Drácula: O Despertar do Mal
Publicado a 25 Ago, 2023

A Viagem Condenada do Demeter

Depois de ter dirigido A Autópsia de Jane Doe e Histórias Assustadoras para Contar no Escuro, André Øvredal traz-nos Drácula: O Despertar do Mal, que se inspira num capítulo particular do clássico da literatura de Bram Stoker. Nessa parte do livro é relatada a terrível história do navio mercante Demeter, fretado para transportar uma carga privada – cinquenta caixotes de madeira não identificados – de Carphatia a Londres.

É então que, desde o primeiro instante, a tripulação começa a ser assombrada por acontecimentos sinistros e sem explicação lógica, tentando sobreviver à viagem, condenada desde o início, sendo perseguidos todas as noites por uma presença impiedosa a bordo do navio.

Quando o Demeter finalmente chega à costa da Inglaterra, é um naufrágio carbonizado e abandonado e não há vestígios da tripulação.

Desde o início da viagem do Demeter, a narrativa é imediatamente marcada por maus presságios que pairam no ar, demasiado evidentes para serem ignorados, contribuindo para uma sensação de previsibilidade que permeia todo o filme, mas que são ignorados pela ganância. Os foreshadowings são tão óbvios e impossíveis de serem ignorados, que resultam num filme, à falta de melhor expressão… banal.

A utilização do Registo do Capitão remete-nos para um filme antigo de atividades paranormais, onde o capitão relata os desaparecimentos misteriosos de cada membro da tripulação ao longo da viagem, sendo possível destacar uma ausência de confronto direto com o Drácula. Deixando-nos mergulhar numa atmosfera de tensão que se torna quase palpável, mas que, no entanto, é anulada pela previsibilidade e repetição da ação ao longo do filme.

As atuações de Liam Cunningham (A Guerra dos Tronos), Corey Hawkins (The Walking Dead), David Dastmalchian (Os Suspeitos e Duna)e a interpretação de Javier Botet como Drácula oferecem momentos notáveis ao longo do filme. No entanto, essas atuações redimem o filme apenas até certo ponto, não conseguindo, no entanto, compensar inteiramente as falhas da direção de André Øvredal em criar uma atmosfera convincente de suspense e terror.

Além disso, o filme não consegue capturar o tão esperado ‘efeito Alien’, tão anunciado para o universo de Bram Stoker, deixando uma sensação de que algo está em falta na narrativa.

No geral, a história parece ser bastante autocontida e que faz demasiado uso de clichês, com uma trama simples e personagens pouco complexos, superficiais e poder-se-á dizer estereotipadas. E apesar de Øvredal fazer um excelente trabalho com o design de produção a bordo do navio, infelizmente, ‘Demeter’ nunca parece ser mais do que ser uma viagem condenada, apesar da expectativa e do potencial em redor da mesma.

Drácula: O Despertar do Mal encontra-se em exibição nas salas de cinemas nacionais.

Esta análise foi possível com o apoio da NOS Audiovisuais!
Drácula: O Despertar do Mal
Assim Assim
Realizador:
Duração: 01H58M (118 min)
Distribuição:
Lançamento: 10 de Agosto de 2023
5
  • Positivo
  • As performances de atores como Liam Cunningham, Corey Hawkins, David Dastmalchian e Javier Botet (como Drácula)
  • Design de Produção, que cria uma estética visual cuidada
  • Negativo
  • O filme falha em criar uma atmosfera convincente de suspense e terror
  • Ação repetitiva e previsivel
  • Personagens estereotipados e superficiais
Escrito por:
Patrícia Guerreiro
Nascida no Baixo Alentejo e criada à base de literatura fantástica e Naruto. Atualmente emigrada em Sintra, navegando esta vida de classe operária, entre crises de ansiedade e a minha paixão por filmes de terror. Ainda choro o final de Killing Eve.