Quando Jungle Cruise: A Maldição nos Confins da Selva foi anunciado, a minha reação foi, no máximo, moderada. Suponho que se possa dizer que não me… rio facilmente. Perceberam? Porque “rio” é onde se passa a ação do filme e… Enfim… No fundo, simplesmente não esperava muito de um filme baseado numa atração da Disney. Macacos me mordam, como iriam transformar um simples e pequeno safari pelo meio de animais animatrónicos numa história divertida? Francamente, parecia-me simples marketing para promover os parques e uma das atrações (à primeira vista) mais aborrecidas.
Antes de avançar, voltemos um pouco atrás e juntemos algum contexto. Jungle Cruise é uma atração dos parques temáticos da Disney, introduzida inicialmente em 1955 na Disneyland em Califórnia. Nela, os visitantes são guiados por selvas dos 5 cantos da Terra, ao som das melhores piadas do planeta (que seriam também as mais secas, não fosse a Amazónia tão húmida). Estou a brincar. Toda a gente sabe que a Terra tem a forma de um disco de frisbee e os discos de frisbee não têm cantos.
Não é das atrações mais modernas, tecnologicamente avançadas ou cheias de adrenalina, mas é relaxada, fresca e para a toda a família. É ótima para parar uns minutos e descansar entre montanhas-russas e a verdade é que, juntamente com outras como “É Um Pequeno Mundo” e “Mansão Assombrada”, continua a juntar visitantes mesmo após tantos anos. O filme espelha bem essa essência e, apesar da acção se passar em 1900 e troca o passo, é bastante intemporal. Consigo vê-lo a passar nas TVs daqui a uns anos.
Entrando no filme em si, esse leva-nos pela selva numa aventura cuja duração anda ali entre os 120 minutos e as 2 horas e logo desde o início, Jungle Cruise faz justiça à sua fonte de inspiração com a introdução de Frank (Dwayne Johnson), um guia na exótica floresta da Amazónia. Nesses primeiros momentos, é quando mais se sente a ligação entre o filme e a atração, enquanto Frank leva um grupo de turistas incautos pelo rio. Quem já embarcou no Jungle Cruise, poderá até reconhecer algumas das anedotas. Claro que o filme não será todo assim, mas surpreendeu-me o quanto conseguiram inserir da atração no filme sem se tornar demasiado tolo.
Continuando rio acima, a vida de Frank não anda espectacular, mas então entra Lily Houghton (Emily Blunt), uma aventureira rebelde que o contrata para a guiar pela floresta em busca de uma árvore mítica com poderes curativos. Como seria de esperar, pelo caminho encontram todo o tipo de desafios, seja a própria selva ou outros competidores na corrida pelo poder de mudar o mundo.
As estrelas do filme não fogem muito às expectativas. Apesar de não serem exactamente camaleónicas, diria que as suas prestações chegam para aquecer corações enquanto nos levam por uma aventura Indiana Jones-esca.
Por outro lado, diria que os efeitos especiais saltitam entre o aceitável e o “oof, esperava melhor”, mas o filme não é sobre os efeitos, mas sim sobre a partida à aventura e creio que nesse aspecto, o sentimento está lá. Tirando o ocasional momento mais parado, temos direito a uns twists interessantes, o já tradicional momento woke e bom entretenimento para um sábado à tarde.
Quero também realçar que houve um ou outro momento em que fiquei a pensar se a Disney não se teria esquecido que este era um filme da Disney. Quero dizer, há uma ou outra imagem que pode ficar na memória de algumas crianças, mas hey! vimos o Mufasa morrer n’O Rei Leão e sobrevivemos. Além disso, as novas gerações são conhecidas por serem mais rijas. Vão ficar bem… Provavelmente.
Por fim, vale a pena? De uma forma geral, a minha opinião do filme é boa, por isso diria que sim. Não será o filme do ano, mas está dentro das expectativas. Diria também que se não soubesse, não diria que o filme era baseado numa atração (tal como os filmes dos Piratas das Caraíbas), por isso podem cancelar os voos. Dito isso, há claramente ali uns pequenos miminhos para quem conhece e imagino que isso cubra uma boa porção dos americanos, chineses e japoneses da audiência. Se quiserem saber do que estou a falar, sugiro procurar no YouTube por gravações. Não é a mesma coisa, mas é mais barato, não têm que aturar filas de espera, o calor, a humidade, entre outros. A única desvantagem é a publicidade. Bem, ok, é ela por ela.
Podem entrar a bordo do Jungle Cruise nos cinemas ou no Disney+ (ou claro, nalguns dos parques temáticos espalhados pelo globo).
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