Xbox One
Tell Me Why
Publicado a 27 Ago, 2020

Tell Me Why é o mais recente videojogo de aventura narrativa de DONTNOD Entertainment, o estúdio por detrás da famosa franquia Life is Strange. Este videojogo apresenta uma forte ênfase na história, personagens e alguns “poderes” que funcionam como um dispositivo de trama e uma mecânica de jogo que irá ajudar a desvendar segredos desta história.

Apesar de não ser uma jogadora assídua, quem me conhece sabe que adoro histórias interativas. Devorei o Heavy Rain, Until Dawn, Detroit Become Human e The Dark Pictures: Man of Medan num ápice, e ainda temos mais alguns na lista, como por exemplo, Life is Strange. É verdade, ainda não o acabei, logo não vou fazer nenhuma comparação entre Life is Strange e Tell Me Why.

Neste primeiro episódio de Tell me Why, a história começa com a reunião dos gémeos Tyler e Alyson Ronan, que após uma infância bastante amorosa, mas muito conturbada, estão separados desde que a sua mãe faleceu, há 10 anos atrás. Situado numa pequena, mas bela cidade ficcional, Delos Crossign, no Alasca, os gémeos regressam à sua casa de infância e usam o seu vínculo sobrenatural para desvendar os mistérios e segredos do seu passado, por meio de memórias contraditórias e visões misteriosas.

Neste primeiro episódio somos apresentados a uma nova mecânica de jogo, o “Bond”, um elo sobrenatural e único entre os gémeos Ronan, que lhes permite revisitar as suas memórias e falar entre eles, uma espécie de “voz interior”. Os jogadores vão utilizar o Bond como uma das várias ferramentas para descobrir a verdade sobre o que efectivamente aconteceu com a morte da sua mãe.

O nascimento de irmãos gémeos é algo que sempre fascinou o ser humano, mesmo no campo da genética (especialmente da epigenética), onde apesar de compartilharem o mesmo background genético, acumulam diferenças conforme envelhecem devido às experiências individuais durante a vida. É algo que podemos observar durante este primeiro capítulo de Tell Me Why, onde temos Tyler e Alyson com personalidades completamente diferentes e distintas. Além da incrível semelhança, a conexão especial que ambos compartilham é algo que nem a ciência consegue ainda decifrar e existe muito sobre o assunto que ainda não tem explicação. É interessante ver esta ligação entre os gémeos transformada numa mecânica de jogo, sendo algo diferente e que flui bastante bem na história. Mas chega por agora da aula de ciências!

Tal como em Life is Strange e outros jogos de aventura narrativa, conforme vamos avançando na história e vamos descobrindo mais sobre a memórias de infância dos gémeos, as nossas escolhas ao longo do percurso do jogo vão afectar o relacionamento entre irmãos, irá determinar a força do seu vínculo e moldará o curso das suas vidas e, presumo, o final da história.

Um aspeto muito interessante é o facto de as memórias não serem recordadas exactamente da mesma forma por Tyler ou Alyson, cabendo aos jogadores decidir qual é a memória que vão seguir e qual percurso escolher. Este aspeto é baseado em facto verídicos, porque na vida real, as mesmas situações vividas por duas pessoas diferentes são recordadas e marcam de maneira diferentes (até em gémeos!).

O relacionamento entre Tyler e Alyson é a espinha dorsal do jogo e parece-me que vai direccionar o caminho que a história irá percorrer. Até agora, a minha estratégia tem sido manter um relacionamento amigável e compreensível, apesar de muitas vezes sentir que andamos a caminhar numa camada muito fina de gelo que pode partir a qualquer momento. Por isso, sejam sábios nas vossas escolhas!

Uma grande diferença e inovação de Tell Me Why, é que é o primeiro videojogo de um grande estúdio a apresentar um protagonista transgénero. Tyler apresenta-nos a história de um homem transgénero e toda a sua caminhada ao descobrir quem realmente é. A Dontnod Entertainment trabalhou em colaboração com a Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), um grupo de defesa LGBTQ, para criar a personagem e garantir a autenticidade. O facto de Tyler ser um homem transgénero é importante na história, mas não é o principal da história. A relação entre o Tyler e a Alyson, bem como a sua jornada para descobrir o passado, é o foco de Tell Me Why.

Tell Me Why vai tocar nalguns temas sensíveis tais como transexualidade e problemas de saúde mental, mas são tópicos que devem ser falados e a história de Tyler e Alyson pode ser o motivo perfeito para se iniciar a conversa.

Quanto a questões mais técnicas, adorei os gráficos e todas as paisagens do Alasca. Existe uma cena, quase logo no início do jogo, onde os gémeos vão de barco a atravessar o rio, e quase que dá vontade de pegar nas malas, ir apanhar o avião e ver aquelas vistas com os meus próprios olhos. A banda sonora encaixa na perfeição em todos os momentos, acompanhando o percurso e a emoção da história. Os controlos do jogo são o calcanhar de aquiles de Tell Me Why, na minha opinião. Muitas vezes torna-se frustrante estarmos a jogar e tentarmos interagir com um objeto e só à terceira ou quarta tentativa é que funciona (ou então sou só eu que sou uma naba nisto).

O jogo está todo falado em inglês, mas tem opções para legendas e com vários idiomas à escolha, incluindo português do Brasil, apesar que já merecíamos a opção português de Portugal. Gostei do facto de podermos aumentar o tamanho das legendas e colocar um fundo preto, porque queixei-me imenso ao jogar Man of Medan, porque as legendas estavam pequeníssimas e tinha que me colar à televisão para ler alguma coisa.

Tell Me Why será lançado em três partes, sendo o primeiro lançamento na Xbox One e no Windows já hoje, dia 27 de agosto. O lançamento do segundo e terceiro episódio será a 3 e 10 de Setembro, respectivamente. Todos os três capítulos estarão disponíveis para jogar gratuitamente para os assinantes do Xbox Game Pass.

Esta análise foi possível com o apoio da Microsoft/Xbox!
Tell Me Why
Capa
Muito Bom
Distribuição:
Plataformas:
Lançamento: 27 de Agosto de 2020
8.5
  • Positivo
  • Personagens reais
  • Temas que devem ser falados e explorados
  • A ligação entre os gémeos
  • Escolhas emocionantes
  • História complexa e interessante
  • Negativo
  • Controlos do jogo podem tornar-se frustrante
  • Legendas em português do Brasil
Escrito por:
Cristiana Ramos
Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir).