Era 30 de Janeiro de 1969 quando a maior banda do mundo subiu ao telhado do edifício onde gravava o seu mais recente álbum, em Londres, e surpreendeu os sortudos que por lá passavam com o seu ritmo e melodias. Todos os fãs de rock’n’roll sabem de que concerto falo, uma vez que ficou para sempre imortalizado como um dos mais icónicos, não só pela peculiaridade do local, como por ser a última atuação em público dos The Beatles.
Como os fãs mais atentos já sabem, no passado novembro, estreou um documentário na Disney+, que prometia finalmente mostrar ao mundo as centenas de horas de áudio e vídeo gravados durante a produção de Let It Be. Este documentário de Peter Jackson mostra os contratempos da banda durante as semanas de produção, mas também do seu génio a escrever canções. Estas gravações culminaram neste memorável concerto, que é agora honrado com tratamento especial para IMAX®, num evento especial de três dias em Portugal, neste fim de semana (11, 12 e 13 de fevereiro), no Colombo, CascaiShopping e MAR Shopping.
Não há que temer, pois o “filme” não tem as 7 horas do documentário, nem obriga a assisti-lo antes de ir ao cinema, dado que começa com uma breve introdução à banda e a sua subida à popularidade, acabando com o concerto, saltando assim os incontáveis minutos de ensaios. Este capítulo, que é novo em relação ao documentário, visa sumarizar os acontecimentos até àquela tarde de 69, permitindo a qualquer pessoa na sala de cinema, mesmo sem conhecer a música da banda, compreender o fenómeno The Beatles dos anos 60.
A otimização da imagem para os ecrãs IMAX® não foi especialmente notável, não que isso fosse esperado, na medida em que foi gravado há mais de 50 anos e há limites para o que a tecnologia consegue fazer. Há mesmo momentos em que a imagem não cobre a massiva tela da sala, mas que é compensado quando o ecrã divide e mostra várias gravações ao mesmo tempo. A sensação de imersão, no entanto, é algo de extraordinário, talvez pelo ecrã ligeiramente curvo que estas salas de excelência oferecem.
O principal elemento a notar é sem dúvida o som magnânimo. Até ao momento do concerto, nem reparamos na qualidade do som que passa enquanto vemos dos rapazes de Liverpool e as multidões que os perseguem. Quando o primeiro acorde de Get Back toca naquele telhado, no entanto, como que um tsunami de emoções inunda qualquer fã de música, e somos transportados pelo tempo e espaço para aquela rua com todos os londrinos que olham para cima e questionam o que está a acontecer.
Ao longo do fantástico concerto, vamos ouvindo comentários de ingleses, cuja sorte (ou azar para muitos) trouxe àquela rua. Estes testemunhos, que até evocam algumas gargalhadas, ajudam a montar uma espécie de nostalgia paradoxal por tempos que muitos de nós nem vivemos. A saída da sala é feita com alguma melancolia ao perceber que foi tudo uma fantasia de uma hora e que voltar atrás no tempo é deveras impossível.
Este foi o último concerto dos The Beatles, uma vez que as diferenças entre o grupo começavam a criar conflito e ameaçavam a separação. São precisamente estas discordâncias que são mostradas no longo documentário na Disney+. O concerto no fim do documentário mostra que, apesar dos percalços, os The Beatles conseguem celebram a sua música e a amizade que partilham entre os quatro, havendo uma catarse emocional que deixa lágrima no olho dos mais emotivos (que é o meu caso, confesso). É precisamente aí que este pequeno excerto fica aquém da contraparte mais longa. Como não assistimos aos altos e baixos que Paul, John, George e Ringo enfrentam, o concerto, por si só, não evoca tão forte emoção.
No fundo este é um evento verdadeiramente imperdível para os fãs e será o mais próximo que todos teremos de alguma vez experienciar um concerto desta gigante banda. A pequena introdução ajuda os menos entusiastas a aprender mais sobre a música do grupo, permitindo a qualquer pessoa assistir. A atmosfera envolvente que só IMAX® proporciona transporta a audiência para aquela tarde cinzenta de 1969, em que só se consegue conter a energia batendo com o pé ao ritmo da música. Fica garantida uma tarde a trautear Get Back e outros clássicos como I Dig a Pony e I’ve Got A Feeling, e uma experiência do imortal concerto, ao qual só estas salas poderiam dar vida.
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