Kipo e as Criaturas Incríveis vem na linha de muitas outras animações , desenvolvidas pela Netflix, como She-ra e as Princesas do Poder e O Príncipe Dragão que mistura uma animação moderna e marcante, com arte ocidental e ainda com anime Japonês! Tudo isto enquanto tenta passar uma mensagem moderna e positiva, sobre os vários problemas sociais com que todos nós nos confrontamos no presente, sem nunca deixar para trás a representatividade.
Kipo e as Criaturas Incríveis começou em 2018 e desde então tem sido uma das minhas séries favoritas. Tratando de temas como racismo, preconceito e aceitação de uma forma positiva sem nunca ter medo de defender as suas ideias, representando personagens LGBTQA+, Minorias e problemas sociais de forma clara e honesta. Mas, como todas as boas séries, Kipo e as Criaturas Incríveis tinha de chegar ao fim e não cometer o erro de estender a história para além do necessário.
E foi assim que neste ano a série chegou ao fim, depois da sua terceira temporada. Depois de duas temporadas em que Scarlamagne (Hugo Oak) foi o principal vilão da série, enquanto se tentava tornar o líder dos mutantes e acabar com as divisões sociais que existem entre eles, para se poderem proteger dos humanos, esta terceira temporada tornou-se numa guerra entre humanos e mutantes, simbolizando o ódio que alimenta mais ódio e posições extremistas, que negam qualquer tipo de compromisso e convivência.
Ambos os vilões podem parecer ter histórias iguais, mas uma visão mais profunda nota que Scarlamagne tornou-se um vilão depois de ser abusado por humanos e por outros mutantes e nunca ser aceite por nenhum dos lados. A nova vilã Dr. Emilia, baseia os seus comportamentos no ódio pelos mutantes que foi induzido em si pelo seu pai, desde criança.
Durante a história, ambos os vilões entram em choque com Kipo, que é uma personagem cujas principais qualidades são a sua empatia, a sua capacidade de criar laços com as humanos e mutantes e o seu desejo por dar segunda oportunidades, mesmo aos seus inimigos. Mas o que torna Emilia a vilã mais perigosa da série é a sua intransigência em comprometer e sequer pensar que pode estar errada, ao contrário de Scarlamagne, que depois de ultrapassar os seus traumas, consegue ver como estava errado. Assim, ao apresentar Dr. Emilia como o completo oposto de Kipo, os escritores conseguiram torná-la a inimiga perfeita para o final da história.
No final, através de Kipo, a série mostra de o poder da empatia e das relações, enquanto avisa para o perigo de extremismos e da incapacidade de aceitar o outro, uma mensagem que nunca me vou cansar de ver em qualquer história.
Uma série que nas primeiras duas temporadas se foca em Kipo e como ela se descobre a si mesma, como aprende controlar os seus poderes e a se relacionar com o mundo à sua volta. Na última temporada, mostra como essas lições e aprendizagens a ajudam a salvar o mundo de uma guerra civil entre mutantes e humanos, conseguindo fechar o ciclo de forma única e memorável e sem qualquer tipo de filler.
Numa última análise, a terceira e última temporada distingue-se das anteriores ao se focar mais no mundo e nas relações humano/mutantes que no desenvolvimento de Kipo como personagem, mas no final continuam a ser Kipo e o seu principal grupo de amigos (Benson, Dave, Wolf e Mandu) as estrelas da série e as personagens que representam o que todos devemos tentar atingir como sociedade, integração, aceitação, respeito e convivência.
Com um poderoso final sobre auto-descoberta, redenção, castigo e progressão ideológica, a série não podia ter sido melhor do principio ao fim. Por isso, se querem ver uma série que vos vai encher de esperança pelo futuro, enquanto nos apresenta soluções para os problemas presentes, Kipo e as Criaturas Incríveis é uma série que têm de ver.
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