Depois de ter dirigido A Autópsia de Jane Doe e Histórias Assustadoras para Contar no Escuro, André Øvredal traz-nos Drácula: O Despertar do Mal, que se inspira num capítulo particular do clássico da literatura de Bram Stoker. Nessa parte do livro é relatada a terrível história do navio mercante Demeter, fretado para transportar uma carga privada – cinquenta caixotes de madeira não identificados – de Carphatia a Londres.
É então que, desde o primeiro instante, a tripulação começa a ser assombrada por acontecimentos sinistros e sem explicação lógica, tentando sobreviver à viagem, condenada desde o início, sendo perseguidos todas as noites por uma presença impiedosa a bordo do navio.
Quando o Demeter finalmente chega à costa da Inglaterra, é um naufrágio carbonizado e abandonado e não há vestígios da tripulação.
Desde o início da viagem do Demeter, a narrativa é imediatamente marcada por maus presságios que pairam no ar, demasiado evidentes para serem ignorados, contribuindo para uma sensação de previsibilidade que permeia todo o filme, mas que são ignorados pela ganância. Os foreshadowings são tão óbvios e impossíveis de serem ignorados, que resultam num filme, à falta de melhor expressão… banal.
A utilização do Registo do Capitão remete-nos para um filme antigo de atividades paranormais, onde o capitão relata os desaparecimentos misteriosos de cada membro da tripulação ao longo da viagem, sendo possível destacar uma ausência de confronto direto com o Drácula. Deixando-nos mergulhar numa atmosfera de tensão que se torna quase palpável, mas que, no entanto, é anulada pela previsibilidade e repetição da ação ao longo do filme.
As atuações de Liam Cunningham (A Guerra dos Tronos), Corey Hawkins (The Walking Dead), David Dastmalchian (Os Suspeitos e Duna)e a interpretação de Javier Botet como Drácula oferecem momentos notáveis ao longo do filme. No entanto, essas atuações redimem o filme apenas até certo ponto, não conseguindo, no entanto, compensar inteiramente as falhas da direção de André Øvredal em criar uma atmosfera convincente de suspense e terror.
Além disso, o filme não consegue capturar o tão esperado ‘efeito Alien’, tão anunciado para o universo de Bram Stoker, deixando uma sensação de que algo está em falta na narrativa.
No geral, a história parece ser bastante autocontida e que faz demasiado uso de clichês, com uma trama simples e personagens pouco complexos, superficiais e poder-se-á dizer estereotipadas. E apesar de Øvredal fazer um excelente trabalho com o design de produção a bordo do navio, infelizmente, ‘Demeter’ nunca parece ser mais do que ser uma viagem condenada, apesar da expectativa e do potencial em redor da mesma.
Drácula: O Despertar do Mal encontra-se em exibição nas salas de cinemas nacionais.
Esta análise foi possível com o apoio da NOS Audiovisuais!
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