PlayStation 4
Maid of Sker
Publicado a 27 Set, 2020

Desenvolvido pela Wales Interactive, o jogo de terror e sobrevivência, Maid of Sker leva-nos até ao Hotel Sker, em 1898. O argumento deste videojogo foi inspirado no folclore britânico ocorrido em 1989, em torno de Sker House, um hotel que existe até hoje e é conhecido como um dos mais assombrados na Grã-Bretanha. De acordo com a história original, em 1700, Elizabeth Williams apaixonou-se por um compositor local chamado Thomas Evans, mas este romance não era bem visto pelo pai dela. Depois de uma tentativa de fuga, Elizabeth acabou trancada e morreu de coração partido, nove anos depois de um casamento arranjado. Até hoje, dizem que o fantasma de Elizabeth assombra o local.

Esta história também foi inspiração de muitos contos ao longo dos anos, sendo a mais notável a do escritor de Lorna Doone, R. D. Blackmore. A história de Maid of Sker fica um pouco mais perto da sua origem do que o romance de Blackmore, embora leve as coisas numa direção diferente.

Em Maid of Sker, percorremos esta história como Thomas Evans, um compositor que viajou para Sker Point, uma península rochosa no de País de Gales, para resgatar a sua amada, Elizabeth. Ela cresceu naquele lugar, filha da famosa cantora Prudence Williams. O seu pai, dono do hotel, pretende que Elisabeth assuma o cargo da mãe, visto que esta faleceu, e se torne a atração principal, atraindo visitantes à terra isolada. Ela diz a Thomas que se recusou e que, como resultado, o seu pai a trancou até que ela concordasse. No entanto, algo terrível aconteceu em Sker Point, e Elizabeth envia uma carta a Thomas, pedindo-lhe que este quatro cilindros fonográficos, que estarão espalhados no hotel e que quando tocados juntos, irão quebrar uma maldição que se abateu sobre a sua família.

Quando Thomas chega ao hotel, apercebemos logo que Sker Point mergulhou no caos sobrenatural, onde o hotel decrépito está cheio de pessoas que se transformaram em criaturas assustadoras incapazes de ver, mas muito alertas ao som e preparados para atacar. Thomas deve tentar chegar até Elizabeth, evitando-os. Um dos destaques do jogo é que não há armas, pelo que a sobrevivência está sobretudo dependente da forma como o jogador se esquiva aos inimigos e se mantém em silêncio.

Enquanto exploramos o hotel, a verdadeira natureza da ameaça que enfrentamos é revelada lentamente e vamos tentando adivinhar até a escolha obrigatória na conclusão do jogo. Dicas e informações são introduzidas gradualmente por meio de notas coleccionáveis, gravações em fonógrafos e chamadas com Elizabeth, por um telefone interno do hotel.

O cenário do Hotel Sker é eficaz, cheio de corredores escuros e empoeirados no interior e paisagens labirínticas, cobertas de vegetação. É um local assustador e sombrio que combina bem com a atmosfera do jogo. O tema musical é muito consistente em todo o jogo, estando todo o enredo relacionado com uma canção bizarra e muito poderosa (e que parece ser a solução de todos os problemas). Sem dúvida que o verdadeiro ponto positivo de Maid of Sker é a maneira como ele lida com o som, onde somos apresentados a algumas versão reinventadas de hinos tradicionais galeses, adicionando um ambiente tenso em todo o jogo.

O facto que ao explorar o hotel, enquanto evitamos as várias ameaças, temos que ser o mais silenciosos possíveis, porque os nossos inimigos, apesar de cegos, irão reagir ao menos som. Portanto, é necessária uma abordagem cuidadosa e cautelosa. Controlar o barulho que fazemos e controlar a respiração é fundamental, e vamos ter momentos que temos que prender a respiração enquanto caminhamos através de poeira e fumaça, enquanto resistimos à vontade de tossir. Eventualmente, encontraremos um objeto misterioso que pode produzir um ruído alto que irá desorientar os inimigos e que nos dará oportunidades de escapar. No entanto, este aparelho terá cargas limitadas, o que nos obriga a considerar as situações em que o iremos usar.

Maid of Sker valoriza a busca e conservação dos consumíveis. Para além das cargas do aparelho, para curar precisamos de encontrar frascos de tónico. Para guardar o jogo, só em fonógrafos, que iremos encontrar em salas específicas. A maior parte do tempo é passada em stealth mode, escondido atrás de móveis e esgueirando-se, evitando os inimigos, em busca de itens e resolvendo puzzles. Os quebra-cabeças não são especialmente desgastantes, mas requerem algum raciocínio dedutivo para serem resolvidos.

Embora o cenário e a história sejam inicialmente intrigantes, a experiência de jogar torna-se dolorosa com o tempo. Além da inconsistência ocasional no alcance de detecção do inimigo, estes são abundantes e difíceis de evitar, e as ferramentas que temos à a disposição são frequentemente prejudicadas pela extrema escassez de itens.

Uma das grandes inconsistências de Maid of Sker é o desempenho e qualidade de imagem. Dentro do hotel geralmente é bom, mas a vegetação fora do hotel deixa muito a desejar. Existem áreas que parecem granuladas, havendo texturas melhores que outras, mas os visuais geralmente melhoram e nunca interferem na jogabilidade.

Maid of Sker estabelece uma abordagem de terror que enfatiza a vulnerabilidade e a fragilidade do jogador, invés do confronto e combate. Uma premissa excelente, uma narrativa convincente e uma atmosfera efectiva de terror são destruídas por visuais turvos, um sistema de save antiquado e pela exorbitância de inimigos, que podem dar vontade de arrancar cabelos. O jogo apresenta vários modos de dificuldade, podendo diminuir a quantidade de inimigos e a escassez de itens, dando a oportunidade do jogador se focar mais na história e no ambiente.

Esta análise foi possível com o apoio da Wales Interactive!
Maid of Sker
Capa
Bom
Distribuição:
Estúdio:
Lançamento: 28 de Julho de 2020
7
  • Positivo
  • Premissa excelente
  • Banda sonora
  • Haver finais alternativos
  • Atmosfera
  • Negativo
  • Performance
  • A escassez de itens torna o jogo profundamente frustrante
  • Sistema de save
Escrito por:
Cristiana Ramos
Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir).