendimentos que fazem com que estas personagens fiquem com nódoas negras. Sendo focado em produção de mangas, é estranho pensar como é que o estilo Shounen é enquadrado nesta obra. Então, foram raros os momentos em que um episódio não me trazia entusiasmo, ansiedade para o que se iria passar a seguir, e isso é o mesmo sentimento que um One Piece ou Hunter x Hunter me passavam também. E o que, para mim, fazia com que este género resultasse, era as interações e os diálogos entre Saiko e Shujin, que criavam um ambiente de animação constante para a história.

Normalmente, e naquilo que já vi, animes de estilo Shounen são direcionados para o público adolescente masculino e pecam um bocado em outros  campos, noutros géneros. Bakuman consegue juntar comédia, drama e romance ao que é um género de lutas e personagens poderosos. O que é mais surpreendente é o romance, que embora seja esporádico no anime, o enredo está baseado num rapaz que se apaixona por uma rapariga e quer casar  com ela. Senti que havia momentos em que essa base se perdia, mas fizeram muito bem em criar dramas que faziam com que o amor desenvolvesse. Isto também me leva a falar do bom trabalho no desenvolvimento das personagens. Posso dizer que muitos animes perdem pontos em relação a isso, mas esta obra consegue realizar um ótimo trabalho. Fica aquela sensação que tudo encaixa, em que tudo faz sentido, fazendo com que seja mais agradável assistir a esta animação.

Outra das coisas que gostei foi o ritmo que a história impunha. Apesar de não explorar alguns acontecimentos mais a fundo, faz transparecer o sentimento que os dois jovens possuem em produzir mangas. Isto é, quanto maior a alegria e o divertimento, mais depressa o tempo passa. O ritmo acelerado também não denegriu o desenvolvimento das personagens, estas vão amadurecendo e seguindo as suas vidas mantendo sempre as personalidades que as caracterizam. Os diálogos são tendem a parecer aborrecidos e complementam muito bem a obra. Para além de momentos de entusiasmo, o anime também apresenta vários momentos de suspense, que ilustram a ansiedade que as personagens sentem à espera dos resultados do seu trabalho. Mostrou ser interessante a montagem dos cenários, pois cada um enquadra a personalidade de cada indivíduo, provocando conforto e credibilidade aos espaços da narrativa. Preciso também referir que a sonoridade está bem conseguida e os openings ficam no ouvido.

Para concluir, faço um apelo para que, se tiverem tempo e disposição, concedam uma oportunidade a este título. Pode não ser de muito interesse para alguns, a produção de mangas, mas para quem se interessa pela cultura japonesa, de certa forma enriquece esse conceito. Para além de ter aprendido o que é o trabalho de um artista de mangas, também está explicito a concretização de sonhos, a árdua jornada que implica e o final feliz que apresenta.

Bakuman
Capa
Incrível
Criador:
Argumento:
Ano: 2010
Tipo: serie Episódios: 75
Distribuição:
Estúdio:
9
  • Positivo
  • Narrativa sólida
  • Ritmo rápido e apelativo
  • Boa combinação entre momentos de entusiasmo e suspense
  • Bom desenvolvimento de personagens
  • Negativo
  • Falta de momentos de pausa e pensamento
  • Podia ter explorado mais o romance
Escrito por:
Rui Brandão
Nascido no norte, mais precisamente no Porto. Desde novo que sempre gostei de jogar videojogos, principalmente de computador. Frequento a universidade, mas não deixo de me alimentar com entretenimento. Gosto muito de ver animes, mas também acompanho séries e filmes.