(Contém spoilers para Temporadas 1 e 2 de The Mandalorian e O Livro de Bobba Fett)

Em novembro de 2019, a Disney+ estreava a sua primeira grande aposta no mundo do streaming com uma série da Lucasfilm no universo Star Wars. Para surpresa de todos, The Mandalorian foi um sucesso megalómano, juntando os elementos e temas da trilogia original, e atraindo público novo com o adorável protagonista e com uma história de pai-filho que nunca envelhece. A primeira temporada também trouxe revoluções na indústria dos efeitos visuais, e foi mesmo nomeada a Melhor Série Dramática nos Emmys. A segunda temporada regressou com a fórmula vencedora, acrescentando mais elementos das séries animadas como da trilogia original, elevando a série a novos patamares. Mais de dois anos depois (com paragem surpresa na série O Livro De Bobba Fett), Mando e Grogu estão de volta, numa temporada que promete explorar um dos mais interessantes planetas da galáxia, Mandalore. Mas será que o primeiro episódio deixou boa impressão?

Grogu e Din Djarin (Pedro Pascal) estão juntos de novo, após a pequena criatura ter recusado ser um Jedi, com uma nova demanda, ir a Mandalore. Em Mandalore, Din Djarin espera redimir-se perante o seu clã, depois de ter quebrado uma das suas mais importantes tradições. Nos minutos iniciais, a temporada 3 promete oferecer mais ação eletrizante com a qualidade que já estamos acostumados, numa cena em que a audiência é engenhosamente enganada a pensar ser um flashback. Embora a ação seja bem coreografas e excitante, narrativamente esta cena fez pouco sentido, uma vez que serve apenas para relembrar as motivações do protagonista, algo que inclusivamente já tinha sido feita no recap pré-episódio.

Felizmente, Din Djarin não perde muito tempo neste recap escusado, e segue caminho. Mas, ao invés de viajar para Mandalore, os 35 minutos do episódio passam-se no que parece colher missões secundárias. Se isto muitas vezes funciona, tendo episódios de temporadas anteriores brilhado com estrutura de aventura da semana, o Capítulo 17 acaba por ser apenas um episódio set-up para o resto da temporada. Ainda assim, os minutos são recheados de cenas classicamente Star Wars, inspiradas nos antigos Western e com uma entusiasmante batalha espacial. Todo o tempo que é mais parado, somos entretidos com o adorável Grogu a fazer das suas, nunca havendo momentos aborrecidos.

Embora não seja um episódio de todo enfadonho, à semelhança da primeira cena, a última é também frívola, tendo gastado mais minutos de episódio, que podiam ter sidos a resolver por exemplo uma das missões secundárias que foi introduzida no início do episódio. Nesta cena, em que aparece novamente Bo Katan de, uma personagem que nasceu nas séries animadas e que estreou em live-action na temporada anterior, parece ter sido colocada apenas como tease para os fãs da personagem, sem ter grande razão para existir no contexto narrativo.

Em termos de produção, como já mencionei, The Mandalorian continua a destacar-se, com cenários, guarda-roupa, efeitos especiais e controle de fantoches ao nível de cinema. Se como eu estavam preocupados com a saída do compositor Ludwig Göransson nesta temporada, nada temam porque o novo compositor, Joseph Shirley, que já tinha composto para O Livro de Bobba Fett, pega nos temas originais de Göransson e constrói em cima deles, sem perder a identidade da série ou a qualidade da música.

É difícil julgar uma história de 6-7 horas apenas nos primeiros 40 minutos, The Mandalorian parece continuar com a formula de temporadas anteriores, oferecendo uma aventura divertida pela galáxia. Esta série continua a evocar os temas clássicos da saga, introduzindo conceitos modernos sendo uma boa série para toda a família. Aguardo ansiosamente para ver se o resto da temporada vai ser mais focada, evitado mais cenas desnecessárias, e se todo o setup feito neste primeiro episódio leva a conclusões satisfatórias. O Capítulo 17 para além de divertido, deixa vontade de ver os restantes, que na verdade é tudo o que um primeiro episódio tem que fazer.