Todo o Tempo que Temos
Publicado a 10 Out, 2024

O filme retrata a vida de um casal, Almut (interpretada por Florence Pugh) e Tobias (interpretado por Andrew Garfield) desde o momento em que se conhecem, passando pelas aventuras que vivem juntos e pela formação de uma família. Almut é uma jovem cozinheira determinada a deixar um legado, enquanto Tobias é um homem divorciado que trabalha numa empresa de cereais. Eles conhecem-se de uma forma inesperada e dramática: após um acidente de carro onde Almut atropela Tobias e acabam por se conhecerem no hospital. No entanto, o filme não inicia com o seu encontro, mas sim no momento em que o casal descobre que Almut tem cancro. É a partir dessa notícia devastadora que o enredo se desenvolve, misturando o presente com memórias passadas para contar a história desta relação.

Vou ser direta, basta ver o trailer para entender que este filme não é apenas um romance. Todo o Tempo que Temos vai além da narrativa convencional de um romance e aborda temas pesados, como o impacto que uma doença terminal tem, neste caso o cancro, e como essa doença afeta não apenas quem a sofre diretamente, mas também as pessoas ao seu redor. Contudo, não sei se sou eu que sou insensível, mas vi o filme de forma muito passiva. Fui pronta para me emocionar, que costuma acontecer com este tipo de temática, mas para um filme que devia deixar qualquer um a chorar, não senti nada. Não senti qualquer conexão com as personagens, não senti as suas dores, não senti os seus momentos alegres.

Não obstante, há elementos do filme que merecem um maior destaque. O aspeto que mais me agradou foi a forma como a história é contada de forma não linear. A estrutura de Todo o Tempo que Temos , que alterna entre passado e presente, é bastante intrigante. Tal como na vida, o filme pode ser interpretado como uma série de memórias, um fluxo de lembranças que conduzem um momento a outro. As memórias não surgem de forma linear e ordenada; elas surgem aleatoriamente, muitas vezes desencadeadas por eventos ou emoções. O filme consegue capturar essa dinâmica de uma forma espantosa. Apesar da estrutura narrativa complexa, em nenhum momento me senti perdida ou confusa. O enredo, mesmo sendo não convencional, é fluido e fácil de seguir.

No entanto, apesar do trabalho excelente dos dois atores e da originalidade da estrutura do filme, Todo o Tempo que Temos como um todo foi-me pouco memorável. Não consigo identificar problemas, em termos de estrutura está bem feito. contudo será um dos filmes que inevitavelmente cairá no meu esquecimento. Embora reconheça o valor da história e da execução técnica, não o vejo como algo que me marcará profundamente ou que sequer recordarei daqui a algumas semanas. Não foi um dos filmes que fez refletir após o seu final ou que planeio revisitar mais tarde para captar detalhes que podem ter passado despercebidos na primeira visualização.

Contudo, é importante ressaltar que entrei no cinema com expectativas bastante elevadas tendo em conta o elenco e o tema promissor. Florence Pugh e Andrew Garfield desempenham boas performances, especialmente em cenas mais intensas. Florence Pugh, como Almut, consegue transmitir uma combinação de força e vulnerabilidade, enquanto Andrew Garfield, no papel de Tobias, equilibra bem a angústia de um homem que teme perder a pessoa que ama. As suas performances são, sem qualquer dúvida, um dos pontos altos de Todo o Tempo que Temos .

É um bom filme, sem dúvida, mas está longe de ser extraordinário. Os aspetos positivo são atuações de Florence Pugh e Andrew Garfield e a forma como a história é contada de maneira fragmentada, espelhando a natureza das memórias humanas. Ainda assim, falta-lhe algo – talvez seja a profundidade emocional ou a conexão com as personagens – que o impeça de ser verdadeiramente impactante. Filmes com temáticas pesadas como a do cancro muitas vezes conseguem tocar o público de maneiras profundas, mas, neste caso, a falta de envolvimento emocional fez com que Todo o Tempo que Temos se tornasse uma experiência relativamente plana para mim. Saí do cinema com uma sensação de neutralidade, e acredito que, daqui a um mês, já terei esquecido a maior parte do que vi.

Esta análise foi possível com o apoio da Cinema Nos!
Todo o Tempo que Temos
We Live in Time
Bom
Realizador:
Argumento:
Duração: 01H41M (101 min)
Ano: 2024
Distribuição:
Estúdio: ,
Lançamento: 10 de Outubro de 2024
7
  • Positivo
  • Forma original de relatar a história
  • Performances de Andrew Garfield e Florence Pugh
  • Negativo
  • Pouco memorável
Escrito por:
Inês Costa
Uma estudante de engenharia, uma fotografa amadora, mas o que mais a define é o seu vicio em histórias onde, posteriormente, se afeiçoa demasiado a personagens fictícias. Não interessa de onde veem as histórias, podendo ser de filmes, séries ou livros, tudo se aceita! São poucas as suas fotografias onde não é encontrada com um livro ou uma câmara na mão.