O livro Munique, de Robert Harris, foi publicado em 2017 e editado, em português, 3 anos mais tarde, em 2020, pelo Grupo Presença. Apesar de se tratar de uma obra de ficção, o livro acarreta, também, uma grande “bagagem” histórica, unindo personagens e acontecimentos reais a outros fictícios.
Primeiro, façamos um enquadramento.
Após a I Guerra Mundial, e até 1938, milhões de alemães vivam na recém criada Checoslováquia. Com vista a estabelecer alguns limites às pretensões de Adolf Hitler sobre esse território, os líderes das maiores potências europeias da altura – Neville Chamberlain (Reino Unido), Adolf Hitler (Alemanha), Benito Mussolini (Itália) e Édouard Daladier (França) – reuniram-se em Munique, em setembro de 1938, numa conferência em que a própria Checoslováquia não foi convidada a participar.
Foi, então, alcançado um acordo – o Acordo de Munique – que dava à Alemanha de Hitler o direito à região dos Sudetos, desde que o mesmo se comprometesse que esta seria a última reivindicação territorial alemã. Obviamente, todos sabemos como isso correu, já que, no ano seguinte, a Alemanha invade o território polaco, dando início à II Guerra Mundial, que viria a prolongar-se até 1945.
De facto, é após o Acordo de Munique, que Chamberlain, ao regressar ao Reino Unido, profere a famosa frase “Peace for our time” (“paz para o nosso tempo”) que, por sua vez, origina a não menos famosa “resposta” de Churchill – “You were given the choice between war and dishonor. You chose dishonor, and you will have war” (“Pudeste escolher entre a guerra e a desonra. Escolheste a desonra e terás a guerra”).
No livro Munique, Robert Harris dá vida ao período de quatro dias que antecedeu as negociações em Munique. Como personagens principais, apresenta-nos Hugh Legat, membro do corpo diplomático britânico, e Paul von Hartmann, pertencente à equipa de relações externas da Alemanha mas que, em segredo, integra um grupo anti-Hitler. Ambas as personagens partilham uma amizade de tempos passados, quando ambos eram estudantes em Oxford.
Legat sabe que Chamberlain apenas quer a paz, de forma a proteger um Reino Unido que não estava pronto para a guerra. Hartmann, por sua vez, tem perfeita noção de que Hitler não quer nada a não ser a guerra. Os dois amigos começam, então, a comunicar e a tentar arranjar uma forma de garantir que o Mundo sabe a verdade sobre o que se está a passar.
Munique permite-nos viver a história de uma forma diferente. Permite-nos, também, aprender e, de certa forma, despertar o nosso interesse pelo período pré-II Guerra Mundial – falo por mim, pelo menos, que não resisti a gastar algum tempo na internet, quando acabei o livro, para saber mais sobre o assunto.
Para fãs de ficção histórica, Munique tem de pertencer, sem dúvida, à “lista” de livros a ler!
Entretanto, em 2021, a história foi adaptada para um filme – Munich The Edge of War (Munique à Beira da Guerra), que se encontra disponível na Netflix!
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