O jogo oficial da ATP e WTA de 2024 chega na forma de TIEBREAK, uma aposta da Nacon que promete oferecer uma experiência autêntica e imersiva no mundo do ténis. A Nacon, conhecida por um portefólio diversificado de estúdios especializados em diferentes géneros, confiou a produção deste título ao estúdio australiano Big Ant Studios, sediado em Melbourne. Este estúdio tem vindo a destacar-se por trazer à luz desportos menos explorados na indústria dos videojogos, como o rugby, o críquete e a AFL (futebol australiano). No entanto, é no ténis que o Big Ant Studios tem vindo a consolidar-se como um nome relevante, trazendo uma nova vitalidade ao desporto nos videojogos. Sou um entusiasta de ténis, tanto no mundo real como no virtual, e sempre que tenho oportunidade de revisitar esta modalidade, o entusiasmo é renovado.
Desde a minha infância, tenho acompanhado de perto a evolução dos jogos de ténis, começando na era da NES e passando pela fase dourada do género, nos inícios dos anos 2000, com títulos emblemáticos como Virtua Tennis, Top Spin, Roland Garros Tennis (Next Generation Tennis), Smash Court Tennis e Grand Slam Tennis. Esses jogos abriram-me as portas para novas experiências no desporto virtual, consolidando uma paixão que, com o passar dos anos, parecia ter sido esquecida à medida que as grandes franquias desapareciam. Em 2024, no entanto, assistimos ao renascimento deste género, com a Big Ant Studios a manter viva a chama do ténis nos videojogos.
Quando tive a oportunidade de analisar AO Tennis 2, também desenvolvido pela Big Ant Studios, fiquei com a sensação de que, embora fosse um bom jogo de ténis, faltava-lhe aquele “algo” que tornava outras sagas verdadeiramente mágicas. Em 2020, estávamos num ponto de transição, e agora, com o lançamento de TIEBREAK, é importante perceber até que ponto o estúdio conseguiu evoluir o seu “serviço” e se este novo título se destaca como um simulador de ténis de excelência.
O mais interessante em TIEBREAK é a sua clara ambição em ser o melhor simulador de ténis disponível no mercado. Embora o ténis seja um desporto complexo na realidade, as suas mecânicas adaptam-se relativamente bem aos videojogos, permitindo uma aproximação interessante ao mundo real. Neste título, vemos um esforço genuíno em recriar os meandros do ténis, desde as competições até à gestão de uma carreira, colocando o jogador no centro da ação. A experiência de construir e evoluir uma carreira no circuito é imersiva e rica em detalhes, oferecendo uma exploração profunda das dinâmicas do desporto.
No entanto, existem alguns aspetos que podem ser desafiadores desde o início. Um desses é a interface dos menus. Por mais que possa parecer um detalhe menor, a navegação pelos menus é uma parte importante da experiência, especialmente num jogo que exige gestão e planeamento, como é o caso de um modo carreira. Infelizmente, TIEBREAK peca pela simplicidade excessiva dos seus menus, que não conseguem envolver o jogador e podem tornar-se monótonos ao longo do tempo. A Nacon, com a sua experiência em jogos de desporto, deveria ter investido em interfaces mais atraentes e dinâmicas, que mantivessem o jogador motivado e interessado na exploração de cada detalhe do jogo.
Graficamente, TIEBREAK apresenta um bom desempenho. A Big Ant Studios conseguiu criar um jogo visualmente digno da geração atual, mesmo que não seja o mais realista de sempre. Contudo, aqui surge uma questão pessoal que gostaria de partilhar. Num jogo de ténis com uma abordagem arcade, os gráficos são secundários e até podem ser estilizados de forma cartoon, o que muitas vezes resulta numa experiência agradável. Porém, quando se trata de um simulador, a expectativa é de realismo em todos os aspetos. Embora TIEBREAK consiga atingir um nível de detalhe satisfatório, sinto que o jogo poderia ter investido mais neste aspeto para se aproximar ainda mais da realidade. Dito isto, também reconheço que esta escolha gráfica poderá não ser um problema para muitos jogadores, uma vez que o jogo, de facto, tem um bom aspeto geral.
Os detalhes ambientais são outro ponto positivo, ajudando a construir uma atmosfera envolvente. Por exemplo, os placares marcam informações como a hora real em que estamos a jogar, o que adiciona um toque de realismo surpreendente ao jogo. Numa experiência pessoal, ao jogar os primeiros sets no modo carreira com as regras oficiais, fui surpreendido ao verificar que estava naquela partida há 70 minutos. Este nível de detalhe reflete o compromisso do jogo com a simulação. No entanto, para aqueles que preferem uma experiência mais rápida, TIEBREAK oferece uma vasta gama de opções de personalização. Desde o número de sets, pontos a realizar, até ao formato dos tiebreaks, o jogo permite que cada jogador adapte a experiência ao seu estilo e tempo disponível.
A dificuldade do jogo é outro aspeto que merece ser destacado. TIEBREAK oferece vários níveis de dificuldade, mas encontrei-me num dilema ao tentar encontrar o equilíbrio certo. Comecei no modo normal, que é o intermediário, e experimentei uma alternância entre vitórias e derrotas, o que manteve o desafio interessante. No entanto, subir ou descer um nível resultou num aumento drástico de dificuldade ou numa facilidade exagerada. A falta de equilíbrio entre os três níveis intermédios pode ser um ponto negativo para alguns jogadores, especialmente para aqueles que procuram um desafio mais ajustado. No entanto, acabei por permanecer no nível normal, o que me permitiu desafiar as minhas limitações enquanto aprendia as nuances do jogo, resultando numa experiência satisfatória com cada ponto conquistado.
No que diz respeito à jogabilidade, TIEBREAK oferece controlos simples e diretos, mas dominar o jogo requer alguma prática, especialmente quando se trata de combinações mais complexas. Para jogadores menos coordenados, isto pode ser um desafio. Os maiores problemas que encontrei foram no serviço e na corrida para intercetar a bola. O serviço, em particular, é uma questão de timing preciso, sem qualquer barra de ajuda visual. A bola muda de cor e o momento exato para largar o botão é quando está verde, mas a janela de tempo é tão curta que pode tornar-se frustrante. Mesmo quando pensei ter dominado o sistema, o jogo parecia aumentar a dificuldade, levando-me a falhar o serviço repetidamente.
Correr para receber a bola não é uma tarefa simples, exigindo uma boa dose de hábito, coordenação e precisão. O jogo desafia os jogadores a combinarem vários botões para se posicionarem corretamente no campo, mas o tempo disponível para executar essas combinações é frequentemente escasso, o que aumenta o nível de dificuldade. Este desafio, embora possa ser frustrante inicialmente, incentiva uma curva de aprendizagem que valoriza a prática constante. No entanto, um dos pontos-chave é o domínio do serviço, que, uma vez aperfeiçoado, permite controlar melhor a direção e o ritmo do jogo, tornando a jogabilidade mais estratégica. Para suavizar a experiência, especialmente para os jogadores que ainda estão a familiarizar-se com as mecânicas do jogo, TIEBREAK oferece opções de assistência automática para a corrida, o que facilita a adaptação e proporciona uma experiência mais acessível sem comprometer a profundidade do jogo.
TIEBREAK destaca-se por apresentar uma série de pontos positivos que contribuem para uma experiência de jogo que se aproxima bastante do realismo, sem sacrificar a diversão. O jogo equilibra de forma eficaz o desafio, proporcionando uma dificuldade moderada que pode ser ajustada ao estilo e ao nível de habilidade de cada jogador. Esta flexibilidade torna-o atrativo tanto para iniciantes como para veteranos dos videojogos de desporto. Outro aspeto a salientar é a presença dos grandes atletas da atualidade, acompanhada por uma impressionante gama de torneios oficiais, com um total de 120 atletas e 90 torneios da ATP e WTA. Entre os modos de jogo, merece destaque o “Novak Djokovic Slam Challenge”, que oferece aos jogadores a oportunidade de reviver momentos icónicos da carreira de um dos maiores tenistas de todos os tempos. Embora este modo seja uma adição interessante e que proporciona conteúdo extra, ele pode parecer um pouco repetitivo ou familiar para aqueles que já estão habituados aos jogos de desporto que frequentemente introduzem desafios específicos de atletas.
Para além dos modos de jogo tradicionais, TIEBREAK inclui também um modo criativo bastante completo, onde os jogadores podem dar asas à sua imaginação, criando os seus próprios atletas, estádios personalizados e até logótipos únicos. Embora este modo de criação não seja o mais extenso ou detalhado comparado com outros títulos do género, ele oferece uma variedade suficiente de opções para entreter e satisfazer aqueles que apreciam a personalização, adicionando um toque pessoal à sua experiência de jogo. Esta funcionalidade extra é um complemento bem-vindo que contribui para o valor global do jogo, permitindo aos jogadores moldar o seu próprio mundo de ténis, de acordo com as suas preferências.
TIEBREAK: The Official Game of the ATP and WTA é uma aposta sólida para qualquer amante de ténis que procura uma experiência de jogo que se aproxime da realidade. O jogo é abrangente, oferecendo uma variedade de modos que incluem opções online, solo, multijogador local e um modo carreira, que leva os jogadores numa viagem através do circuito oficial de ténis. Este modo carreira, em particular, destaca-se pela sua profundidade e pela forma como captura a essência do que é ser um tenista profissional, com todas as exigências e recompensas associadas. Um detalhe final, mas de grande importância para o público português, é a inclusão do atleta Nuno Borges no jogo, algo que certamente acrescenta um toque especial para os jogadores portugueses, que podem ver um dos seus próprios representado num título de grande visibilidade. Este pormenor enriquece a experiência e reforça a ligação emocional com o jogo.
Nota: Até dia 5 de setembro podem experimentar este jogo no Carcavelos Ténis e Padel!
Esta análise foi possível com o apoio da UpLoad Distribution!
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