À primeira vista, Mare of Easttown parecia ser mais um mistério de detetives com a típica protagonista conturbada, a pequena cidade pacata assolada por um crime hediondo, a lista de suspeitos em constante mudança, e a paleta de cores sombria e suja. No entanto, Mare of Easttown é, na realidade, um drama familiar e um estudo de personagem sobre uma mulher a lidar com a perda de um filho, o consequente divórcio do ex-marido e a criação do neto, no meio de uma batalha pela custódia com a mãe.

Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, Erin McMenamin (Cailee Spaeny) é uma jovem mãe que luta para sobreviver. Erin tem um pai horrível chamado Kenny (Patrick Murney), que reclama sobre o custo do neto para a família, e Erin só precisa de uma saída. O que primeiro parece uma solução potencial na estreia da série se transforma em algo muito diferente e um novo mistério se desdobra na pequena cidade da Pensilvânia, que trará todos os personagens acima mencionados junto com Lori (Julianne Nicholson), a melhor amiga de Mare, um Diácono local chamado Mark Burton (James McArdle) e um colega chamado Dan Hastings (Neal Huff), junto com o detetive Colin Zabel (Evan Peters), um investigador de fora da cidade trazido para ajudar.

Estes dois géneros juntos, o de mistério de assassinato e o do drama familiar, são muito diferentes. Um pede reviravoltas, suspense, perguntas que anseiam por respostas, enquanto o outro é normalmente pautado por um ritmo mais lento e histórias que se podem estender por anos sem conclusão. O facto de a série investir neste lado da saga familiar impõe que o final não termine com a resolução da história policial, exigindo que se procure curar também todas as feridas emocionais que continuam a atormentar os Sheehans.

Tudo isso ajuda a que a chocante revelação sobre o assassino de Erin consiga ser tão surpreendente, mas também certa, de uma forma quase visceral. Ficamos imediatamente convictos de que o culpado é óbvio, mas sem nos sentirmos desfraldados.

Mare of Easttown é um refrescante olhar sobre trauma, luto e padrões de comportamento. É sobre aquelas conexões que se formam em pequenas comunidades e se fragmentam nas famílias. E o que é empolgante é que não ficamos apenas curiosos sobre as resoluções para os muitos mistérios desta série, mas o impacto que eles terão sobre esses personagens fascinantes. Uma série fascinante da HBO Max que só pelas inúmeras nuances na performance de Kate Winslet como Mare Sheehan vale a pena cada minuto.