Scythe – Um mundo a descobrir
Publicado a 21 Abr, 2023

Hoje trago-vos mais um jogo de tabuleiro. Correção: não é apenas mais um. A Stonemaier Games é uma das minhas editoras favoritas e este jogo é uma das razões pelas quais tenho tanta admiração pelo trabalho desenvolvido ao longos dos anos por todos os profissionais que a compõem. Scythe é um belíssimo jogo onde os jogadores irão encabeçar uma de cinco fações, cada uma com o seu poder especial, cumprindo objetivos e conquistando o terreno ao longo do mapa. O jogo termina quando o sexto objetivo é conquistado por qualquer um dos jogadores, mas isso não significa, forçosamente que quem a conquistou que leve a taça para casa.

Como se joga?

Na montagem do tabuleiro, cada jogador recebe uma fação e um mapa de ações. Tanto o mapa como a fação são únicos de jogador para jogador, sendo que existem combinações mais fortes que outras (existe uma tier list, mas aconselho, vivamente, pelo menos nas primeiras jogadas, a não pesquisar e não utilizar estratégias abusadas sob pena de tirar a piada do jogo, na minha opinião, claro). Além disso, cada tabuleiro individual começa de forma diferente, dando a cada jogador, pontos fortes e fracos dependendo do tabuleiro que lhes tenha calhado. Isto não significa que alguém fique a perder e isso é parte da magia deste jogo. Todos temos pontos fortes e fracos, temos apenas de os saber explorar: A faz uma ação mais barata que B, mas B pode fazer outra mais barata do que A, por exemplo.

O mapa é enorme, sendo que cada fação inicia a sua jogada na sua península. Uma vez mais, cada fação tem acesso a recursos específicos na sua península, não se espelhando qualquer semelhança entre os diferentes locais do jogo. A acrescer a essa diversidade, os jogadores terão ainda direito a explorar as chamadas cartas de encontro (traduzidas para português) onde os jogadores são expostos a uma situação/episódio com três outcomes diferentes, cabendo ao jogador escolher o beneficio que melhor se enquadra na sua situação, de acordo com o seu entendimento.

Sobre os objetivos, como disse, cada jogador tem acesso a seis estrelas de objetivos que deve almejar cumprir até ao final do jogo: quantos mais objetivos tenha cumpridos,  mais pontos recebe no final. No entanto, os objetivos são apenas a chave para despoletar o términus do jogo, ou seja, isso não significa que não existam outros objetivos. Popularidade, combate, recursos, mechs e dinheiro, são apenas alguns dos objetivos gerais que levam o jogador à vitória, já para não falar da elevada importância das infraestruturas e do centro do mapa, onde se encontra a factory. Aquando da chegada do jogador à factory, pela primeira vez, o jogador é presenteado com uma carta que faz com que este ganhe um novo local para colocar o seu marcador de ação, tendo assim acesso a uma ação mais forte, dedicada apenas ao seu tabuleiro.

Scythe não é apenas um jogo onde existe muita coisa para fazer, é também um jogo que premeia pela variada existência de estratégias viáveis: podemos ser agressivos, podemos ser passivos, podemos ser coletores, o que quisermos. No entanto, também não devemos ir apenas por uma destas vias, ou seja, um jogador que apenas ataque, não vai ter grande popularidade (se afastar workers com esse ataque). Isto significa que, no final do jogo, vai ter menos pontos de vitória por cada marcador geral que tenha, isto porque, ao atacar, o jogador perde pontos de popularidade se, com esse ataque, atacar os trabalhadores do inimigo. Além disso, pode também perder pontos de influência, o que também não abona a seu favor. Então, porque atacar? Primeiro, objetivos gerais: existem duas estrelas para ganhar com combates ganhos. Segundo, questão estratégica, seja para atacar, seja para defender. Terceiro, para roubar recursos. E isto é meramente um exemplo. Neste jogo, cada um sabe da sua estratégia e o que pode, ou não pode fazer em qualquer dado momento.

Aliado a esta enormidade, tenho também de falar dos Mechs que são uma grande influencia neste jogo. Para além de serem peças muito bonitas e trabalhadas, os Mechs são como que aliados da nossa fação, trabalhando lado a lado para proteger os nossos workers e os nossos recursos. Os Mechs ainda podem também auxiliar o jogador a transportar os trabalhadores/recursos, para que estes não fiquem espalhados pelo mapa.

Gostava ainda de fazer alusão ao rigor que existe na elaboração do mapa e à sua conjugação com as regras. A existência de rios e lagos que fazem com que os workers não possam passar a nado (tirando o poder de uma das fações). Uma vez que tenham esse poder, só podem passar para um determinado local do mapa. O facto de existirem túneis para passar de um lado para o outro do mapa, abrindo uma imensidão de formas e estratégias diferentes, existindo um leque de opções enorme.

Por fim, como se joga?

Bem, simples: escolher uma ação do nosso tabuleiro individual e jogar em conformidade com a ação escolhida. O problema: existem imensas possibilidades: 8 para ser preciso (ou dez, caso já tenham a carta da factory). Mover, ganhar dinheiro, ganhar popularidade, construir um mech, entre outras.

Veredito

Scythe é um mundo e adorei esta experiência. Primeiro, é um dos jogos mais bonitos que tenho na minha coleção. Os componentes são fantásticos e resistentes e a arte é magnifica. Os componentes melhorados que existem para venda em separado são ainda mais fascinantes do que aqueles que encontramos na caixa. No entanto, são completamente secundários, pois não afetam, em nada, o jogo base.

Em termos de jogabilidade, apresenta um leque de diversidade de estratégias, criatividade e conteúdo. Por tudo aquilo que já referi, vale mesmo a pena experimentar este jogo. No entanto, não apresentaria este jogo numa primeira abordagem ao mundo dos jogos de tabuleiro. Há muita coisa a aprender, muitas regras que não podemos deixar de observar e muita paralisação de análise. Ou seja, não é um jogo que possamos aprender em 5 minutos. Garantam que têm um grupo coeso e que “trabalhe” convosco para aprender as regras e tenho a certeza que terão um bom tempo com o jogo.

Esta análise foi possível com o apoio da Stonemaier Games!
Scythe
Um mundo a descobrir
Incrível
Criador:
Jogadores: 1-5 Duração: 01H30M (90-115 min min)
Lançamento: 2016
Temática:
Distribuição:
9
  • Positivo
  • Imenso conteúdo para explorar, desde fações a estratégias de jogo;
  • Cada fação tem o seu ponto forte;
  • Materiais de elevadíssima qualidade, bem como as miniaturas.
  • Negativo
  • Não é um jogo para iniciantes;
  • Jogo propício a paralisação de análise.
Escrito por:
Joel Henriques
A crescer com o Pokémon desde os cinco anos, apresento-me como um amante incurável do mundo dos videojogos e jogos de tabuleiro. Tenho como objetivo principal, em cada artigo que publico, escrever de forma a transmitir uma opinião simples, mas completa, para que todo o tipo de jogadores sinta que seja como se estivesse, ele próprio, a jogar. Acima de tudo, divirtam-se!