Passado todo este tempo, trago-vos um título que só pelo facto de ser uma suposta sequela a um dos meus jogos favoritos, traz algumas mecânicas que muito aprecio no que toca a jogos de tabuleiro: Expeditions. Sendo um dos últimos lançamentos da Stonemaier Games, Expeditions coloca o jogador, novamente, no mundo alternativo de Scythe, onde coabitam as máquinas e robôs, juntamente com a população. Para esta análise, uma vez que se trata de um jogo mais complexo, vou deixar as regras um pouco de lado e focar-me no que o jogo traz para a mesa, referindo os pontos negativos e positivos e, ao mesmo tempo, esmiuçando cada um deles para que vocês, os leitores, possam ter uma ideia mais clara do que esperar no que toca a esta pérola.
Primeiramente e tal como já é costume no que toca a jogos desta editora, Expeditions é um jogo que contem componentes e materiais de topo, garantindo uma longevidade enorme, não apenas nos componentes em cartão ou de plástico, mas também das cartas (têm diversas camadas de proteção e são bastante grossas). A mesma coisa acontece com as miniaturas (seja de plástico, seja de metal): o detalhe igual o seu tamanho colossal e, naturalmente, dá outro aspeto à mesa.
Também a arte do jogo já não é, para nós, desconhecida, sendo certo que a arte é relativamente parecida aquela encontrada no Scythe. Naturalmente, o tema do jogo é um pouco diferente daquele encontrado no primeiro jogo e, por conseguinte, também a arte tende a alterar consoante o mundo envolvente. No entanto, não deixa de estar repleta de qualidade (aliás, é o tema do meu fundo do ambiente de trabalho, à data da elaboração da presente análise).
Relativamente à jogabilidade em concreto, nada se compara àquela que encontramos em Scythe. Em Expeditions, o objetivo do jogo é explorar um tabuleiro desconhecido. No início do jogo, são colocados 20 hexágonos virados para baixo e que o jogador, através da sua personagem principal, vai ter de descobrir à medida que avança no tabuleiro. Em termos de movimento existem algumas restrições. Por exemplo, mas não exclusivamente, um jogador não pode terminar o nível no mesmo hexágono de outro jogador. Quando um jogador avança para uma casa por descobrir, a sua ação termina de imediato e tem de virar o hexágono em si. Move é uma das quatro opções de ações que o jogador tem ao seu dispor, sendo que Gather, Play ou Refresh são as restantes três.
Play é uma forma de utilizar as cartas da mão, o que permite ao jogador receber recursos ou outros benefícios que, à semelhança do que acontecia no Scythe, podem fazer com que o jogador trabalhe para terminar o jogo. O jogo termina quando quatro objetivos estejam cumpridos por qualquer jogador. O termo “cartas da mão” é super importante e bem estruturado, sendo que as cartas são sempre visíveis para todos os jogadores, mas o seu posicionamento junto do tabuleiro individual de um jogador é completamente distinto: cartas da mão à esquerda e, à direita, as cartas jogadas.
Gather, tal como o nome indica, é a ação que utilizamos quando queremos recolher os benefícios/recursos que estão em torno da personagem principal e, por fim, Refresh, é aquela que se utiliza para dar um reset ao tabuleiro.
No fundo, como se pode ver pelas ações, o jogo gira em torno da exploração do mapa e arranjar soluções para encontrar recursos. Em poucas instâncias, existe interação entre os jogadores (ao contrário do que existe no Scythe), sendo que este título acaba por ser um multiplayer solitaire, o que talvez possa ser remediado com expansões futuras (aliás, a data da elaboração deste artigo, já existe a primeira expansão para o jogo). Não que seja, forçosamente, um ponto negativo para o jogo, aliás, ainda bem que é diferente e nesse aspeto, embora a arte seja muito parecida, em termos de conteúdo, é muito diferente.
Expeditions explora uma vertente de jogos de tabuleiro que sempre gostei. Embora considere Scythe como sendo um dos meus jogos favoritos – muito, talvez, provocado por ter sido um dos primeiros jogos que comprei, juntamente, com o Terraforming Mars – sempre considerei os multiplayer solitaire como sendo uma das minhas mecânicas favoritas. Embora goste de alguma interação, confronto direto, em jogos de tabuleiro, não é comigo. Talvez por isso só tenho um jogo de guerra na minha coleção (estou a olhar para ti Root) e, o que tenho, tem uma arte com animais fofinhos.
Dito isto, este é o primeiro jogo que testo que o objetivo primordial é, precisamente, a descoberta por hexágonos. Naturalmente, em todos os jogos de tabuleiro, existe um ou outro fator surpresa, seja no drafting, seja nas habilidades das personagens, seja nas cartas, entre outros. Aqui, o próprio mapa é sempre diferente, tal como tentaram fazer com o tabuleiro modelar no Scythe que, diga-se, é muito satisfatório quando comparado com o mapa do jogo base. Além disso, existe uma enorme possibilidade de, no futuro, existirem cada vez mais espaços para explorar, trazendo diversidade para todos os jogos.
Todavia, em termos de regras, diria que Expeditions acaba por pecar em relação a Scythe, isto em termos de jogo base e introdução ao estudo do jogo. Mesmo parecendo mais complexo, Scythe acaba por ser mais simples de levar para a mesa do que Expeditions e, diria eu, leva menos tempo a aprender. Não deixam de ser ambos complexos para não se introduzirem a pessoal que nunca jogou. Não estamos a falar de um Codenames, por exemplo.
Expeditions tem imenso potencial para ser uma estrela quando nos debruçamos sobre o mundo alterativo da sua prequela, mas Scythe jamais passará a ser uma sobra as custas deste seu novo colega.
Esta análise foi possível com o apoio da Stonemaier Games!
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