Tell Me Why é o mais recente videojogo de aventura narrativa de DONTNOD Entertainment, o estúdio por detrás da famosa franquia Life is Strange. Este videojogo apresenta uma forte ênfase na história, personagens e alguns “poderes” que funcionam como um dispositivo de trama e uma mecânica de jogo que irá ajudar a desvendar segredos desta história.
Apesar de não ser uma jogadora assídua, quem me conhece sabe que adoro histórias interativas. Devorei o Heavy Rain, Until Dawn, Detroit Become Human e The Dark Pictures: Man of Medan num ápice, e ainda temos mais alguns na lista, como por exemplo, Life is Strange. É verdade, ainda não o acabei, logo não vou fazer nenhuma comparação entre Life is Strange e Tell Me Why.
Neste primeiro episódio de Tell me Why, a história começa com a reunião dos gémeos Tyler e Alyson Ronan, que após uma infância bastante amorosa, mas muito conturbada, estão separados desde que a sua mãe faleceu, há 10 anos atrás. Situado numa pequena, mas bela cidade ficcional, Delos Crossign, no Alasca, os gémeos regressam à sua casa de infância e usam o seu vínculo sobrenatural para desvendar os mistérios e segredos do seu passado, por meio de memórias contraditórias e visões misteriosas.
Neste primeiro episódio somos apresentados a uma nova mecânica de jogo, o “Bond”, um elo sobrenatural e único entre os gémeos Ronan, que lhes permite revisitar as suas memórias e falar entre eles, uma espécie de “voz interior”. Os jogadores vão utilizar o Bond como uma das várias ferramentas para descobrir a verdade sobre o que efectivamente aconteceu com a morte da sua mãe.
O nascimento de irmãos gémeos é algo que sempre fascinou o ser humano, mesmo no campo da genética (especialmente da epigenética), onde apesar de compartilharem o mesmo background genético, acumulam diferenças conforme envelhecem devido às experiências individuais durante a vida. É algo que podemos observar durante este primeiro capítulo de Tell Me Why, onde temos Tyler e Alyson com personalidades completamente diferentes e distintas. Além da incrível semelhança, a conexão especial que ambos compartilham é algo que nem a ciência consegue ainda decifrar e existe muito sobre o assunto que ainda não tem explicação. É interessante ver esta ligação entre os gémeos transformada numa mecânica de jogo, sendo algo diferente e que flui bastante bem na história. Mas chega por agora da aula de ciências!
Tal como em Life is Strange e outros jogos de aventura narrativa, conforme vamos avançando na história e vamos descobrindo mais sobre a memórias de infância dos gémeos, as nossas escolhas ao longo do percurso do jogo vão afectar o relacionamento entre irmãos, irá determinar a força do seu vínculo e moldará o curso das suas vidas e, presumo, o final da história.
Um aspeto muito interessante é o facto de as memórias não serem recordadas exactamente da mesma forma por Tyler ou Alyson, cabendo aos jogadores decidir qual é a memória que vão seguir e qual percurso escolher. Este aspeto é baseado em facto verídicos, porque na vida real, as mesmas situações vividas por duas pessoas diferentes são recordadas e marcam de maneira diferentes (até em gémeos!).
O relacionamento entre Tyler e Alyson é a espinha dorsal do jogo e parece-me que vai direccionar o caminho que a história irá percorrer. Até agora, a minha estratégia tem sido manter um relacionamento amigável e compreensível, apesar de muitas vezes sentir que andamos a caminhar numa camada muito fina de gelo que pode partir a qualquer momento. Por isso, sejam sábios nas vossas escolhas!
Uma grande diferença e inovação de Tell Me Why, é que é o primeiro videojogo de um grande estúdio a apresentar um protagonista transgénero. Tyler apresenta-nos a história de um homem transgénero e toda a sua caminhada ao descobrir quem realmente é. A Dontnod Entertainment trabalhou em colaboração com a Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), um grupo de defesa LGBTQ, para criar a personagem e garantir a autenticidade. O facto de Tyler ser um homem transgénero é importante na história, mas não é o principal da história. A relação entre o Tyler e a Alyson, bem como a sua jornada para descobrir o passado, é o foco de Tell Me Why.
Tell Me Why vai tocar nalguns temas sensíveis tais como transexualidade e problemas de saúde mental, mas são tópicos que devem ser falados e a história de Tyler e Alyson pode ser o motivo perfeito para se iniciar a conversa.
Quanto a questões mais técnicas, adorei os gráficos e todas as paisagens do Alasca. Existe uma cena, quase logo no início do jogo, onde os gémeos vão de barco a atravessar o rio, e quase que dá vontade de pegar nas malas, ir apanhar o avião e ver aquelas vistas com os meus próprios olhos. A banda sonora encaixa na perfeição em todos os momentos, acompanhando o percurso e a emoção da história. Os controlos do jogo são o calcanhar de aquiles de Tell Me Why, na minha opinião. Muitas vezes torna-se frustrante estarmos a jogar e tentarmos interagir com um objeto e só à terceira ou quarta tentativa é que funciona (ou então sou só eu que sou uma naba nisto).
O jogo está todo falado em inglês, mas tem opções para legendas e com vários idiomas à escolha, incluindo português do Brasil, apesar que já merecíamos a opção português de Portugal. Gostei do facto de podermos aumentar o tamanho das legendas e colocar um fundo preto, porque queixei-me imenso ao jogar Man of Medan, porque as legendas estavam pequeníssimas e tinha que me colar à televisão para ler alguma coisa.
Tell Me Why será lançado em três partes, sendo o primeiro lançamento na Xbox One e no Windows já hoje, dia 27 de agosto. O lançamento do segundo e terceiro episódio será a 3 e 10 de Setembro, respectivamente. Todos os três capítulos estarão disponíveis para jogar gratuitamente para os assinantes do Xbox Game Pass.
Esta análise foi possível com o apoio da Microsoft/Xbox!
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