PlayStation 5
Until Dawn
Publicado a 19 Out, 2024

Uma Nova Perspetiva, Mas Com Poucas Inovações

O remake de Until Dawn chega com promessas de visuais aprimorados e algumas mudanças na jogabilidade. No entanto, como muitos remakes, é levantada a questão: o que justifica o seu preço elevado e o retorno ao videojogo?

Narrativa e escolhas envolventes

Embora à primeira vista o jogo possa dar a impressão de ser uma experiência passiva, Until Dawn revela-se mais dinâmico à medida que as escolhas do jogador afetam diretamente o destino das personagens. O enredo, cuidadosamente construído, mantém-nos envolvidos ao proporcionar uma série de decisões com consequências significativas.

O estúdio Ballistic Moon também fez algumas alterações na narrativa de Until Dawn, em comparação ao original. A base narrativa é a mesma, duas irmãs desaparecem após uma brincadeira entre amigos e, um ano depois, todos se reúnem na cabana onde o incidente aconteceu. O jogador vai controlar os vários elementos do grupo de amigos, interpretados por atores talentosos e alguns bastantes conhecidos. O grande objetivo de Until Dawn é chegar ao amanhecer com todos vivos.

O remake de Until Dawn destaca-se por apresentar um novo início e um novo final. A introdução agora oferece mais detalhes sobre os eventos que antecederam o desaparecimento das irmãs, permitindo que o jogador se conecte (ou não) ainda mais aos personagens. No entanto, o ponto alto para os fãs do jogo original está no desfecho do jogo. A nova versão traz um final diferente e até inclui uma cena pós-créditos, sugerindo claramente a possibilidade de uma sequela.

A constante vigilância sobre os diálogos e os eventos rápidos (quick time events) mantém a experiência estimulante, transformando o jogador num participante ativo, onde cada decisão pode resultar em desfechos trágicos ou inesperados.

Gráficos Melhorados: Realismo Visual ou Sacrifício de Performance?

Este novo Until Dawn oferece uma modernização visual que amplifica a conexão emocional com os personagens, graças a gráficos aprimorados que trazem maior realismo. A recriação dos ambientes e a iluminação mais detalhada elevam a atmosfera de suspense, imergindo-nos ainda mais na narrativa. A partir do uso do Unreal Engine 5, o jogo ganha texturas de alta qualidade, uma renderização superior da pele e uma paleta de cores mais rica. A neve deforma-se sob os pés dos personagens, e reflexos detalhados acrescentam uma camada de imersão ao ambiente gélido e isolado de Blackwood Pines. Estes detalhes transformam a experiência visual e fazem jus ao poder do PlayStation 5.

No entanto, esta fidelidade gráfica esbarra em algumas dificuldades técnicas. A performance do jogo sofre com quedas de frame rate, muitas vezes prejudicando a fluidez das cenas e a imersão que o jogo tenta construir. É possível observar a baixa resolução interna nas áreas de alto contraste, como cabelo e contornos. Inclusive, durante a minha análise, tive alguns crashes recorrentes, especialmente nas primeiras horas do jogo, o que afetou gravemente a experiência. Estes problemas de performance são uma deceção, considerando o foco em criar uma experiência cinematográfica envolvente. As flutuações na taxa de fotogramas, muitas vezes caindo abaixo dos 30 fps, comprometem a fluidez, principalmente em momentos cruciais da jogabilidade. Esta limitação é ainda mais frustrante quando comparada à versão original de 2015, que, em modo de compatibilidade, oferece uma experiência mais estável na mesma consola.

Câmara em Terceira Pessoa: Um Tiro que Sai Pela Culatra?

Uma das mudanças mais discutidas no remake é a mudança na perspetiva da câmara. Diferentemente da versão original de 2015, que utilizava câmaras fixas inspiradas em clássicos de terror, como Resident Evil, a versão de 2024 adota uma perspetiva sobre o ombro, semelhante a jogos como o remake de Silent Hill 2. Esta alteração visa dar mais controlo ao jogador e permitir uma exploração mais detalhada dos ambientes.

No entanto, esta mudança sacrifica a sensação de filme interativo que fez o jogo original destacar-se. O uso de câmaras fixas contribuía para a tensão e o suspense, enquanto a nova abordagem torna o jogo mais parecido com um título de sobrevivência convencional, sem combates. A sensação de estar a controlar personagens dentro de um filme de terror perde-se, o que dilui parte da experiência cinematográfica que era um ponto forte do jogo.

Jogabilidade Lenta e Desajeitada

Além da mudança na câmara, o remake introduz outra decisão questionável: a remoção do botão que acelerava o movimento dos personagens. Na versão original, os jogadores podiam pressionar um botão para fazer os personagens andarem mais rápido, o que facilitava a exploração dos cenários. Agora, com a ausência desta função e com o movimento dos personagens a serem pesados e imprecisos, a jogabilidade torna-se frustrante, especialmente em momentos críticos em que a rapidez é essencial.
Esta lentidão também impacta outro elemento-chave do jogo: a recolha de totens. Estes objetos, que oferecem vislumbres do futuro dos personagens, foram reposicionados no remake, mas o processo de interação com eles foi alongado de forma desnecessária. Enquanto no original bastava virar o totem para ver a premonição, agora é preciso manipulá-lo lentamente, o que quebra o ritmo da exploração e adiciona uma camada de frustração desnecessária.

Preço Elevado: Um Custo Difícil de Justificar

Uma das críticas mais significativas ao remake de Until Dawn é o seu preço. A versão de 2024 chega ao mercado com um valor muito mais alto do que a versão original, que pode ser jogada no PlayStation 5 por meio de retrocompatibilidade. Sem oferecer um caminho de upgrade para aqueles que já possuem o jogo de 2015, o remake parece mais um relançamento sem substância real. A falta de novas mecânicas relevantes, como o modo cooperativo presente em outros títulos da Supermassive Games, torna difícil justificar a compra, especialmente para quem já conhece o jogo original.

Conclusão: Uma Oportunidade Perdida?

Until Dawn é uma interessante reinterpretação de um clássico, oferecendo uma experiência visualmente enriquecida, mas limitada por falhas técnicas que prejudicam a fluidez do jogo. Apesar disso, é uma recomendação válida para novos jogadores que nunca experimentaram o original, especialmente para aqueles que buscam uma experiência imersiva e baseada em escolhas. No entanto, para os que já conhecem a versão de 2015, a falta de melhorias substanciais no desempenho pode ser uma decepção, e também o seu preço elevado. Para fãs de terror e do original, pode ser mais sensato esperar por uma promoção antes de embarcar nesta nova (e não tão melhorada) viagem a Blackwood Pines.

Esta análise foi possível com o apoio da PlayStation Portugal!
Until Dawn
Until Dawn
Bom
Plataformas:
Lançamento: 4 de Outubro de 2024
7
  • Positivo
  • Narrativa e escolhas envolventes
  • Melhorias visuais significativas
  • Apropriado para novos jogadores
  • Novo final e possível sequela
  • Negativo
  • Problemas de desempenho
  • Jogabilidade lenta
  • Preço elevado e falta de inovações
Escrito por:
Cristiana Ramos
Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir).