Tengoku Daimakyo, traduzido para inglês como Heavenly Delusion, é um anime da temporada de primavera, lançado entre abril e junho de 2023, com treze episódios. Criado por Masakazu Ishiguro, é a segunda obra dele a ser adaptada para anime — a primeira foi “And Yet The Town Moves,” uma comédia surreal sobre empregadas. A realização ficou a cargo de Hirotaka Mori, conhecido pelo seu trabalho em vários projetos, incluindo “Psycho-Pass 3” e o primeiro filme da série.
No ano 2024 o mundo colapsa, monstros andam à solta pelas ruínas do Japão. Os sobreviventes vasculham os edifícios para sobras enlatadas de comida para sobreviver. Kiruko, uma rapariga que aceita qualquer trabalho em troca em compensação, aceitou o desejo de morte de uma senhora de levar um rapaz, chamado Maru, a um sítio chamado céu, recebendo uma pistola laser como compensação. Nos primeiros episódios, parece serem apenas dois adolescentes a atravessar as ruínas do Japão nos anos 2040s, um pouco slice of life a desenvolver a relação entre eles de amizade e proximidade.
É interessante notar que, anos após o colapso, nenhum dos personagens se lembra claramente do que aconteceu, pois eram crianças na época. Quando perguntam aos adultos sobre o que ocorreu, recebem sempre histórias diferentes. Três versões foram apresentadas: a primeira sugere que alienígenas invadiram e são os monstros que agora vagam; a segunda, que os robôs se revoltaram contra os humanos e destruíram tudo; e a última, que acho mais provável, é que uma guerra de grande escala escalou para um conflito nuclear, resultando na destruição mútua.
Este anime apresenta duas narrativas simultâneas. Na primeira, Kiruko acompanha Maru na sua jornada para encontrar uma pessoa idêntica a ele num lugar chamado “céu”. Na segunda, há uma escola cercada por muros onde adolescentes vivem, frequentam aulas, fazem testes e participam de atividades físicas. Eles são assistidos por robôs e supervisionados por adultos, vivendo uma infância protegida. Cada um deles possui uma habilidade física ou mental especial, como força, resistência, audição aguçada, sonhos premonitórios ou uma intuição apurada. Na escola, há alguém igual ao Maru, sugerindo que a escola pode ser o “céu” que Maru está procurando.
As duas narrativas são bem desenvolvidas e conseguem equilibrar o drama e a comédia. Na história de Kiruko e Maru, o enredo abrange desde a luta pela sobrevivência até discussões triviais entre irmãos ou um casal de idosos. Enquanto isso, na escola, a narrativa é mais tensa, centrada nas razões pelas quais os adolescentes estão confinados e o que pode existir além das muralhas. No entanto, há também momentos leves de romance entre os personagens, incluindo relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero, algo raro no contexto japonês.
Este mundo apocalíptico apresenta uma narrativa bem construída à medida que Maru e Kiruko percorrem várias cidades do Japão, revelando diferentes histórias e modos de vida. Encontram pessoas que estabelecem negócios, como hotéis ou fazendas, e histórias de indivíduos que fogem de algo ou do próprio passado. Além das intrigantes narrativas dos diversos personagens, eles precisam atravessar um mundo cheio de monstros e criaturas selvagens. Maru possui um poder único de detetar e destruir esses monstros com um toque, algo que balas não conseguem fazer.
Só pela capa do anime achei que iria ter um desenho e animação interessante e não desanimou, os monstros apresentados são sempre coisas grotescas inimagináveis. Contraposto pela beleza demonstrada neste mundo de ruínas a ser retomado pela natureza, explanando uma nova aventura na descoberta deste mundo abandonado e dos seus tesouros do passado. Transmitindo a sensação de que podemos simplesmente ver a aventura destes dois a acontecer sem nenhuma preocupação, mas, na verdade, há pequenas pistas que vão sendo deixadas, e para quem está atento pode desvendar o mistério. É a audiência que tem de descobrir o mistério da escola e a relação deles com o céu e o inferno que é o Japão de 2040s.
Só pela capa do anime, já imaginei que a animação seria interessante, e não me dececionei. Os monstros apresentados são sempre grotescos e inimagináveis, contrastando com a beleza das ruínas retomadas pela natureza. Isso cria uma nova aventura na exploração deste mundo abandonado e dos seus tesouros do passado. Transmite a sensação de que podemos simplesmente acompanhar a jornada dos protagonistas sem preocupações, mas, na verdade, há pequenas pistas espalhadas ao longo do caminho. Aqueles que prestam atenção podem desvendar o mistério por trás da escola e a sua relação com o “céu” e o “inferno” do Japão dos anos 2040.
Concluindo, recomendo a todos assistir a este anime, pois oferece um pouco de tudo: drama, comédia e ação. A história é intrigante por si só, subvertendo expectativas e revelando como as duas narrativas se conectam apenas nos últimos episódios — embora, se estiveres atento, podes perceber essas conexões mais cedo. Além disso, está preparado para temas mais pesados típicos de mundos apocalípticos, como fome, órfãos que cuidam uns dos outros, roubos e bandidos.
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