Xbox Series X|S
Lego 2K Drive
Publicado a 06 Jun, 2023

Explosão de peças

Acho que não invento muito quando digo que a primeira vez que ouvi falar de Lego 2K Drive foi há pouco mais de um mês, o que também não é assim muito estranho tendo em conta que o mesmo foi anunciado em março.

Na altura, estranhei a mistura de estilos visuais. Existia conteúdo construído em Lego, como edifícios e veículos, mas depois o cenário em si tinha um aspeto mais realista. Ainda hoje, após ter jogado, continuo sem entender esta decisão. Talvez para facilitar a circulação dos veículos pelo mapa, talvez por ser mais simples, talvez por outra razão qualquer que me ultrapassa.

Contudo, ao jogar é algo que muito raramente vamos pensar. Sendo este aquilo a que se pode chamar de mundo aberto, acho que estranhamos mais quando passamos de estar rodeados de conteúdo Lego, como em cidades, para do nada estarmos no meio do deserto ou numa paisagem verdejante, ou até num ambiente mais fantasmagórico.

Este são os três principais biomas em que se divide o mundo de Bricklandia. Em cada um deles, vamos ter variadas atividades para fazer. Existem as corridas convencionais, esperado de um jogo como este. Há contrarrelógio, recolher certos itens, andar com jatos colados ao veículo enquanto passamos por vários pontos, salvar civis no meio de um ataque zombie. Há de tudo um pouco e que nos vai entreter durante boas horas.

E se não entreter, azar, porque realmente precisamos de fazer várias atividades para subir de nível em certos momentos chave da história do jogo. Esta não é muito elaborada, e acho que também não era esse o propósito. Estamos a aprender a conduzir, há um grande campeonato, temos de derrotar o grande vilão que vai competir connosco para ser o grande condutor de Bricklandia.

Vamos então percorrer cada bioma enquanto vamos ganhando corridas mais pequenas, acumulamos pontos para chegar a outras, e assim sucessivamente até que esteja tudo terminado e estejamos mais perto de ganhar a Sky Trophy. Talvez o modo história exista mais para nos habituarmos à forma de funcionar com cada veículo, e como isso afeta a nossa corrida. É que os biomas não existem apenas para variedade visual. Cada tipo de terreno, pede um veículo diferente, daí que se do nada passamos de alcatrão para terra batida, o veículo automaticamente se transforma num outro. E se decidirmos atirar-nos à água, rapidamente mudamos para um barco.

Isto não acontece apenas de bioma para bioma, dentro de cada um deles tão depressa estamos em terreno mais agreste como em alcatrão como em água. E até nas próprias corridas em circuito fechado essa mudança existe. Isto não só acaba por tornar tudo mais interessante, porque esta mudança além de visual também afeta ligeiramente os controlos do veículo. É uma nova camada de desafio.

E para finalizar, temos de garantir que os três veículos que temos selecionados no nosso personagem estão equiparados no que diz respeito a desempenho. É aqui que as coisas começam a ficar verdadeiramente interessantes.

Enquanto progredimos no jogo, vamos desbloqueando veículos, que variam entre si não só pelo peso total mas também pelo desempenho. Uns conseguem acelerar mais rapidamente, outros conseguem ter uma velocidade máxima maior, outros resistem mais a ataques e impacto, entre outros. Tudo isto é possível de aceder e ver rapidamente na escolha de veículo. Porém, se nenhum destes veículos nos agradar, temos uma opção que vai buscar a verdadeira magia da Lego e nos dá total liberdade na criação de um veículo para cada tipo de pavimento.

A nível de peso, é fácil perceber que quanto mais peças usarmos, mais pesado o carro fica, mas torna-se complicado controlar a nossa vontade de querer fazer tudo e mais alguma coisa num só veículo, principalmente numa fase inicial em que não temos grandes habilidades que podemos adicionar para tornar o veículo mais rápido ou resistente, ou dar um atributo extra que nos ajude nas corridas. É fácil perdermos rapidamente o controlo do que estamos a fazer. E várias vezes criei um veículo que pensei ir resultar bastante bem em corrida e depressa aprendi que não era o caso.

Na primeira vez, fiquei algo arrependido porque estive mais de uma hora a montar Lego e no final não compensou. Ainda assim, a satisfação de fazer a minha própria construção, em que posso decidir tudo de um veículo, até ao tipo de material e cor de cada peça, ninguém me tira. Foi hora e meia que passou a voar! Ia jurar que estava no criador há pouco mais de trinta minutos e se nem tivesse pensado, tinha lá ficado duas horas. Isto pode ser um perigo, quando a ideia é pegar no comando e correr contra adversários e depois nem sequer uma estrada vimos. Daí que eventualmente decidi que quando lá voltasse, era mudanças rápidas, fazer tudo sem pensar muito e seguir caminho. Estranhamente, funcionou melhor porque me foquei no geral e não em detalhes que pouco ou nada afetavam, pela positiva, o veículo em si.

Isto ganha ainda mais importância quando o assunto é jogar contra outros jogadores.

Podemos fazer isso presencialmente com outro amigo, saltar rapidamente para uma corrida apenas, sem perder grande tempo a explorar o mapa, ou até podem jogar no modo cooperativo que nos permite terminar o jogo todo em dupla. Se estiverem sozinhos e também só quiserem fazer uma corrida rápida, ou várias, têm essa opção.

Caso esteja cada um na sua casa, as coisas ficam mais interessantes porque podem fazer exatamente o descrito em cima, mas até seis amigos! E nem precisam estar na mesma plataforma.

Se pretendem competir contra outros jogadores pelo mundo inteiro, podem fazer isso a solo e tentar sair em primeiro lugar ou até trazer mais dois amigos, mas só um sairá vitorioso na mesma.

Aqui os veículos que escolhem convém estar com a melhor performance possível, já que não sabem quem vão encontrar e as coisas podem ficar mais intensas. E pior ainda, quando não sabem que power-ups vão apanhar durante as corridas que rapidamente podem mudar o curso da corrida. Desde mísseis a teias de aranha, a transformar o veículo em fantasma ou até teletransportar-nos para mais próximos da frente da corrida, há de tudo um pouco e convém estarmos devidamente preparados para aguentarmos o ataque.

Mas no geral, este não é um título Lego que podia ser tudo aquilo que se desejava. Acho que é bem capaz de ser daqueles que pior explora todas as possibilidades que uma marca como a Lego permite. Se pensarmos bem na coisa, o que temos em 2K Drive é algo que outros títulos já fazem. Talvez não numa transição tão contínua, mas estar a conduzir em circuito para ir a rally para depois passar a barco ou até aviões, não é algo que já não tenhamos visto.

Também a customização, ainda que seja definitivamente o ponto alto do jogo, existe em praticamente todos os títulos de condução. Daí que aquilo que senti falta quando olho para um jogo deste género associado à marca Lego, é mesmo a possibilidade de construção de tudo o que diga respeito às corridas em si. A possibilidade de construir uma pista é algo que tenho sentido bastante falta já desde o defunto ModNation Racers. É certo que não deverá ser algo tão simples de se implementar quanto a modificação de veículos, que é mais isolado, mas se não for para explorar as possibilidades que toda uma IP permite explorar, por que razão estar sequer a esgotar a possibilidade em algo que não a excelência?

Seja como for, Lego 2K Drive é um jogo competente e divertido, que talvez vá tornar-se rapidamente repetitivo, mas se é um género de jogo que gostem e queiram ter uma experiência com a Lego atrelada, este é sem dúvida um jogo a experimentar.

Esta análise foi possível com o apoio da Capital Games!
Lego 2K Drive
Lego 2K Drive
Bom
Distribuição:
Estúdio:
Lançamento: 16 de Maio de 2023
7
  • Positivo
  • Personalização de veículos
  • Corridas divertidas e suficientemente desafiantes
  • Negativo
  • Zero personalização além dos veículos
  • Demasiado parecido a outros títulos do género
Escrito por:
Marco Almeida
Viciado em tudo o que conte uma boa história, desde cinema a videojogos, séries a banda desenhada, e até um bom jogo de tabuleiro. Tudo é motivo para me atirar de cabeça a universos alternativos. E já agora, o Scorsese está errado; o MCU é o pináculo da sétima arte! Quem respira, concorda!