Para os mais atentos fãs de videojogos o nome Submerged: Hidden Depths certamente vos soa familiar. Isto é porque o jogo, desenvolvido pela Uppercut Games já foi lançado em 2020 em exclusivo para a Stadia e este ano chega ao PC e às consolas.
Confesso que nunca tinha experimentado a série Submerged anteriormente e quando me foi dada a possibilidade de jogar Submerged: Hidden Depths, a sequela do jogo original Submerged, muito pouco sabia o que esperar, mas fui positivamente surpreendido!
Submerged: Hidden Depths é um jogo de puzzles e exploração no qual jogas na pele de Miku, que se faz acompanhar pelo seu irmão Taku, um personagem não jogável, enquanto exploras uma cidade submersa num infinito oceano e edifícios estão infetados com a chamada “black root”, um tipo de planta que depois de muitos anos a ser abusada pela Humanidade para produzir energia, acabou por se corromper e matar a maioria dos Seres Humanos, deixando para trás cópias dos mesmos criados por plantas.
E isto é o pouco que consegues perceber no início do jogo, pois aqui está um dos pontos fortes de Submerged: Hidden Depths. Não só a jogabilidade se baseia em puzzles que te ajudam a explorar o mundo e a curar as plantas infetadas com a ajuda dos poderes de Miku, mas a própria história em si está submergida em mistérios. De onde veio esta cheia gigante que destruiu a maior parte das cidades do planeta? O que são estas plantas? Onde estão os outros Humanos? De onde vêm os poderes de Miku? Nada disto é explicado e terás de progredir na história e descobrir os vários mistérios escondidos no mapa (uns parte das missões, outros que terás de explorar para encontrar) para ter as respostas que procuras.
Submerged: Hidden Depths consegue ligar a história, personagens e exploração criando em ti o desejo de continuar a explorar para perceberes o que aconteceu com o mundo e os personagens, sem nunca sentires que tens de te afastar da história para o fazeres.
Esta exploração é um dos pontos focais do jogo, sendo que tens sempre a opção de seguir as missões ou explorar as “ilhas”, que neste mundo são os prédios mais altos das cidades que conseguem ter os seus pontos mais altos fora da água), utilizando o pequeno barco a motor que os irmãos usam para se movimentar.
Muitas vezes os jogos têm dificuldade em equilibrar exploração e história/missões, mas Submerged: Hidden Depths fá-lo na perfeição, com uma ratio de mais ou menos 60/40, onde vais passar 60% do tempo a resolver puzzles e os outros 40% a explorar o mundo. Se 40% te parece muito é porque ainda não viste a beleza do mundo à tua volta em Submerged: Hidden Depths, com uma cidade submersa tão misteriosa como bela. Com um mundo vivo à tua volta com algo sempre a acontecer no background, pode estar uma baleia a nadar perto de ti, ou estão gaivotas a caçar, ou até as plantas estão a reagir à presença de Miku.
Também os personagens são um ponto forte no jogo. Durante todo o jogo apenas vemos 2 personagens, Miku e Taku, mas a sua história é tão complexa e misteriosa que vais estar investido até ao fim, a tentar descobrir o trauma e o lado negro por trás desta ligação fraternal tão forte.
O facto de os personagens não falarem uma língua que conheçamos e terem criado uma língua sua para poderem comunicar é um pormenor muito interessante no world building, que mostra o quão isolados estes irmãos estão. Esse isolamento será ainda mais óbvio à medida que exploras o mundo e avanças na história. Isto é feito através, como disse anteriormente, da resolução de puzzles que levam à descoberta de mistérios e da salvação das plantas infetadas pela doença.
Estes puzzles não são particularmente difíceis, mas obviamente ficam mais complicados à medida que o jogo avança. Mas não te preocupes, Submerged: Hidden Depths dá-te todo o tempo e liberdade para resolveres os puzzles ao teu tempo. No jogo não há quaisquer inimigos ou perigo de seres atacado/a ou morreres, nem sequer tens o perigo de cair de um ponto alto e teres de reiniciar o puzzle, pois Miku impede-te de fazê-lo. No fundo, Submerged: Hidden Depths quer que te foques nos seus pontos fortes: personagens, puzzles e Mundo e é muito bom a redirecionar a tua atenção para isso mesmo.
Mas com isto não estou a dizer que não existem também vários pontos onde o jogo podia melhorar e que o impedem de saltar do nível de “um bom jogo de puzzles” para um dos jogos de puzzles marcantes da sua geração.
Um destes problemas é a falta de interação com o mundo à tua volta. A cidade submersa que exploras é tão misteriosa e visualmente atrativa que vais querer explorar cada canto e detalhe da mesma. Mas não esperes muitos itens ou ações com que interagir. Vais poder procurar sementes de plantas raras, os diários das pessoas desaparecidas e algumas skins para o teu barco a motor, mas fora dos puzzles (que aí poderás interagir com vários itens) há muito pouco com que interagir, criando um mundo gigante e atrativo que muitas vezes pode parecer vazio.
Para além disso, outro dos problemas que noto em Submerged: Hidden Depths são algumas mecânicas no jogo. Como já disse, Miku impede-te de saltar/cair de sítios altos para a tua morte, mas esta mecânica é tão presente no jogo que às vezes até a simples ação de saltares um pequeno vão de escadas te é impedido e na verdade tens de descer os 2 pequenos degraus para poderes progredir. Para além disso, apesar de a interação com o mundo à tua volta ser muito importante na resolução dos puzzles, há várias interações (como trepar cordas, saltar entre plataformas ou caminhar em caminhos estreitos) que não te dá qualquer sinal de que são interativos. Isto faz com que muitas vezes te vás encontrar a caminhar contra paredes ou plataformas só para ver se Miku ativa a animação de interação sozinha ou se simplesmente não são interativas.
Estas mecânicas podem tornar o mundo mais imersivo (sem botões a saltarem cada vez que te aproximas de algo) e mais fluído mas também tornam o jogo por vezes confuso e frustrante.
No final Submerged: Hidden Depths é um jogo de puzzles, visualmente atrativo, que entrega o que promete. Uma história cheia de mistério e segredos por descobrir que se foca na exploração em vez de no combate. Com uma narrativa inovadora e uma história emocionalmente pesada, é um jogo que recomendo a qualquer fã de videojogos que queira jogar algo menos competitivo e castigador e queria ter uma experiência mais positiva e libertadora de um mundo pós-apocalíptico.
Por isso pega no teu melhor chapéu de explorador e na tua melhor roupa de Verão e junta-te a Miku e Taku, no dia 10 de Março (dia de lançamento) enquanto exploras uma cidade que serve como aviso para os perigos do aquecimento global e do abuso de recursos naturais.
Esta análise foi possível com o apoio da Uppercut Games!
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