August tem 23 anos e está a chegar a Nova Iorque: mas, ao contrário de muitas pessoas que fazem o mesmo caminho, não tem ilusões. O seu cinismo não a deixa acreditar em histórias de amor como as dos filmes, muito menos em magia, e August acha mesmo que a melhor forma de viver é… sozinha. Por isso, não é servir às mesas ou partilhar casa com pessoas estranhas que vai mudar isso. Muito menos as suas viagens de metro, imensamente chatas, diárias e sem história.
Mas, naquele dia, vê uma rapariga linda na carruagem. Jane tem uma beleza singular, um encanto especial, é misteriosa e parece, claro, inalcançável. Aquela miúda de casaco de cabedal sorri para August, e assim se inaugura uma paixão. Todos os dias, no metro, encontram-se e envolvem-se cada vez mais… mas rapidamente August percebe que há um pequeno problema: Jane não pertence ali. Na verdade, ela é da década de 70 e está perdida no tempo, presa naquela linha de metro, naquela carruagem, de onde não consegue sair.
August tudo fará para ajudar Jane, mas isso implica confrontar-se com muitas coisas que decidiu deixar para trás, fechadas no seu passado. Talvez tenha chegado o momento de acreditar. Até naquilo que pensava ser impossível.
Uma Última Paragem é um romance sáfico escrito pela mesma autora de Vermelho, Branco e Sangue Azul e conta a história de August, uma rapariga muito pragmática e racional que foge para Nova Iorque para escapar da mãe e das suas bagagens emocionais. O seu objetivo é passar despercebida, terminar a universidade e finalmente encontrar o seu propósito.
No entanto, as coisas não são tão simples como parecem. Os seus colegas de casa são pessoas peculiares, mas excelentes, que mostram a August que uma casa pode ser mais do que quatro paredes. Há vida, magia, vulnerabilidade e companheirismo. Além disso, August apaixona-se por uma rapariga que está sempre numa carruagem do metro da linha Q, presa nos anos 70. Isso obriga August a questionar tudo em que acredita e a libertar-se da rigidez e segurança que tanto preza.
Confesso que comprei o livro inicialmente pela capa e depois porque oferecia um romance sáfico. Posso dizer que foi uma agradável surpresa que aqueceu o meu coração e me fez companhia nas viagens para o trabalho. Senti que o ritmo da história não é constante, com um começo um pouco lento, e quando a ação parece ganhar fôlego, há cortes com várias ações repetitivas que interrompem um pouco o progresso da narrativa. Apesar de a maioria das personagens não ser profundamente desenvolvida, a escrita é agradável, e gostei do toque de ficção científica num romance. É impossível não nos envolvermos na missão de August em ajudar Jane e acompanhar a sua evolução pessoal, que a leva a tornar-se vulnerável e abrir-se para outras realidades que não as suas.
Uma Última Paragem é, portanto, um romance queer que nos faz desejar apanhar o metro todos os dias na esperança de encontrar a pessoa dos nossos sonhos que esteve anos à nossa espera.
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