Sam (Lupita Nyong’o) encontra-se no coração de Nova Iorque quando, subitamente, toda a cidade é invadida por alienígenas. Com a ajuda de Eric (Joseph Quinn) e sempre acompanhada pelo seu gato Frodo, esta procura respostas sobre o destino, que parece estar traçado para ela, enquanto aprende como sobreviver num mundo pós-apocalíptico, rodeada de criaturas cegas e hipersensíveis a qualquer tipo de ruído.
Admito que fui ver Um Lugar Silencioso: Dia Um com um pé atrás. Se, por um lado, gosto bastante dos dois primeiros filmes, o medo que acontecesse o mesmo que aconteceu a tantas séries de filmes do género, onde o filme seguinte é basicamente uma cópia do anterior só que “maior” e com mais monstros, parecia falar mais alto. Até porque todos gostamos de ir ao cinema só para ver monstros gigantes que ameaçam a humanidade, o que não é algo propriamente novo na história do cinema. No entanto, a história tão pessoal do primeiro filme é, na minha opinião, o que torna Um Lugar Silencioso tão único. Uma história de uma família, que tem de lutar para sobreviver num mundo hostil, deixando por responder perguntas que o espectador não necessita de ver respondidas: Como tudo começou? Isto aconteceu no mundo todo ou só nesta cidade? Como descobriram que os monstros atacavam pelo som?
No segundo filme, John Krasinski, que volta a assumir o posto de realizador, tenta expandir o mundo que nos apresentou na obra original, mostrando-nos um pouco do primeiro dia do apocalipse para aquela família ao mesmo tempo que dá continuidade à história da mesma. O orçamento para a segunda obra triplicou, o que é percetível durante o filme, que se preocupa em mostrar cada vez mais os monstros, algo que não aconteceu no filme original.
Neste terceiro filme, a franquia consegue reinventar-se novamente. Apresenta-nos uma história original, com personagens carismáticos e que o espectador terá interesse em acompanhar, graças às atuações de Joseph Quinn e, principalmente, de Lupita Nyong’o, que veste a pele de Sam, uma personagem com diversas camadas. No entanto, a obra não irá fornecer nenhuma informação realmente relevante sobre como tudo começou, mostrando apenas acontecimentos que já vimos nos seus antecessores, só que em maior escala, algo irónico uma vez que o filme se chama literalmente “Dia um” e o trabalho de promoção da obra parece prometer respostas.
A direção de Michael Sarnoski, embora tenha os seus momentos, não é tão eficiente como a de John Krasinski. No entanto, casa muito bem com a fotografia de Pat Scola. Outra decisão sábia é a da equipa de design de produção de “esconder” os monstros durante boa parte do filme, sobretudo quando os vemos surgir pela primeira vez, enquanto sombras, através do pó das explosões. Não só causa no espectador uma impressão de vulnerabilidade, como também nos deixa ansiosos para descobrir o que aquilo será. Sensação que, graças a tal recurso, partilhamos, propositadamente, com a protagonista. Um Lugar Silencioso: Dia Um é, apesar de tudo, um bom filme que merece ser visto no cinema.
Esta análise foi possível com o apoio da NOS Audiovisuais!
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