Everdell – Spirecrest
Publicado a 26 Jun, 2021

No silêncio das montanhas

Everdell tornou-se um dos meus jogos favoritos num abrir e fechar de olhos. Tudo o que existe no jogo é divertido e bem construído. Desde a alocação de trabalhadores e os espaços para os colocar, à arte do jogo (que é deslumbrante), até aos imensos animais que existem para colecionar ao longo de todas as expansões e edições de colecionador existentes. Por alguma razão, está no top 2 de melhores jogos na categoria familiar do Board Game Geek. E sim, tenho imensa curiosidade pelo Wingspan que está em primeiro lugar nessa mesma tabela. Curiosidades à parte, hoje trago-vos a minha análise de uma expansão do Everdell: Spirecrest. Em Spirecrest, os jogadores são convidados a embarcar numa jornada que promete imensas recompensas para os mais corajosos, mas sem ter, claro, alguns desgostos pelo caminho.

Como de costume, vou falar-vos um bocadinho de como o jogo se desenrola e depois voltamos para a minha opinião. Vejamos, então, como se joga esta expansão!

Em Everdell – diga-se, no jogo base – aquando da passagem de estação, o jogador tinha de dedicar uma das suas jogadas apenas a esta ação, não passando, basicamente, de uma recolha mais elaborada dos trabalhadores colocados ao longo do tabuleiro. Temos, claro, alguns efeitos associados a essa ação, como por exemplo, a ativação das cartas de produção aquando da passagem do inverno para a primavera, mas pouco mais havia a fazer. Agora, com a junção de Spirecrest ao nosso jogo, esta ação ganha um novo significado. Quando um jogador quiser passar de uma estação para a outra, este deve passar, primeiro, pela aventura que o espera na parte imediatamente abaixo do tabuleiro principal. No início de jogo, cada jogador irá receber um coelho aventureiro com a mesma cor dos outros meeples, para que possam então fazer as suas ações ao longo desta jornada. Este coelho não conta como um trabalhador normal. Apenas serve para representar o jogador naquela parte do mapa. Dito isto, vamos às três ações que o jogador terá de fazer agora que chegou à mudança da estação.

1.º Escolher o nosso mapa personalizado!

Este nome para a ação é demasiado descritivo, mas não encontrei nada mais apropriado. Na montagem do jogo, será dado a cada jogador um pequeno tile que indicará ao jogador que a sua expedição começará ali. Esse tile não oferece qualquer regalia. É apenas um indicador para ajudar na leitura da viagem. Ora, o primeiro trabalho de cada jogador está associado a este tile. No final do jogo, cada jogador irá tentar percorrer a maior distancia possível nestes tiles, ganhando pontos de vitória à medida que vai avançando. Para isso, o jogador terá de trocar recursos, cartas ou moedas para trocar por esses mesmos pontos de vitória. No entanto, este mapa não é predefinido para cada jogador, mas sim dinâmico. Neste primeiro move associado à expansão, o jogador terá de escolher um tile de expedição para que, no final do jogo, possa tentar cumprir com todos os requisitos associados à sua viagem.

Atenção! O vosso coelho não pode saltar tiles! Por isso, aconselho a que quando estiverem a construir o vosso percurso, não exagerem nos recursos pedidos, pois embora ganhem mais pontos de vitória se o conseguirem cumprir, podem não chegar ao fim do vosso percurso personalizado.

Estes tiles colocados ao longo do mapa são sempre diferentes em cada jogo e serão sempre iguais ao número de jogadores mais um. Por isso, num jogo para dois jogadores, existem 3 opções, por exemplo.

2.º Explorar as nossas descobertas

Tendo o nosso coelho avançado no mapa de jogo para uma outra área, foi descobrindo coisas novas ao longo da sua jornada e, claro, só coisas boas. A nossa segunda ação recompensa o jogador através de cartas que adicionamos à nossa cidade, garantindo, assim, um privilégio que de outra forma, não seria possível obter e que, em regra, é sempre muito satisfatória. O jogador pode escolher uma de três cartas que lhe são apresentadas. No entanto, cada carta tem um custo associado. A primeira a ser revelada é gratuita, a segunda terá de ser comprada por um recurso ou por uma carta e a terceira por dois recursos, duas cartas ou um de cada.

Aproveito para vos dizer que associados a estas cartas, estão os animais de grande porte que podem dar aos vossos trabalhadores normais poderes que de outra forma não teriam! Todas as habilidades são importantes, mas existem uns mais fortes do que outros, na minha opinião.

Tenham em atenção estas cartas pois os benefícios podem ajudar em muito os vossos jogos.

3.º Viajar para o próximo local

Neste último movimento, o jogador irá, simplesmente, colocar o coelho da sua cor no próximo local a explorar, revelando os tiles de mapa a recolher por cada jogador e as cartas de tempo.

E agora está na hora de vos falar da parte má desta viagem: cartas de tempo. Estas pequenas cartas começam a assombrar o jogo logo desde a primeira estação. Ao longo do jogo são reveladas quatro cartas, que podem ter incidências diferentes consoante os jogadores estiverem, igualmente, em estações diferentes. Por exemplo, um trabalhador no inverno pode estar sobre uma tempestade enquanto um trabalhador na primavera pode estar sob a influência de uma seca. E o que é que isto significa, na prática? Simples, efeitos negativos. Tanto pode ser pagar mais um recurso qualquer para jogar uma carta, como não ativar as cartas de produção, como ganhar menos recursos quando colocamos um trabalhador, etc.

Como referi, podem ser efeitos que afetem jogadores de formas diferentes pois nem todos os jogadores podem estar na mesma estação.

E, no geral, é isto malta! Claro que no final do jogo, como referi, os jogadores irão resolver a sua expedição consoante os tiles de mapas que escolheram ao longo da sua jornada, tentado, ao máximo, preencher esses mesmos requisitos para ganhar o máximo de pontos de vitória possíveis.

Veredito

Spirecrest é uma adição esperada em Everdell, diria. Antes da chegada desta expansão, a passagem de estações era relativamente vazia, não passando de uma ação acessória ao jogo. Agora sim é uma ação que influência o jogo. Adoro aquelas cartas novas que o nosso coelho pode encontrar à medida que explora o mapa, pois podem ser mesmo muito boas para a estratégia que estamos a adotar. Para além disso, mesmo aquelas que temos de comprar não são assim tão caras que inibam o jogador de as tentar obter, isto é, não perturba o jogo de cada um, de certa forma. Os novos meeples gigantes que fazem de trabalhadores com efeitos melhorados são excelentes quer em efeitos quer em arte do jogo. Everdell nunca foi um jogo feio – nem nada que se pareça – e agora está ainda melhor!

O mapa que vamos construído ao longo da nossa jornada é, também ele, parte da estratégia de cada um. Podemos tentar ir pelo maior e melhor benefício e fazer apenas até esse destino, ou escolher tiles com recompensas mais pequenas e acabar o nosso percurso. Cabe ao jogador e às cartas que, naturalmente, lhe vão calhando ao longo do jogo. Por exemplo, no último jogo que fiz, compensava-me mais acabar a exploração do mapa do que receber mais pontos pois uma das minhas cartas dava-me pontos de vitória se concluísse a minha exploração. É uma forma de ter mais interação com o jogo e ganhar cartas que, de outra forma, teríamos de pagar para colocar na nossa cidade. Digo mais, as cartas descobertas ao longo da nossa jornada são muito melhores do que as típicas cartas de jogo. Por isso, escolham bem!

Quanto às cartas de tempo, na minha opinião, são uma adição muito bem-vinda. Uma vez que não existe grande interação entre jogadores neste jogo, estas cartas são uma forma de o balançar, ou seja, se fosse dada ao jogador total liberdade para construir e ainda ter acesso às cartas da exploração, seria muito mais fácil chegar ao resultado pretendido. Assim, teremos de limar as nossas opções, refinando-as e depois, sim, jogar com a cabeça no lugar. As cartas de tempo podem ter consequências relativamente pequenas (ou não), mas são o suficiente para moldar os pontos de cada jogador. No primeiro jogo que fizemos, as pontuações que obtivemos ficaram abaixo daquelas que tivemos num jogo típico do Everdell (jogo base).

No geral, estou muito agradado pela adição desta nova expansão ao mundo de Everdell. Agora a pergunta derradeira: será que as expansões do jogo podem ser jogadas em conjunto?

Bem a essa pergunta ainda não tenho uma resposta garantida. Para os jogadores experientes e que sabem jogar cada uma das expansões individualmente, não vejo o porquê de não experimentarem, pelo menos. Quanto aos restantes ou para aqueles que não gostam de experiências de jogo muito elaboradas, diria para não o fazerem. Talvez a expansão Bellfaire traga um novo desfecho a esta pergunta, mas para já, esta é a minha posição.

E vocês? Já se aventuraram em Everdell desde que ouviram falar dela aqui no site?

Esta análise foi possível com o apoio da Starling Games!
Everdell - Spirecrest
Incrível
Criador:
Jogadores: 1-4 Duração: 00H40M (40-100 min min) Idade: 14+
Lançamento: 2020
Temática:
Distribuição:
9
  • Positivo
  • Um novo mapa para explorar;
  • Cartas de tempo dão mais desafio ao jogo base, tornando-o mais difícil;
  • Mais animais e cartas para descobrir;
  • Imensa rejogabilidade.
  • Negativo
  • Cuidado com as marcas nos componentes em madeira!
Escrito por:
Joel Henriques
A crescer com o Pokémon desde os cinco anos, apresento-me como um amante incurável do mundo dos videojogos e jogos de tabuleiro. Tenho como objetivo principal, em cada artigo que publico, escrever de forma a transmitir uma opinião simples, mas completa, para que todo o tipo de jogadores sinta que seja como se estivesse, ele próprio, a jogar. Acima de tudo, divirtam-se!