Kneecap
Publicado a 16 Abr, 2025

Quando o professor JJ (DJ Próvai) conhece os irreverentes Naoise (Móglai Bap) e Liam Og (Mo Chara) , nasce um trio que a história do hip-hop nunca antes vira. Rimando em irlandês (Gaeilge), os Kneecap tornam-se um líder improvável de um movimento revolucionário, visando salvar a sua língua materna.

Rich Peppiatt, que escreveu e dirigiu a obra, apareceu por breves minutos antes desta começar, deixando uma mensagem para aqueles que, tal como eu, compareceram à antestreia do seu filme – “Kneecap” é uma jornada frenética e alucinante sobre origens e sobre a resistência cultural ao colonialismo britânico, provocadora e instigante, toda ela camuflada por comédia da boa e, segundo as palavras do realizador, oferecendo uma nova roupagem a um antigo lema: sexo, drogas e… hip-hop.

Kneecap consegue atingir o seu objetivo na perfeição. Fruto de um cinema europeu que tende a chegar sem grandes alaridos, a verdade é que a jornada de Peppiatt consegue, sem tirar o pé do acelerador, colocar-nos dentro desta história, partindo de uma premissa original e abordando um tema que, a princípio, não parece forte o suficiente para nos manter na sua narrativa, mas que, à medida que o filme vai avançando, Peppiatt vai ensinando ao seu espectador a importância das línguas indígenas que cada vez mais caem em desuso e o quanto elas podem ser importantes para esta revolta cultural, podendo ser o contraponto da violência “com que todas as histórias sobre Belfast começam”.

As atuações são todas muito boas e a química entre os três protagonistas, quando combinada com o excelente timing de comédia do argumento de Rich Peppiatt, gera boas gargalhadas. A edição de Julian Ulrichs e Chris Gill combina muito bem com toda a estética do filme e algumas escolhas a nível do design de produção pareceram-me audaciosas o suficiente para arriscar em fazer algo diferente sabendo, no entanto, os seus limites, evitando que caíssem no banal.

Kneecap foi o primeiro filme de língua irlandesa a estrear no Festival de Sundance, a 18 de janeiro de 2024. Por isso, creio que a barulhenta e irónica crítica social da obra, que se propunha a não se levar a sério, de alguma forma, já cumpriu o seu propósito.  

Esta análise foi possível com o apoio da NOS Audiovisuais!
Kneecap - O Trio de Belfast
Kneecap
Muito Bom
Realizador:
Argumento:
Duração: 01H45M (105 min)
Ano: 2025
Distribuição:
Lançamento: 3 de Abril de 2025
8.5
  • Positivo
  • Direção e argumento
  • Atuações
  • Negativo
  • A pouca utilização de alguns personagens
Escrito por:
Tomás Sena
Todos me chamam Tommy, “Tomás Sena” é só para parecer mais profissional. Apaixonado por cinema desde que me conheço por gente, gosto de escrever e dar a conhecer aos outros o que a sétima arte me dá a conhecer a mim. O rapaz que pegou num livro, com 9 anos, na biblioteca da escola, devido ao simples facto da sua capa ser apelativa, e esse simples gesto mudou para sempre a sua vida. O livro, o terceiro da, ainda hoje minha favorita, saga Harry Potter, moldou o rapaz, tornando-o num verdadeiro geek, que hoje escreve do seu quarto cheio de Pop Figures como testemunhas. Sempre pronto para o próximo livro, filme, série… para a próxima história que me fará mergulhar num novo universo e sempre decidido a defender a tese de que Pulp Fiction é o melhor filme já feito.