Uma transição de drama para ação

Contem spoilers

O primeiro arco do anime teve bastante sucesso e chamou a atenção da comunidade, o que levou a lançarem uma segunda temporada. A segunda temporada começou em outubro de 2022 e terminou em março, contendo vinte episódios. O anime continua a ser produzido por NHK, mas com uma mudança de estúdio para Drive, antes sendo o estúdio Brain’s Base. Também uma alteração do Diretor para Kiyoko Sayama, tendo já trabalha em Death Note, Nana e Parasyte. A mudança para um estúdio menor não transmite muita confiança para a próxima temporada, revela apenas que Brain’s Base está mais preocupado em acabar de animar os projetos que tem.

Esta temporada é mais sobre como conseguir lutar contra os Nokkers da forma mais eficiente, porque eles também vão aprendendo novas táticas de maior destruição. Vemos ao longo do anime, Fushi a desbloquear poderes para criar coisas de maior dimensão, estender a sua influência por meio de raízes e até ressuscitando pessoas, indo de encontro a um dos pecados mortais assumidos pela igreja. Havendo uma transição neste anime de um maioritariamente dramático para um de ação, que se nota especialmente na segunda metade desta temporada.

O anime continua a abordar temas interessantes. Durante a guerra, Fushi tem a escolha de reviver os amigos para continuarem a lutar e protegerem as pessoas, mas eles deixam de dar valor à sua própria vida. Por estas decisões de Fushi, há uma banalização da vida humana e ele começa a perder um pouco da sua humanidade, matando os seus amigos imortais de forma cruel. Apesar dos temas abordados terem muito pano para mangas, não recebem o tempo de antena necessário para serem desenvolvidos.

Ao longo do anime, voltam a tocar no desenvolvimento do Fushi como pessoa, mas agora abordam as partes de relações interpessoais e relacionamentos. As descendentes de Hayase tentam procriar com ele, mas não está preparado para o romance. Ao longo do anime são mostrados vários tipos de amor, desde o mais inocente, aquele que Fushi sente ao olhar para uma boneca, o carinho que ele sente ao salvar uma criança da escravatura e cuidar dela, e amizade pelos novos companheiros que faz ao longo do caminho. O anime tenta continuar esta humanização de Fushi, no entanto sem ter grande sucesso. Há um desenvolvimento pequeno, pouco relembrado no meio de assuntos de maior importância devido aos vários atentados dos Nokkers.

Esta temporada é muito diferente da anterior, com a história mais acelerada e focada maioritariamente na ação, com pouco diálogo de construção emocional e dramática. Até quando há uma tentativa de aprofundamento dos temas, que acima referi, é cortada por momentos de ação. Com o poder de Fushi de reviver pessoas, destrói também o peso que as mortes têm e a aprendizagem que ele teve na primeira temporada, de como lidou com o sofrimento de viver sem as pessoas que adora e continua o desejo delas enquanto imortal.

Animação foi aceitável e normal, não houve muito desenvolvimento das paisagens das várias zonas que Fushi ia visitando, apenas uma amostra da cidade e os caminhos que ia passando. Em relação à animação das personagens, seguiu o que estava estabelecido na temporada anterior, mas na construção de cidades e nas armas durante a guerra foi genérico e com a utilização de CGI para facilitar.

Relativamente à música da abertura, esta é bonita, cria um ambiente de mistério e de tentar decifrar o que poderá acontecer com as várias personagens. É utilizada várias vezes ao longo do anime. Também estava à espera que no episódio 12 mudassem para uma nova, mas isso não aconteceu, o que é um pouco lamentoso, uma vez já ser normal ocorrer em todos os animes com mais de doze episódios.

Concluindo, esta temporada tem muitas alterações em relação à anterior. Se não gostaste da lentidão da outra, sugeria ver esta. Há uma linha temporal que guia a história, que vai aumentando progressivamente a escala do conflito e existem menos personagens. Continua a tocar em alguns tópicos dramáticos, mas não os desenvolve até ao fim. Fica ao encargo do espetador tomar as próprias conclusões.