Miller’s Girl – A Favorita
Publicado a 23 Abr, 2024

Normalmente, quando escrevo a minha opinião de um filme, não início com a reação do público. Porém, antes mesmo de se iniciar o filme, a minha parceira de cinema expressou uma frase que, apesar de não dita, era sem dúvida o que todos pensávamos:

“Não tenho a certeza se quero ver o Bilbo a f*der a Wednesday”

Assim, com esta curta frase que o espectador sem dúvida já pensou, começo a crítica deste filme que tanto me custou escrever.

Vi o filme em antestreia, e se o leitor verificar a data deste artigo, notará que é de alguns dias após a chegada do filme ao cinema. A razão para o meu atraso é mais que óbvia, se o leitor quiser basta saltar para o fim do artigo e virá a pontuação: 3,5.

Penso ser importante explicar a pontuação: o filme é muito fraco. Além de conter um enredo já mais que conhecido (além de muito mal aproveitado), o pior é realmente o facto de ser mais um filme a sugar da fama da atriz Jenna Ortega. Não se pode dizer que a atriz fez um mal trabalho, porque não o fez, porém conseguiríamos ver inúmeras outras atrizes (menos conhecidas) a interpretar o papel e ,possivelmente, a interpretá-lo de forma mais convincente. Por outras palavras, aqui temos mais um filme que pega numa Jenna Ortega e insere-a à força num mundo que sem a sua participação não seria completamente ridículo. Infelizmente, aqui temos mais um filme com uma personagem vestida a atriz de cinema porno, ou como se retirada da série de Euphoria. Pior é que tentam passar a personagem por tímida, solitária e um pouco nerd, o que simplesmente é inacreditável.

Agora, o leitor pode pensar que exagero. Que não posso comparar um filme que foi selecionado pelo Festival Internacional de Palm Spring com um filme pornográfico. Então convido-o a ir ver o filme. O mais provável é sair da sala de cinema desconsolado, visto que pelo menos num filme pornográfico ganha-se alguma satisfação.

Sinto necessidade de pelo menos redimir parte do filme. Apesar de um par de atores que muito provavelmente atraíram grande parte dos espectadores à sala de cinema, a razão por que se calhar não abandona a sala é graças aos atores secundários, especificamente Bashir Salahuddin (Boris) e Gideon Adlon (Winnie). Ambos roubaram o show, mas é importante dar especial enfase a Gideon Adlon, que realmente rouba o espetáculo com a sua fabulosa representação de emoções de adolescente às portas da idade adulta, demonstrando uma grande flexibilidade artística, mas também uma humanização de uma personagem num filme em geral artificial.

A melhor descrição do filme é realmente “artificial”. Uma simples história: um professor, Jonathan Miller (Martin Freeman) recebe uma nova estudante, Cairo Sweet (Jenna Ortega), na sua turma. Logo de início, Cairo destaca-se como talentosa, e, portanto, recebe especial atenção por parte do professor. Há um desenvolvimento de sentimentos por ambas as partes, que pode ou não ter envolvido relações sexuais entre professor e aluna. E o resto é história.

Em vez de procurar desenvolver o enredo e as personagens que tem, Miller’s Girl procura antes utilizar Jenna Ortega como modelo para roupas que nunca na vida um adolescente utilizaria na escola, enquanto força o espectador a tolerar sons de uma mulher a expirar constantemente atrás da cena, como tentativa de tornar coisas tão simples como café em algo sexual. Logo, é só cringe.

Esta análise foi possível com o apoio da Pris Audiovisuais!
A Favorita
Miller's Girl
Mau
Realizador:
Duração: 01H33M (93 min)
Ano: 2024
Distribuição: ,
Lançamento: 4 de Abril de 2024
3.5
  • Positivo
  • Ótimos atores secundários
  • Engraçado (por vezes)
  • Negativo
  • Áudio incomodativo
  • Irrealista
  • Enredo artificial
  • Aborrecido
  • Cheio de "palha"
Escrito por:
Isabel Rezende
Descrever-me-iam em poucas palavras, antissocial, com cara de rufia, cabelo curto, esquisita e com uma atitudezinha de mosca. Escrevo desde os 13 anos, mas só comecei a ler seriamente aos 17 anos. No meu primeiro ano de licenciatura li dois dicionários, curou-me o ódio pelos livros. Sou uma alma velha num corpo de criança, tudo me surpreende ou me enfurece.